Capítulo 5

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              "Quando se tem o peso do mundo nas costas, é difícil se abrir para as pessoas, confiar nelas. Mesmo quando só querem o melhor para você."
— Once Upon A Time

         Claire tinha mandado os calouros para a sala de luta. Era onde ela e os outros treinavam diariamente. O lugar era grande, todo espelhado e cheio de aparelhos como robôs para eles lutarem. Óbvio que havia outras salas para os heróis praticarem no dia a dia, para os agentes normais também, mas aquela era a principal e a mais moderna sala.
          A Base Secreta não estava mais àquela correria de antes. As pessoas tinham se acalmado, voltando a fazer suas devidas obrigações. A francesa viu de longe Joel, que parecia discutir com alguns agentes. A garota pegou Luke pelo braço, apertando o passo, sem querer ser vista.
          O loiro, irritado, se soltou da amiga bruscamente. Estava tão furioso que mal raciocinava. Aqueles novatos... Luke os faria se arrepender de um dia terem nascido, se faria... Eles podiam não estar felizes de estarem na Base Secreta, mas não era como se os heróis veteranos estivessem felizes com este fato também.
          O loiro já tinha um inimigo. Calum. Ele seria o primeiro que Luke ia capturar e meter nele umas belas surras para ver se aprendia a ser menos otário. Depois, esfolaria a cara do moreno no asfalto até não ter mais pele. Sim, estava sendo um pouco radical, mas era a culpa da fúria que ardia em seu peito.
          E, então, depois ele iria em direção aquele metido a nerd que tinha manipulado a mente de Skye. Ele o mataria se fosse possível. Apesar de Calum o ter influenciado na maior parte do plano, tinha sido o grande loser, Ashton, que havia mandado a amiga mais nova cravar uma faca na barriga. Ele podia ter matado a menina no mesmo segundo. E ainda que ela tivesse sobrevivido por hora, não sabia se iria resistir. Só com esse pensamento a raiva se multiplicou.
          Já as duas outras garotas... Ele não poderia fazer nada a respeito. Não batia em mulher – dependendo da situação, claro —, se bem que desta vez a ideia estava sendo bem tentadora. Porém, não. Claire que cuidasse delas.
          Depois de alguns minutos, finalmente chegaram à sala. A francesa olhou para Luke, como se perguntasse se ele estava pronto. O loiro apenas assentiu impaciente com todo aquele lengalenga. Ela pegou seu crachá no bolso e passou em frente à máquina.
          — Acesso permitido.
          Antes de Luke entrar, Claire o barrou com o braço.
          — Não encare o garoto de óculos nos olhos e proteja com seu poder a sua mente. Se conseguir, proteja a minha também, assim ele não poderá ler nossos pensamentos. E aquela garota não lerá nossas emoções.
          Os dois abriram a porta depois disso. A sala estava vazia, sem nenhuma alma nela. Luke sorriu satisfeito, agora sim estava na hora de entrar em ação! Depois de trancar a porta, pegou com Claire um óculos que possibilitava a visão noturna. Logo depois, cortou os fios de eletricidade da sala. As luzes se apagaram instantaneamente. O loiro, ainda sorrindo, se escondeu atrás de Ed, seu robô preferido.
          Claire, depois de colocar os óculos especiais, se posicionou atrás de uma estátua, ao lado da estante que era a porta secreta, onde os calouros iriam sair.
          Luke e Claire trocaram um sorriso, mesmo ao longe. Agora o que restava era apenas esperar.


***

          Calum liderava o grupo pelo corredor empoeirado e escuro. Ao lado do moreno estava Nikolina, decidida a sair dali o mais rápido possível. Sofie estava um pouco para trás, junto com Ashton. Apenas os dois pareciam arrependidos pelo que haviam feito há alguns minutos.
          A alemã estava perdida em pensamentos, pouco ligando para as aranhas que tinham ali. Certamente aquele túnel não era muito usado, o que a fez desconfiar que talvez estivessem indo para uma emboscada. Ashton leu a mente da menina e não pôde deixar de concordar. Porém, quando eles saíram, os veteranos ainda estavam amarrados. E Skye estava fraca demais para tentar alguma coisa.
          Então, não tinham o que temer. Era o que ambos pensavam.
          O túnel acabou e todos deram de cara com uma porta de aço. Felizmente, estava aberta. Alegres por estar tudo ocorrendo bem, saíram sem nenhuma hesitação. A porta bateu atrás dos quatro com um baque surdo. Claire, ágil como uma gata, foi até a passagem secreta e a trancou, logo se escondendo atrás de outra estátua que tinha ali.
          — Não estou vendo nada. — Nikolina reclamou insatisfeita.
          — Nem eu — Calum retrucou, irritado. — Todos vocês, procurem pelas paredes com cuidado algum interruptor.
          Todos obedeceram. Pisavam com cautela e usavam os braços para ver se tinha alguma coisa na frente. Nikolina se sentia mal, já que estava um breu daqueles. Ela sentia-se cega. Era horrível. Esticou as mãos para frente, procurando alguma coisa sólida. De preferência, uma parede.
          Sentiu alguém atrás dela. Não conseguiu ler suas emoções, o que a deixou meio alarmada. Antes que pudesse dizer, pensar ou fazer algo, um par de mãos se envolveu em seu pescoço fino. O aperto estava cada vez mais forte, teve uma hora que ela sentiu seu corpo sair do chão. Os olhos de Nikolina estavam esbugalhados e vermelhos. Ela tentava pronunciar pedidos de socorro, mas não saía nada. Apenas um engasgo.
          — Violência gera violência. Eu não queria que fosse assim, mas vocês não me deram outra opção.
          A voz não passava de um sussurro ameaçador nos ouvidos de Nikolina. Era uma voz feminina. Era familiar, demorou um tempo até se lembrar de que era da veterana de cabelos pretos. Tentou-se debater, mas o aperto estava forte demais. Quando estava perdendo a consciência, a garota a soltou.
          A russa caiu no chão na hora, respirando fundo, em buscar de ar. Pôs as mãos em seguida no pescoço, massageando.
          — Nós não estamos sozinhos! — Nikolina gritou, com a voz rouca.
          Ashton, ali perto, franziu o cenho. Ele não conseguia captar nenhum pensamento além dos três. Não poderia haver outros, se sim, ele já teria notado.
          — É impossível. — Respondeu para o escuro, sem olhar para algo específico.
          Sentiu seu corpo sendo jogado para longe, batendo em seguida em uma prateleira cheia de livros, pelo que parecia. Ashton, meio grogue, se recuperou rápido.
          — Nada é impossível. — Ouviu uma voz dizer, com um quê de raiva. — Você já deveria saber disto.
          Antes que Ashton pudesse tentar lembrar-se de quem era o dono da voz raivosa, sentiu outra pancada na cabeça. Soltou um grito de dor, percebendo que sangue escorria pelo seu rosto.
          — Não me lembro de você. — Sussurrou, ainda com a voz cheia de dor.
          Luke sabia que Ashton não enxergava nada, diferente dele, o menino não tinha uma visão noturna, mas Luke sorriu mesmo assim. Sorriu de um jeito maléfico. Nunca tinha rido de tal modo, mas até que era bom.
          — Então eu farei você se lembrar.
          Luke, sem esperar alguma resposta o chutou na barriga e logo depois meteu um soco com toda a força que pôde em sua cara. Ouviu um berro de dor vindo do garoto que agora estava no chão, se contorcendo de agonia.
          — Como o mundo dá voltas...
          Pegou uma faca que estava na bainha da sua calça e encostou exatamente aonde a amiga cravou a faca nela própria sobe os comandos de Ashton.
          — Sabe, — Sua voz estava cheia de fúria. — se eu pudesse, eu cravaria esta faca em você, exatamente como ordenou que Skye fizesse nela mesma. Se pudesse, eu o mataria aqui e agora. Mas, pensando bem... A morte é muito rápida. Nem daria para apreciar. Tenho uma ideia bem melhor...
          Luke pegou a faca e cravou na perna do garoto. Quando ouviu o berro de pura dor, sorriu. Ele estava realmente fora de si, parecendo um psicopata. Mas tinha que admitir... Estava até que gostando.
          — Agora você se lembrou? — Perguntou em um sussurro, com uma risada maldosa.


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