Quero viver a minha vida

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Catarine
Me sinto uma estranha dentro do vestido que minha mãe me deu para recepcionar a família de Robert, estou tão magra.
Ela me ajuda a me arrumar enquanto conversamos um pouco. Por mais que ela tente disfarçar, ainda é perceptível a sua preocupação e além disso, ela não desgruda por um minuto de mim.
- Mãe, eu gostaria de lhe pedir algo.
- O que você quiser, meu amor.
- Eu gostaria que me esquecesse um pouco hoje.
- O que quer dizer ?
-Você sabe... desde o ocorrido não desgrudou de mim. Eu me sinto uma doente com todo esse tratamento e isso vai fazer com que a família de Robert note, e eu não estou afim de inconveniências hoje.
- Mas, você vai ficar bem?
-Claro, mãe. O que não vai faltar é gente nesta casa, eu não vou ficar só.
-Eu sei, meu bem. Mas Robert dispensou a viatura para não terem questionamentos e, o Collin é bem esperto.
- Eu sei mas, como eu já disse, terá muitas pessoas aqui. Ele é forte, mas não é o Hulk.
-Está bem, querida.
Neste momento a campainha toca e descemos para encontrar os convidados (Que não foram convidados).
Todos estavam iguais. Apenas as crianças mudaram um pouco, pareciam maiores.
Dona Ana e seu Lourence foram amorosos, como sempre, e meus "tios" e "primos", barulhentos e bagunceiros, nada que não fosse esperado.
O almoço prosseguiu, porém algo estava estranho. Todos me perguntavam sempre coisas aleatórias ou, até mesmo, tentavam me incluir nas conversas.
Isso não seria algo incomum, se não fossem pelos seus olhares.
Quando eu os respondia, olhavam uns aos outros como se falassem " Coitada ".
Aquele foi o almoço mais desconfortável que já tive. O resto da tarde não foi nem um pouco diferente.

Andrew
Estou sentado em uma das mesas do bar, esperando o garoto chegar. Depois de dois copos de cerveja, ele chega.
-Eai, Mano. É o seguinte, tem um avião que vai sair hoje na calada da noite. O cara que descolou as passagens tem umas tretas lá.
-Entendi. Mas alguma coisa?
-Sim, duas, na verdade. Ele quer o pagameto em dinheiro e não tem pista de pouso.
-E aonde ele vai pousar?
-Não vai. Você vai ter que saltar de paraquedas em Londres.
-É o único jeito?
-Se quiser pra hoje, sim. Mas se você me der mais uns trocados e mais tempo...
- Não, preciso dela para hoje. Eu aceito, aonde devo ir ?
O menino me dá todos os detalhes e memorizo cada um deles. Depois que fechamos negócio, pago minha cerveja e saio do bar.
Vou caminhando em direção ao muquifo e começo a refletir sobre meus planos.
-Andrew, É você ? -Eu conhecia aquela voz. Me viro para ver quem é, e vejo Lucy às minhas costas.
- Garoto, o que faz aqui ? Você estava no noticiário a pouco tempo, achei que estivesse preso.
-Você e meus pais que deveriam ir presos pelo que fizeram comigo. Acha legal abandonar os outros?
- Andrew, escute. Eu segui as ordens do seu pai, somente. Eu posso lhe explicar tudo, porque não vem até a minha casa?
Penso um pouco na ideia, talvez não fosse tão ruim saber a verdade.
Sigo-a até uma pequena quitinete escondida em um beco. Ela abre a porta, me serve um café e se senta comigo.
- Vou lhe resumir a história, se prometer ficar calmo.
-Eu prometo.
-Okay. Bom, eu estava tendo a minha rotina de sempre. Estava no seu quarto, arrumando sua cama, quando ele me chamou. Disse para arrumar minhas coisas porque estava demitida. Achei estranho, até que então reparei que ele estava demitindo todos e que sua mãe não saia do quarto. Fui ao encontro dela e quando à vi, estava aos prantos, não foi difícil fazê-la desabafar.
Ela disse que seu pai tinha um certo trauma do pai dele e, quando descobriu que o filho tinha a mesma doença que o pai, quis fazer de tudo para se livrar. Com seus 18 anos, ele encontrou a oportunidade perfeita e fugiu com sua mãe. Eu sinto muito.
Eu poderia pensar em muitas coisas. Podia pensar em como meu pai era um canalha, por exemplo. Porém, apenas isso vinha a minha mente:
- O meu avô tinha psicose?
-Sim, achei que soubesse.
Passo as mãos pelo cabelo e respiro fundo.
-Agora já não faz diferença. Agradeço a você, mas não preciso dessas informações.
-O que vai fazer, Andrew?
-Vou viver a minha vida como era antes, quando eu vivia com a única pessoa que me amou no mundo. Tenho que ir.
Não espero respostas e saio pela mesma porta pela qual entrei, continuando meu antigo percurso. Quando chego ao meu destino, preparo minha bolsa e meu plano.

Catarine
Já está beirando a noite e nada da família de Robert ir embora. Me sinto uma paciente em estado terminal com o jeito que todos me dão olhares de misericórdia.
Um dos meus primos mais velhos senta do meu lado e puxa assunto.
-Oi, Catarine.
-Oi, Anderson.
-Me diz, como anda os estudos?
-bem.
-E os namorados?
-Nenhum.
-E a sua saúde?
Desta vez eu me irrito e falo em alto e bom som.
-Porque vocês não me perguntam logo se eu não estou depressiva?- digo enfurecida.
Minha mãe se aproxima e me arrasta até meu quarto, com Robert logo atrás dela.
-Catarine, que comportamento é esse?
-Faz juz ao seu! Porquê mentiram? Poderiam ter dito que a família buscapé inteira sabia o que aconteceu comigo. E não mintam para mim, não sou burra.
Os olhares de piedade deles não me deixaram dúvidas.
-Me desculpa, querida. Mas achei que deveria avisá-los.
-Porque? Estou com alguma doença contagiosa? Que eu saiba, a vida é minha e eu não me lembro de ter à exposto em um outdoor! Saiam do meu quarto!
-Catarine...
-Agora!
Eles se vão e finalmente me sinto um pouco mais a vontade.

Queridos, gostaria que soubessem que vou viajar e provavelmente só postarei mês que vem. Por favor, não me odeiem por isso.
E obrigado por sempre comentarem e darem estrelinhas pra mim!
Beijos e até a próxima.

Ciúme psicóticoOnde histórias criam vida. Descubra agora