Capítulo 16

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Amanda

Passei um longo tempo dormindo e uma parte do meu cérebro percebia que eu estava fugindo da realidade.

Talvez houvesse até uma vontade estranha em mim de que eu estava melhor em coma, assim não teria que lidar com aquela realidade estranha com a qual eu tinha que conviver depois que voltei.

Acordei depois da briga com Stella para ver Nolan sentado na poltrona desenhando. O carrinho de Emma estava ao lado e mordi os lábios, apreensiva. Queria tanto me levantar, ir até ela e segurá-la entre meus braços e ser tudo o que precisava.

Queria que ela fosse tudo o que eu precisava.

Mas ainda me sentia com medo.

— Ei, finalmente acordou, com fome?

Eu olhei para a janela e vi que estava escuro.

— Quanto tempo dormi?

— Bastante tempo, perdeu o almoço e quase te acordei para comer, mas preferi que acordasse por si só.

— Estou com fome. Mas também sinto como se um caminhão tivesse passado em cima de mim.

— Eu vou lhe preparar um banho de banheira.

Ele saiu do quarto e escutei a torneira sendo ligada e ele voltou e se aproximou sentando na cama.

— Tome um banho e vou fazer o jantar, ok?

Levantei a sobrancelha.

— Você?

— Não sou tão inútil assim.

— Eu lembro que meio que era.

— E eu lembro de você dizendo que eu deveria ser menos inútil e saber cozinhar para mim mesmo. Obviamente não espere um banquete, mas posso me virar, não vai morrer de fome.

Ele sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Estremeci com seu toque, mas era um misto de prazer e choque.

Desviei o olhar, sem saber como agir, e recuei quase imperceptivelmente.

Nolan se levantou e percebi uma sombra em sua expressão.

— Eu vou preparar seu jantar.

Ele empurrou o carrinho de Emma para fora do quarto e eu ainda fiquei ali, sem entender o que diabos tinha acontecido.

Por que eu estava receosa com o toque de Nolan?

Era irônico porque talvez se fosse o contrário fizesse mais sentido.

Nolan foi quem viveu aqueles seis meses aprendendo a ser sozinho, aprendendo a viver sem a minha presença.

Pra mim, fazia bem menos tempo desde a última vez em que Nolan me tocou assim.

Enquanto tomava um longo banho, vasculhei minha mente em busca dessas memórias e me lembrei de estarmos em uma banheira em Camden e Nolan estava bravo porque eu não queria voltar para Nova York. Eu me recordo de como estava com medo, em parte por causa da gravidez que se tornava cada vez mais avançada e em parte por causa das minhas paranoias com Ashley que me dava conta agora, provavelmente não passaram disso: paranoias.

Mas talvez eu não estivesse errada em sentir um pressentimento ruim.

Algo realmente horrível acabou acontecendo comigo, só não teve nada a ver com o que eu imaginava.

Naquela noite, Nolan me abraçou, deslizou os lábios por minha nuca e as mãos por meu ventre, porque era tão natural e bem-vindo. Agora, eu me sentia como nos primeiros tempos, quando ficamos noivos. Eu mal conhecia Nolan, me sentia insegura e sem saber como agir com a atração que eu sentia. Era triste me sentir assim de novo. Será que conseguiríamos romper aquela distância que se criou entre nós? Estávamos próximos, eu sentia a preocupação de Nolan comigo, mas também sentia a frustração e o medo.

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