Filme de terror

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"Olá Catarine , sou eu , Mayson. Estou a quilômetros de distância da cidade , pois fui ameaçado. Desculpe-me ter ido embora sem ao menos dizer adeus , mas ameaçaram matá-la e querida , por mais que eu nunca tenha dito , sempre amei você ,muito além de amizade. Foi por isso que fui embora , na verdade não deveria nem estar te escrevendo , meu agressor disse-me que eu deveria sumir do mapa. O Collin.
Estou escrevendo para te impedir de ficar perto dele , pelo seu bem Catarine, espero que não seja tarde demais.
Com amor , Mayson
Ps: Não conte a ninguém"

Era a terceira vez que eu estava lendo. Não havia remetente na carta , nenhum endereço ou tipo de contato. Era simplismente endereçada a minha casa para mim. Estou chorando tanto que mal sinto mais quando as lágrimas decem. Choros e soluços consecutivamente e eu  não podia falar com ninguém.
Havia três sentimentos em mim naquele momento. Alívio,por ele estar vivo . Confusão , por nunca ter suspeitado de seus sentimentos . E por fim ,medo. Muito medo.
Eu sabia que o Andrew era perigoso , mas não tinha noção do perigo. Eu precisava controlar aquilo . E rápido.
Arrumo minhas coisas e espero dar uma hora da manhã. Finjo estar dormindo para não levantar suspeitas á minha mãe.
Quando vejo que está na hora ,saio de fininho em direção a casa de Andrew. A rua estava um pouco deserta , alguns mendigos dormindo e  adolescentes bêbados ou drogados andando vagamente por aí. Não me sinto totalmente segura , mas mesmo estando no meio de bêbados ,drogados e mendigos me sentia mais segura do que estar perto de Andrew.
Vou pensando no que fazer quando chegar lá, eu apenas queria ver Lucy, conversar com ela. Talvez podesse conseguir informações úteis.
Viro o próximo quarteirão e em cinco minutos chego à residência dos Collin. Vou para a porta  que eu havia entrado com Andrew da última vez , ela dava na cozinha. 
Caminho sobre o jardim até chegar lá, mas estava trancada. Vou até a janela mais próxima , ótima, estava  aberta. Só precisava dar um jeito para subir. Volto até o Jardim e pego caixas de colchões da fábrica do Sr. Collin quardados em um armazém. Claro,com colchões dentro das caixas. Empilho até alcançar a janela e entro dentro do banheiro. Estava com a luz acessa e o box fexado, o que me escondeu da Sra. Collin .
Me agacho e fico observando-a por uma pequena brecha. Ela estava chorando e parecia engulir pequenas pílulas, que pela cor deduzi serem tranquilizantes. Pelas suas olheiras e seus olhos vermelhos , algo estava atormentando-a ,provavelmente tirando seu sono.
Quando ela finalmente apaga a luz e vai embora,me levanto. Espero cinco minutos por segurança e saio . Estava tudo no mais absoluto silêncio e escuro. Ando na ponta dos pés. Desço as escadas e procuro pelos quartos de empregados. Abri e fechei várias portas , com cuidado é claro. Até encontrá-la. Estava , naturalmente,dormindo.
Me aproximo de sua cama e tampo sua boca para evitar que grite. E finalmente sacudo-a até acordá-la. Quando me vê tenta gritar , mas então se acalma ao perceber que sou eu , e então se senta:
-O que faz aqui a esta hora?
-Preciso de ajuda. Urgente.
- Ele te fez algo?
Penso em contar sobre Mayson, mas não digo nada :
-Não , apenas ameaças. Me bateu algumas vezes , mas ultimamente não passa de ameaças.
-Isso é bom. Os remédios estão fazendo efeito
-Achei que ele não tomasse remédios.
-Toma ,mas não sabe. Escondo na comida dele. Mas os remédios apenas ajudam , não curam.
-Eu sei... mas como faço pra me livrar dele?
-Ou você morre ou ele morre.
-Que horror.- falo um pouco mais alto.
-Shiii. Não grite. Mas é verdade, mesmo se você for embora ele irá atrás de você.Sinto muito querida
- E se ele desistir de mim?
-Acho difícil. Ele tem faltado ao psicólogo e os remédios não fazem milagres.
-Está me dizendo que eu não vou poder casar,ter filhos,ir pra faculdade,VIVER!
-Shiii. Não disse isso.
-Mas eu sei que é verdade.
Ela fica calada.
-Porque ? Como isso começou?
-Isso não começou ,ele nasceu assim.  O Avô de Andrew tinha psicose também. Mas ele se cuidava de acordo com a família e vivia normalmente , até morrer . Porque os remédios são tão fortes que estragam seu fígado aos poucos. É difícil ele passar dos 40 anos. É por isso que ele e a avó se davam tão bem , ela sabia lidar com ele.
-Não posso esperar ,ele chegar aos 40 anos ,pra eu poder viver.
-Querida ,se acalme. O máximo que você pode fazer agora , é se adaptar.
Respiro fundo. Eu queria que ela entendesse que este era o problema , eu não queria me adaptar.
-Acho melhor você ir , vou abrir a porta pra você.
Ela me levou até a porta dos fundos e destrancou-a pra mim. Quando saímos disse-me que de manhã arrumaria os colchões. Que eu precisava dormir.
Mas infelizmente , eu não consegui nem ao menos fechar os olhos. Um filme da minha vida ficava passando sobre a minha cabeça , e o adjetivo principal era de terror.

Ciúme psicóticoOnde histórias criam vida. Descubra agora