Capítulo 26

30 5 8
                                    

Abro meus olhos com dificuldade, por algum motivo eles parecem pesados, e ao enxergar um clarão sinto uma pontada de dor na cabeça. Tento levantar, mas outra dor me atinge desta vez na barriga, passo minha mão em cima de onde dói e sinto fios de costura pela parte antes machucada. Eu me recordo o que aconteceu, levei uma facada bem na região perto do umbigo e depois disso não lembro de nada, só lembro que doeu muito. Olho ao redor analisando onde estou e percebo que é um quarto de hospital, não tem ninguém aqui. O que será que aconteceu depois ? E se...não, não pode ser ! E se depois do acidente eu voltei para casa, tipo não a casa de Dong-yul, a casa do meu pai.
Tomada por essa paranóia, começo sentir a crise de ansiedade tomar conta de mim, sinto minhas mãos tremerem, meu corpo ficar tenso, minha respiração ofegante, quero me levantar, mas me sinto fraca. A cada minuto que passa tenho plena certeza que Lucas, meu meio irmão, irá entrar correndo por aquela porta junto de meu pai e Juliana e quando vejo a porta abrir arregalo os olhos. No entanto a pessoa que aparece é Dong-yul, com seu cabelo bagunçado formando cachos na frente, usa uma calça de cor creme com uma camisa social branca larga até mesmo para ele, está usando óculos e segurando um livro com uma mão e a outra ele está massageando a nuca. Ele não olha para mim de imediato, está olhando para baixo parecendo pensativo.

-Dong-yul - o chamo, minha voz sai rouca e falhada.

Ele para e me olha supreso.

-Ana, você está acordada ! - ele abre um sorriso.

-Acho que sim - balanço a cabeça.

-Eu vou chamar o médico para te examinar - ele fala animado.

-Dong-yul, espera - ele para e se volta para mim - você está bem? Está machucado?

-Ana, está brincando ? Você que tem mais de vinte pontos na barriga e está preocupada comigo ?

-Você também se machucou - afirmo.

-E você quase morreu ! Quando chegou aqui no hospital teve que receber transfusão de sangue, pois tinha perdido muito sangue e ainda passou por uma cirurgia, na qual o médico falou que você sofreu duas paradas cardíacas e tiveram que te reanimar Ana, você não imagina o quão desesperado eu estava - sua feição demonstrava tristeza e o olhando agora mais de perto ele aparenta bem acabado, tem olheiras expostas como se não tivesse dormindo tens uns três dias.

-Eu sei ! Mas eu não ia deixar aquele cara te matar e não fazer nada - o encaro - e também, eu não sabia que de uma hora para outra eu perderia meu "poder".

De fato quando entrei na frente de Dong-yul e fui golpeada eu não me preocupei porque achava que iria se curar assim que eu tirasse aquela faca do meu corpo. Talvez essa era a magia que me protegia e agora ela está desaparecendo assim como aquela bruxa tinha me alertado.

"há magia dentro de você. Ela não é permanente e quanto mais você fica aqui, ela te consome até chegar em um ponto que você não a terá mais com você." lembro, claramente, dela ter me dito isso.

-Mesmo se você tivesse o seu poder foi arriscado de qualquer jeito ! - ele explode.

-Dong-yul ! Mesmo se eu soubesse que poderia ter morrido, eu faria isso e se for preciso farei novamente - esbravejo.

Ele ia continuar a discutir comigo, mas nesse momento uma enfermeira apareceu e quando me viu acordada disse que chamaria o médico, assim que ela saiu, Dong-yul também saiu. Ele estava bravo comigo e eu até compreendia o motivo, ele teve medo de me perder assim como eu tive de perdê-lo também, mas ele não deveria agir como uma criança emburrada, sei que ele faria isso por mim também. Minutos depois o médico veio no quarto e me examinou, disse que fiquei sedada por 2 dias e que logo mais eu poderia voltar para casa.

Entre dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora