Desculpa...

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Andrew
Quando abro meus olhos, fecho-os instantâneamente. A claridade era muita e eu não havia me acustumado com ela ainda.
Quando finalmente consigo enxergar, percebo que estou em uma sala hospitalar deitado sobre uma maca.
Totalmente sozinho.
Me levanto, checo se estou bem e saio daquele recinto. Caminho por entre corredores até encontrar a recepção. Uma linda moça de cabelos compridos e olhos azuis me recepciona:
-Posso ajudá-lo? - me pergunta
-Pode sim, sabe me informar como cheguei aqui?
-Qual o seu nome?
-Andrew Collin.
Ela digita algo no computador.
-Sr. Collin, o Senhor chegou a uma hora atrás em uma ambulância, chamada por uma mulher que se identificou como sua mãe.
-Obrigado, pode me dizer aonde fica o banheiro?
-No segundo corredor a esquerda.
Sigo suas intruções e me direciono ao lugar indicado.Porém, gritos vindos de alguma sala próxima dalí intorrompem minha trajetória. Conforme eu seguia aquele grito, conseguia desvendá-lo cada vez mais.
Primeiro, pude ver que se tratava de um homem e segundo, que ele gritava desesperadamente, clamando por um médico.
Percebo seu desespero e meus pequenos passos acabam ficando cada vez mais rápidos, iniciando uma corrida.
Ia seguindo a voz e cada vez mais sentia-me próximo a ela. Quando cheguei ao local de onde vinha a voz, apenas uma porta me separava do homem. Abro a porta cuidadosamente e percebo imediatamente o porque deste tal desespero. Havia um pé de cabra enfiado de forma atravessada em suas costelas.
Apesar de haver quatro enfermeiras auxiliando-o,dando-lhe provavelmente remédios para dor, seus olhos imploravam ajuda.
Aproximei-me um pouco mais, as moças estavam tão ocupadas que mal notaram minha presença, e olhei em seu rosto, que me era familiar.
Uma pequena lembrança aparece em minha mente e consigo reconhecê-lo.
" -Vocês querem pegar Catarine de mim.
-Tá louco meu irmão?
-Sim, de amor! Vá embora agora, nunca mais apareça na minha frente!
-Ou você vai fazer o que? -me diz um deles enquanto levantava um pé-de-cabra que estava em sua mão.
Me aproximo dele e vejo que seu companheiro se joga na sua frente para me surpreender porém, sou mais rápido e lhe dou um soco que o derruba. Quando ele cai, pego a pedra mais próxima e bato três vezes em sua cabeça.
Seu amigo tenta vingá-lo correndo em minha direção com o pé-de -cabra levantado para me bater, mas sou fisicamente mais forte. Agarro o pé -de-cabra e enfio em suas costelas, e vou girando até atravessá-lo completamente.
Consigo ouvir todos os ossos dele se quebrando. Depois disso, vou para casa de Catarine"

Minha respiração está acelerada e estou suando frio, o que faz com que uma das enfermeiras me veja e me tire da sala, me levando até a recepção.
Ela acha que estou com algum problema e por isso me ajuda. Apenas fico quieto, vendo-a me dar uma máscara de oxigênio.
De primeira, a máscara me ajuda, mas logo depois seu efeito se dissipa ao ver um policial se aproximando da enfermeira :
- A senhorita está atendendo ao homem perfurado? -questiona-a
-Sim, algum problema ? - ela responde gentilmente
-Gostaria de conversar com ele. Ele está aqui a dois dias, já devem ter tirado o pé-de-cabra.
-Infelizmente, ele ainda está na UTI. Os médicos estão procurando o modo certo de tirar para que ele não possa morrer.
-Esse coitado é um azarado.
-Pior ainda foi seu irmão. Sofreu durante os dois dias com hemorragia interna no crânio, tirando é claro outras sequelas como traumatismo.
-É... obrigado, enfermeira. Por favor, quando ele puder falar, ligue o mais depressa possível.
-Sim, senhor.
Assim ele se foi, comigo assistindo tudo de camorote. Sem dar satisfações retiro a máscara e saio correndo dalí, pego o elevador e saio pela porta da frente. Peço um táxi e vou embora dalí com muito medo, pois além de psicótico, agora sou um fugitivo.
Quando chego em casa, está tudo vazio. A casa está literalmente vazia. Vou até meu quarto e encontro os meus pertences porém é o único lugar que possue alguma mobilha.
Vou em cada canto, cozinha,sala, jardim, garagem, quartos, sempre gritando por todos. Mas não havia ninguém além de mim ali.
Eu havia sido abandonado e tenho quase certeza que fora ideia do meu pai. Mas onde estava minha mãe? Será que mesmo depois de ter apanhado do próprio marido, ela ainda o amava?
Sento no chão da cozinha e peço desculpas . Não sei à quem ao certo. Só grito por desculpas repetidas e incansáveis vezes.

Ciúme psicóticoOnde histórias criam vida. Descubra agora