Capítulo 21

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 Nolan

— Você vai ter que fazer isso uma hora, sabe disso, né? — comentei com Amanda enquanto enxaguava o cabelo de Emma.

Amanda estava sentada com as pernas junto ao corpo em uma cadeira no banheiro da nossa casa em Camden.

Havíamos chegado há mais de algumas horas e Amanda estava sonolenta e cansada da viagem de cinco horas desde Nova York, de onde saímos bem cedo. Eu a aconselhei a deitar e dormir, em vez de ir encontrar o pai, que era seu desejo assim que chegamos.

Ela havia acordado enquanto eu dava banho em Emma, mas ainda parecia sonolenta.

— Eu sei que terei, mas você faz isso muito bem.

— Está tudo bem? — Eu a estudei e ela bocejou.

— Sim, foi a viagem que me deixou cansada. Só isso.

Fazia pouco tempo que Amanda estava em casa e sua aparência melhorava a cada dia, conforme ia comendo bem e descansando. Assim como seu lado emocional também sofria grandes mudanças.

Porém, embora ontem demos um passo enorme para voltar à normalidade, ainda temia que não tivéssemos chegado onde deveríamos estar.

Claro, ia levar tempo e, embora a distância e confusão de Amanda me magoassem e me deixassem apavorado, eu tentava manter em mente que em seu tempo ela iria voltar pra mim. Não foi fácil ouvi-la dizer que duvidava de que era para ficarmos juntos na outra noite, quando sua cabeça começou a criar teorias malucas sobre Lauren. Assim como ela me machucava aos poucos quando se esquivava de mim, física e emocionalmente.

Aquela conversa foi difícil, mas pelo menos, foi o começo de algo. A partir dali, algumas barreiras começaram a ser quebradas. E a minha esperança, que estava um tanto derrotada, renasceu.

Se Amanda pensava que eu ia desistir, estava muito enganada.

Eu a tinha conquistado uma vez, quando ela era de outro cara, eu podia fazer isso de novo quantas vezes fosse preciso, mas inesperadamente ontem as coisas mudaram quando Amanda voltou pra casa e numa porra de uma mensagem despejou uma declaração que eu esperava ouvir há tempo.

— Helena ligou e nos convidou para jantar — Amanda soltou de repente.

Eu fiz uma careta, nem um pouco a fim de aceitar este convite. Jantar com meu pai era sinônimo de perder o bom humor.

— Não precisamos ir — respondi enquanto tirava Emma da banheira e a enrolava em uma toalha.

— Mas eu já aceitei o convite.

Amanda levantou da cadeira e se espreguiçou.

— Achei que estivesse cansada.

— Eu dormi a tarde inteira, só preciso de um banho e vou ficar novinha em folha.

— Não acho uma boa ideia.

— Por que não?

— Não estou a fim de brigas hoje.

— Mas não precisa ter briga.

— Está sendo ingênua se acha que não vai ter.

Eu fui para o quarto e coloquei Emma no trocador, começando a vesti-la.

Estava contrariado por Amanda ter aceitado o convite de Helena, mas sabia que não teria como fugir para sempre de confrontos com Theodore.

Eu poderia ser superior hoje, talvez. Ignorar suas malditas críticas. Ou ao menos tentar.

Assim que Emma estava vestida, eu a levei para a cozinha e preparei sua mamadeira. Observei seus dedinhos brincando com minha camisa e sorri.

— Não vou ser igual aquele cretino, Emma. Garanto a você — sussurrei.

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