Anastásia Steele
"Eu ainda não concordo com isso, Anastásia." Diz Ray andando de um lado para o outro na sala.
Fazia duas horas que havíamos chegado e passei a contar tudo o que aconteceu desde que saí do chalé. Meus pais ficaram chocados sobre as informações do caso dos pais de Christian e nada satisfeitos com minha ida ao presídio.
"Eu entendo. Mas, essa é a única maneira." Tento convencer meu pai.
"Maninha, não queremos você perto dele." Diz José.
"Eu sei o que todos estão pensando. Mas, eu vou fazer o que for preciso." Digo indo até Christian que esteve a maior parte do tempo calado.
"Eu vejo que sua decisão já está tomada, querida. Estamos orgulhosos de você. Mas, é um assunto muito delicado para nós. Vamos apoiá-la e estar ao seu lado. Só precisamos digerir isso um pouco, tudo bem ?!" Pergunta Carla com os olhos marejados.
"Claro que sim." Digo indo para seus braços.
"Minha menina perto daquele monstro. Como pode ter tanta coragem, Ana?" Sussurra em meu ouvido.
"Eu preciso enfrentá-lo. Só assim vou poder seguir em frente."
"Você cresceu tanto."
"Céu?" Chama papai.
Vou até ele e paro na sua frente.
"Não sou a favor do que planeja mas, não posso obrigá-la a mudar de ideia. Você é adulta e minha filha. Nunca a deixaria sozinha. Estamos com você." Diz e me abraça.
"Obrigada, papai."
"E como você está, querido ?" Pergunta mamãe ao Christian.
"Nada disso está sendo fácil para nós. Nenhum de nós." Suspira.
"E como está Grace e os meninos ?"
"Estão levando um dia de cada vez. Assim como nós."
"Precisamos conversar com eles." Digo indo para os braços de Christian.
"E vamos. Na verdade estaram aqui mais tarde. Vou pedir a Greta que prepare o chalé ao lado." Avisa ele.
"Pode deixar que eu falo com ela, querido. Vão almoçar vocês dois." Diz mamãe e vai atrás de Greta.
"Ana, realmente está bem com tudo isso ?" Pergunta José vindo até mim.
"Eu preciso por um fim nisso. Entende ?"
"Tudo bem. Qualquer coisa, eu estou aqui. E não saia mais escondido, pirralha." Diz e rio.
"Eu prometo."
"Taylor me passou a data do julgamento. Acha que vai conseguir tirar alguma coisa daquele monstro ?" Pergunta papai raivoso.
"Eu pretendo. Só não posso garantir que vou conseguir com a próxima visita."
"O que quer dizer ?" Pergunta José.
"Ele confia em mim. Posso fazê-lo me contar as coisas. Talvez mais duas visitas."
Christian suspira ao meu lado e me aperta em seus braços.
"Não temos escolha." Digo em seu peito.
"Certo. Vamos acabar logo com isso." Diz papai e sai da sala.
"Ele só precisa de um tempinho, Ana." Diz José.
"Eu sei." Suspiro.
***
Estou no escritório combinando os últimos detalhes com Flyn para a minha próxima visita ao presídio quando Christian entra. Está um pouco abatido. A leveza que tínhamos mais cedo sumiu. Encerro a ligação e vou até ele.
"Está tudo bem ?" Pergunto pegando suas mãos.
"Eles chegaram. Vim buscar você." Beija minha testa.
Não tenho ideia de como as coisas serão a partir de agora. Todos já sabem. Descobriram da pior forma o ser desprezível que viviam com eles.
"Tudo bem. Vamos."
Saímos do escritório e chegamos a sala no momento exato em que mamãe abrira a porta. Um por um Kate, Elliot, Mia e Grace vão entrando depois de cumprimenta-la.
"Ana." Kate é a primeira a vir me abraçar.
Que saudade. Não quero mais ficar longe dela. Kate é como minha irmã. Ela é importante demais pra mim.
"Kate." Sinto meus olhos marejar.
"Como você está?" Pergunta se afastando para me olhar.
"Um dia de cada vez." Sussurro.
De reflexo você Grace abraçando Christian. Seus olhos úmidos e as olheiras abaixo denunciam o quanto está cansada.
"Ei, baixinha." Diz Elliot se aproximando com quase a mesma expressão de Grace.
"Eu sinto muito." Sussurro quando me abraça.
"Não se desculpe. Você é a maior vítima dessa história."
Dou um sorriso fraco e ele acena.
"Ana, querida." Abraço Grace vendo Christian fazer o mesmo com Elliot.
"Oh, Grace."
Ficamos um tempo sem dizer nada. Não precisávamos. Dor, raiva, indignação. O sofrimento está estampado para quem quiser ver.
Meus olhos encontram os de Mia no canto da sala. Está pálida, com os olhos inchados e vermelhos. Sorrio pra ela que se aproxima rápido. Grace da espaço e Mia me esmaga com seus braços.
"Shhh." Sussurro quando sinto seus soluços nascerem.
"Eu fiquei com tanto medo. Não sabia o que estava acontecendo ou se ainda ia querer me ver depois que meu pa... depois do que ele fez."
"Mia, ninguém aqui tem culpa de nada. Eu jamais iria culpar um de vocês ou me afastar."
"Ah, Ana." Chora em meus braços.
"Está tudo bem. Vamos superar isso. Todos nós. Não importa quanto tempo precise."
"Vamos nos sentar." Diz Christian puxando a irmã caçula para seus braços.
Conversamos por horas. Christian foi quem comandou a maior parte do assunto deixando de fora, por enquanto, sobre seus pais. Eu estava sem cabeça para tantas explicações. Só respondia quando necessário.
Nenhum deles escondeu o que sentia. Eu visualizei toda a dor em seus olhos. Grace tentou ser forte pelos filhos mas, não aguentou e teve que ser amparada por eles. Mamãe trouxe água para ela que bebeu com ajuda de Christian. Mais calma, Christian e Elliot a convenceram a deitar um pouco e Mia foi com ela. Kate ficou comigo enquanto eles subiam com Grace.Suspiro deitando no ombro de Kate que me ajeita em seus braços.
Que este pesadelo acabe logo.
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Esconderijo (Em Andamento)
Fiksi PenggemarAté quando ficarei aqui ? Até quando suportarei seu toque ? Quando tempo levará pra alguém notar que eu sumi ? Será que estão me procurando ?