Capítulo 3

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Amanda

Quando acordei de novo, havia uma enfermeira com um sorriso amável verificando o soro em minha mão.

Por um momento, me senti confusa, sem saber direito se tinha sonhado ou se era verdade que eu havia sofrido um acidente e ficado em coma por seis meses.

Mas se eu estava em um hospital, então não restavam dúvidas. Aquela era minha nova realidade.

— Como se sente? — a mulher indagou.

Como me sentia?

Havia resposta para aquela pergunta?

Abri a boca e de novo senti certa dificuldade de falar. Como se não tivesse usado minha voz há meses. Claro. Eu não usei minha voz há seis meses.

— Eu me sinto num pesadelo — murmurei e ela riu com condescendência.

— Pobrezinha. Tem muita sorte de ter acordado. A maioria dos pacientes que ficam em coma acordam depois de algumas semanas. Depois disso, vai ficando mais raro. Quase considerado um milagre. E dificilmente não tem sequelas.

— Sequelas? — De repente senti medo.

Que tipo de sequela eu poderia ter?

Eu me agitei e ela segurou meu braço.

— Fique calma. O Dr. Harrison já está vindo conversar com você.

Em seguida, o mesmo médico que estava no quarto quando acordei da outra vez se aproximou. Ele exibia uma expressão amigável quando se colocou ao lado da minha cama.

— A Bela Adormecida acordou.

— Parece mesmo um conto de fadas. — A enfermeira sorriu.

Minha nossa, não tinha nada de engraçado ou de conto de fadas nessa história.

Estava mais para uma história de terror.

— O que aconteceu comigo? — murmurei, aflita. — Como eu posso ter ficado desacordada por tanto tempo? Eu estava... morta?

— A morte cerebral e o coma são duas condições muito diferentes, mas clinicamente importantes, que normalmente podem surgir após um trauma sério no cérebro. Embora o coma possa evoluir para a morte cerebral, geralmente são fases muito diferentes e que afetam de forma distinta a recuperação da pessoa. Na morte cerebral ocorre uma perda definitiva das funções do cérebro e, por isso, a recuperação não é possível. Já o coma é um estado em que o paciente mantém algum nível de atividade cerebral, e há esperança de recuperação.

— A enfermeira disse que foi um milagre...

— Porque geralmente as pessoas acordam em menos de quatro semanas.

— Mas eu fiquei seis meses! Parece tão absurdo!

— É raro, mas não impossível. Agora vamos ver como você está.

Ele começou a se mover em volta de mim e a fazer perguntas sobre coisas que eu me lembrava. Algumas respostas vieram rápidas, outras pareciam meio nebulosas, mas consegui responder. Ele também passou um negócio gelado por minha pele e perguntou se eu sentia.

— Sim, eu sinto. É gelado.

Ele assentiu, parecendo satisfeito.

— A enfermeira falou em... sequelas.

— A área afetada do cérebro e a gravidade vão influenciar no momento em que o paciente pode acordar. Quando o paciente acorda, também não é possível prever quais serão as sequelas. Você está respondendo bem aos estímulos e acredito que vai conseguir voltar a sua vida normal gradativamente. Porém, faremos alguns exames para termos uma visão geral.

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