Capítulo 26

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Hope

Não pode ser, é melhor que ele nem ouse me interceptar porque eu não respondo por mim. Nesse momento sou capaz de mata-lo com minhas próprias mãos.

Justin está passando a entrada da escola vindo em minha direção, se é isso que ele quer tudo bem, que venha. Que ele ria da minha cara de uma vez e jogue novamente o quão sou burra.

"O seu namoradinho ligou para mim, cadê seu celular deixei varias mensagens". Como assim ele fala isso desse jeito tão natural? Se ele quer mesmo jogar tudo bem, vou entrar nesse jogo.

"E o que ele queria?". Pergunto para ver se ele tem a cara de pau de falar para mim às merdas que falou ao celular. Espera ai, como ele soube que era o Patrick?

"Ele perguntou se nós dois estamos saindo".

"H-hum". Digo franzindo a testa para que ele continue, não quero ter que ser eu a perguntar os detalhes.

"Ai, eu falei não, que era só um passatempo...".

"Por que você disse isso Justin?"

"Porque eu não devo...". Ele se auto interrompe e me observa atentamente.

"Você não fico nada surpresa com isso, você já sabia?" Claro porque eu ouvi tudo, caralho.

"Que eu sou uma idiota, nem tanto até eu saber que fui tão burra por cair na tua tendo tido o exemplo da Lília".

"Não estou entendendo nada Hope, sobre o que falei para ele foi porque ele não tem por que saber da nossa vida, você acha mesmo que se eu não soubesse que era ele, eu teria falado aquilo? E estou aqui agora te falando você não me perguntou, eu poderia muito bem ficar em silencio e esconder isso de você". Paro e respiro fundo, não quero me alterar, não vou me alterar. Repito essas palavras no meu interior.

"Supomos que isso seja verdade". Falo me aproximando mais dele, quero que ele olhe muito bem nos meus olhos.

"E a Luísa? Você ia me falar?" eu poderia dar um tapa nesse rostinho com todo gosto, esfrego meu rosto para me conter.

"Quem te falou isso Hope?"

"E isso importa, caralho?" me exalto, Justin se surpreende com a minha atitude e da um passo para trás como se estivesse com medo de mim.

"Eu ia te contar Hope, eu juro. Eu só estava achando um momento ideal, mas eu ia te falar". Justin está pálido e tenta tocar o meu braço, mas afasto antes que seu toque me alcance, não quero mais sentir esses braços em mim. Lágrimas ameaçam cair, mas não vou fraquejar, não vou deixar que esse maldito sentimento seja mais forte que eu, por um instante eu tive esperança que ele me dissesse que isso é uma invenção que isso realmente não aconteceu.

"Parabéns, mais uma vez você conseguiu". Bato palmas com muita ironia, são os aplausos mais falsos que algum dia eu ouvi.

"Espera, me escuta Hope, isso foi antes de nós... e eu estava muito chapado, você lembra que eu te falei que não consegui nem voltar a casa naquela noite? Foi por isso eu juro".

"Por mais embriagado que você estivesse não teria feito se não quisesse, você é um ordinário Justin, você já parou para se perguntar se esse seu comportamento é normal? Você esta mal da cabeça, você precisa de ajuda, não é possível que uma pessoa fique feliz com a infelicidade de outra. Pessoas que adoram o sofrimento alheio tem um nome Justin. Só um psicopata é capaz disso, só um psicopata poderia sentir prazer com isso". Seus olhos estão arregalados, brilhantes como se ele fosse chorar, sua expressão é de desespero, mas não vou cair nessa, se ele pensa que com esse teatrinho vai me fazer cair na dele mais uma vez está muito enganando.

"Desculpa..."

"Desculpa? Você vai fazer isso um milhão de vezes e no final achar que um simples pedido de desculpas concerta? Achei que você realmente tivesse se arrependido, mas não. Pau que nasce torto morre torto, você nunca vai mudar se não se tratar". Justin como na outra vez só fica parado, com o olhar tristonho, ele parece sincero, mas não acredito nele o que ele não tem de sinceridade, tem de manipulação.

"Hope, me desculpa, por favor,".

"Foi por isso que você não concordou quando falei que não deveria mais frequentar essas malditas festas...". Exalto-me tanto, com raiva que as lágrimas escorrem desesperadamente.

"Eu me entreguei a você com todo amor, malditas palavras, maldita seja a hora que eu olhei para você como um homem Justin. E sabe de uma coisa da pra ver uma magoa tão profunda no meu olhar, mas nenhum nome feio do dicionário vai conseguir descrever o nojo que sinto de você... eu vou ficar a torcer para que um dia alguém também te quebre o coração, que sintas o sabor de uma traição pra saberes como doe". Quando termino de falar ele tenta falar algo, mas logo o interrompo não quero mais ouvir nenhuma mentira vinda dele.

"Espero que tenha válido a pena me trocares por uma menina que rola de cama em cama como uma prostituta, o amor que eu dei foi verdadeiro, mas saíste ingrato". Digo e vou pisando duro enquanto limpo as lágrimas e ele continua parado ali como um lixo que é.

Por sorte peguei a garrafa de água que o Patrick pegou para mim, bebo para me acalmar não posso entrar na sala chamando atenção com essa cara horrível. Agora eu entendo o que Patrick sentiu. Agora eu sei como é a dor quando damos tudo por alguém e a mesma nos apunhala pelas costas, mas a adaga usada com certeza não foi tirada porque isso doe, doe de mais, como é possível o amor machucar tanto.

Entro na sala depois do professor e me sento na ultima mesa que nunca está ocupada, não estou em condições de falar com Lília agora, como uma chorona que sou vou acabar explodindo no meio da aula.

Dou graças Deus quando a última aula termina e o professor sai. Desde que me sentei aqui não tive forças para me mover. E as aulas? Não faço a mínima ideia do que foi tratado, as coisas não podem continuar assim, não posso deixar que meus problemas pessoas interfiram na minha vida acadêmica que já não é tão boa. E o Justin? O imbecil deve ter ido à busca por uma nova conquista, mas uma menina inocente para machucar.

"Esta tudo bem?". Ouço a voz da Lília enquanto coloco meu material na mochila.

"Está sim". Digo sem nem olhar para ela., por vergonha pois, sei muito bem que não foi por falta de aviso. Quando ela tentava me alertar eu achava que eram meros ciúmes por Justin ter escolhido a mim. E no fim das contas ele escolheu a nós duas, nós duas fomos vitimas de seu egoísmo... De seus caprichos.

"Você não está nada bem".

"Está tão óbvio?". Digo olhando para ela e como eu previa não consigo me conter.

"Você tinha toda razão, eu fui burra, muito ingênua por não ter te escutado". Ela não responde, só me abraça, tento lutar contra essas lágrimas, mas eu juro que essa dor é mais forte que eu.

"Diz-me como eu faço para não sentir essa dor Lília, como? Eu tinha o Patrick, ele era... e eu joguei tudo fora por um cara que só se importa com seu próprio prazer".

"Eu te entendo, sei muito bem o que você está sentindo, mas não tem uma formula para fazer com que essa dor passe. Com o tempo toda a dor ameniza e isso nos torna mais fortes e alertas, depois disso ninguém mais nos engana, qualquer um que se aproxime eu já fico na defensiva porque não quero sentir aquilo de novo, não posso permitir". Ficamos em silêncio enquanto ela acaricia meus cabelos, meu rosto em seu ombro a abraço tão forte.

"O que ele fez? Tudo bem se não quiser falar, mas acho que isso pode ajudar a aliviar a dor". Ela diz e então ergo a cabeça e enxugo as lágrimas e começo a contar tudo.

"Ele parecia disposto a mudar por você, então o pedido de desculpas... Ah, eu sinto muito Hope". Ficamos aproximadamente quinze minutos ali, eu chorando e Lília me consolando revivendo também seu momento, o momento em que ela estava igual a mim, sentindo se sem rumo e nem norte. Depois que decidimos sair da escola Lília se oferece para acompanhar-me até a minha casa, mas o que eu mais preciso agora é caminhar só, sentir o ar em meu corpo para me sentir viva, os choros só me causaram mais dor de cabeça, preciso espairecer.

Até as malditas ruas me lembram Justin, o quase beijo que demos, a discussão em frente a minha casa, o dia que soubemos que já tínhamos nos visto, mas são memorias que eu devo e vou apagar da minha memória, custe o que custar.

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Olhares Que Beijam - LIVRO I [VOLUME I]Onde histórias criam vida. Descubra agora