Declaração

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Foram meses de doutrinação
Eu assisti seu sofrimento
Do fundo do poço a ascenção.
Do nada a Dom.
Erguendo consigo uma sub.
Mas ousou olhar em minha direção.
Ousou duvidar dos avisos escritos em neon (Não se aproxime) e quis jogar.
Ela estava muito bem amarrada em mim, escondida e travando uma batalha por um momento de distração em que eu deixasse sair pra brincar.
Ela sempre fez assim.
Brincava por horas e sumia segundos antes da tragédia, me deixando ali, com pessoas que eu nunca quis magoar e surpreendentemente nunca acreditaram não ser eu a lhes fazerem mal.
Mas você era diferente não é mesmo? Bradava sua unicidade e convenceu aos poucos afrouxar as amarras, eu sabia que ela iria te devorar e cuspir fora, tu disse não se importa, visto que era adulto e saberia lidar com as consequências.
Deixou correr solto seus demônios através de poemas que em nada me abalaram, mas ela sorria ao balançar as correntes.
Investiu horas do despertar ao entardecer diante da tela digitando eufemismos, para que ela debochando em mim, se sentisse de alguma forma lisonjeada.
Implorou por mais e eu soltei as amarras.
Ela sorriu, correu longe, relembrou passados, sentou a meu lado, leu-te inteiro num instante, molhou os lábios, acariciou meus cabelos e ofereceu uma cadeira no centro do labirinto.
-Dessa vez eu não irei demorar, mas senta, fique confortável ao me ver destruir mais um que tenta nos confrontar.
Obedeci, não havia outra possibilidade, sentei e me vi agindo como nunca agiria.
Ela me levou pela mão e escrevia coisas que eu nunca soube expressar. É sempre ela a inspiração de alguns e a ruína de todos.
Foram instantes até o primeiro eu te amo, que ela me olhou e riu em deboche se contorcendo enquanto uma lágrima rolava em meus olhos, nunca são pra mim esses malditos.
Semanas até o eu preciso de ti mais do que do ar que respiro, ela no conforto de seu abraço lhe ofertou um beijo doce e pra mim olhou vitoriosa, mas querendo mais.
Um mês!
-Quero me levantar, não aguento mais ficar nesse labirinto.
-Agora que estou a um passo de destruir tudo? Aguente mais um pouco, por nós, nunca saio pra brincar e dessa vez ele pediu por mim.
-Ele não a conhece como eu.
-Tem pena dele? Você o quer? Esquece do quanto todos eles te fazem sofrer?
Viro o rosto diante da verdade e ela segura meu queixo obrigando a olhar aqueles olhos castanhos em chamas
-Somente eu amo você, pois eu sou você e te protegerei desses idiotas sempre.
Uma notificação, é ele.
Ela sorri com o celular e mostra a tela.
-Ele não fica mais uma hora sem falar comigo, patético.
Engulo em seco e fecho a cara.
Sinto sua mão em meu rosto.
-Por favor, só mais um pouquinho.
-Ele vai me odiar.
-Ele já te odeia, tudo isso aqui é mentira, lembra bem, ninguém pode te amar, nunca, eles não te conhecem como eu, eles só querem te usar e jogar fora. Isso tudo que escrevem e falam é besteria pra te levar pra cama. Quando vai aprender?
- Será mesmo que nenhum deles me amou? Ou você estragou tudo?
Sinto a ardência na face e ela dissipa no ar voltando pro mundo.
Ouço os risos e a vã promessa de resgate. Ela conta a verdade e ele parece adorar a ideia de ter alguém bipolar pra brincar, se diz excitado com a possibilidade de duas de mim.
Que idiota. As duas agora o odeiam, vimos a verdade, ela tinha razão, era apenas adoçar para comer e me vi afastando o desejo de proteção no instante que meus olhos viram passar pelos teus a nuvem da ingratidão.
- Destrua-o
- Se eu o fizer nunca mais o verá.
Meu corpo estremece ao toque leve de suas mãos.
- Se eu o fizer nunca mais. Ela repete. Fecho meus olhos e seguro sua mão, sorrio e digo até logo.
No caminho ela grita, bate o pé, morde o lábio e segura a mão pra conter a força do tapa.
Meu rosto arde e sorrio pra ela.
- Será que você não vê que ele já foi destruído?
Boquiaberta ela me olha.
- Você não voltará?
-  Não somos do mesmo mundo, apesar dele ter seus demônios, ele brinca com os dele como bichinhos de estimação, nós duas estamos numa categoria diferente no inferno.
Ela me abraça e sussurra
-Eu te amo D.
Retribuo o aperto.
-Eu te amo L.

By Lilyth Luthor

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