Prólogo

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Era uma noite escura e densa na cidade. mal dava para ver as estrelas, e as ruas eram tão silenciosas que podia-se ouvir o soar do vento e até mesmo a queda de uma folha.

A pequena garota ouve um estrondo e pula de seu travesseiro assustada. A sua frente ela encontra uma silhueta que se disfarçava em meio a escuridão.

- Quem está aí ? - pergunta receosa.

- E-eu Tali - responde a pessoa misteriosa com voz fina e dócil.

- Dimi?

- É - confirma o garotinho - Podemos conversar ?

- Não sei Dimi, está tarde, mamãe não gostaria nada disso.

- É só dessa vez, eu juro.

- Você disse isso semana passada também.

- Por favor Tali, não quero ter que voltar pra casa.

- Tá bom - ela cede.

A pequena Talia e o seu amigo Dimitri entram dentro da cabana feita de lençóis que seu irmão havia montado para ela. Ali naquele pequeno amontoado de tecidos no canto do quarto era onde ela e seu grande amigo exponham seus desejos e suas aspirações, onde contavam seus mais peculiares sonhos e os mais assombrantes pesadelos. Talia a decorou com pisca-piscas que roubou da caixa com enfeites de natal, com almofadas de sua cama e colou nas paredes de tecido desenhos que ela e Dimitri haviam feito.

- O que aconteceu dessa vez Dimi ? - pergunta Talia se aconchegando na cabana.

- Meus pais - ele se senta em sua frente - Estão brigando de novo.

Essa não era a primeira e provavelmente nem a última vez que os pais de Dimitri tinham uma discussão. Toda as vezes que seus pais se desentendem Dimitri sai de sua casa na surdina e invade o quarto de Talia pela janela. Ela era a única que o podia confortar em momentos assim.

- Eu sinto muito, você pelo menos sabe o porquê dessa vez? - ela afaga o antebraço de Dimitri carinhosamente.

- Eu acho que sei, mas eu não quero falar sobre isso.

O fato é que o que Dimitri ouvira desta vez não foram só insultos e falsas ameças. Ele ouvira claramente seu pai acusar sua mãe de trai-lo. No geral não é saudável para uma criança presenciar discussões entre seus progenitores, mas testemunhar uma acusação ou melhor dizendo um veredito de que sua mãe era uma adúltera, com certeza vai lhe dar um trauma que necessitará de um bom tempo de terapia para superar.

- Então sobre o que você quer falar ? - pergunta sorrindo.

Apesar de ser só uma criança Talia era ótima quando o assunto era apoiar o seu próximo. Principalmente quando esse próximo era Dimitri.

- Você teve algum sonho hoje ? - perguntou ele com seus olhos iluminados pelos pisca-piscas.

- Na verdade eu tive um pesadelo terrível!

Talia se deita nas almofadas espalhadas pelo chão da cabana, acompanhada de Dimitri que deita sua cabeça próxima do ombro da garota.

- Sério ? - pergunta Dimitri surpreso.

- Sim, eu estava na escola e daí eu ouvi um rugido, e então eu saí correndo pra nossa sala e tentei chamar a professora Elen mas ela não estava lá.

A grande verdade era que Talia estava inventando cada palavra. Ela não havia tido nenhum pesadelo. Bem pelo contrário, antes de Dimitri a acordar ela estava sonhando com lindos carneirinhos de pelagem fofa. Ela não teve nenhum pesadelo, mas Dimitri havia acabado de viver um. Ela faria de tudo para distrai-lo.

- Nossa que terrível. - diz baixinho.

Parecia que ela havia conseguido prender sua atenção.

- Sim! - exclamou com entusiasmo demais para uma pessoa que deveria estar tremendo de medo - Daí eu saí da sala e fui ao banheiro e quando eu olhei no espelho tinha um monstro atrás de mim.

- Como ele era ? - perguntou ele com os olhos brilhando e sem esboçar medo nenhum em seu rosto.

- Era grande, bem maior do que nós dois e tinha um chifre gigantesco, e um nariz muito feio, ele era peludo, fedido e horroroso, os olhos dele eram vermelhos como sangue.

- Que assustador. - disse o garoto que parecia mais instigado do que realmente assustado.

- Eu fiquei com muito medo... ainda estou.

Dimitri olha bem dentro dos seus olhos.

- Não tenha medo esse é o nosso lugar, aqui ninguém pode nos machucar.

Ele desliza seu dedo delicadamente pelo rosto da pequena Talia. Ela sorri em retorno.

- Eles vão ficar bem - Talia cochicha. Ela se referia aos pais de Dimitri.

- Talvez. mas mesmo que eles não fiquem, eu sei que sempre vou ter você.

- Sempre.
Os dois entrelaçam os mindinhos olhando fixamente um para o outro, Thalia da um beijo na testa de Dimitri.

Eles fecham seus olhos e uma onda de tranquilidade repousa sobre eles, em poucos minutos estavam adormecidos.

Meu Clichê Romântico - Mais Que Amigos (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora