Capítulo 38

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Anastásia Steele

Recobro a consciência e forço minhas pálpebras pesadas a abrirem. O quarto branco e os bips a minha direita me alertam que estou no hospital. Olho em volta não encontrando ninguém.

Imagens do que aconteceu jorram em minha mente e paraliso quando lembro que o beijei.

Não. Eu beijei aquele monstro. Não seguro mais as lágrimas. Deixo tudo o que estava preso sair.

Minha mente continua me perturbando com imagens de suas mãos em mim. De como eu desejava estar morta toda vez que me tocava. O pior de tudo era ter que fingir que eu queria aquilo. Eu nunca quis.

Meus soluços viram gritos histéricos. Me levanto da cama e jogo tudo que vejo pelo quarto no chão. Desconto toda a raiva e a dor que conviveram comigo por anos.

Corro para o banheiro e me tranco. Sinto raiva da mulher me olhando de volta do espelho. Essa é a mulher que eu sou hoje.

Fecho os punhos e soco várias vezes o espelho. Não sinto dor. Já estou quebrada. Estou destruída. Os estilhaços cortam as minhas mãos mas, não paro. Odeio saber que sou isso agora. Isso nunca vai mudar. Nunca vai parar.

Esfrego meus lábios, meu corpo tentando tirar a sensação de suas mãos em mim.

"EU QUERO VOCÊ MORTO, CARRICK GREY." Grito.

"ANA!" Batidas fortes soam na porta.

'POR QUE EU ?" Pergunto cansada.

"ANA!"

"EU SÓ QUERIA TER FEITO FACULDADE. SER NORMAL. AGORA NÃO SOU NINGUÉM."

"ANA. Me deixa entrar."

"Não sou ninguém." Choro caindo no chão.

"ANASTÁSIA, ABRE A PORTA." As batidas continuam.

Vejo um dos cacos de vidro no chão e o alcanço. Minha visão está meio turva. Meus olhos incomodam.

"ANAAA!" Ouço um estrondo alto e a porta abre violentamente.

Braços fortes me tiram do chão e me assusto tentando me soltar.

"Calma, amor. Sou eu. Shhh."

"Christian ?" Pergunto olhando pra ele confusa.

"Eu tô aqui. Tá tudo bem." Diz tirando o vidro da minha mão.

"Vamos embora. Pra bem longe. Por favor." Sussurro.

Christian beija minha mãos e seus lábios sujam com meu sangue.

"Nós vamos sair daqui. Só nos dois. Eu prometo." Promete e suspiro aliviada.

Sou carregada pra fora do banheiro. Escondo meu rosto no peito de Christian. Ele me coloca de volta na cama e só agora reparo nas outras pessoas dentro do quarto.

Uma mulher de branco se aproxima e Christian acena para ela.

Sinto uma picada no meu braço. Christian me impede de olhar e segura meu rosto.

"Vai ficar tudo bem." Sussurra com os olhos marejados.

É a última coisa que eu escuto antes dos meus olhos fecharem.

***

Acordo sentindo um carinho no meu rosto. Abro os olhos e vejo Christian me olhando com o semblante preocupado.

"Oi, baby. Como você está?" Pergunta beijando meu rosto.

"Me sinto cansada. Que horas são?"

"São 08:45am."

"O que? Eu dormi aqui ?" Pergunto assustada.

"Fica calma. Foi preciso." Diz me ajudando a sentar na cama.

Vejo minhas mãos enfaixadas e reparo que estou em outro quarto. Christian, sentado no pé da cama, não tira os olhos de mim.

"Eu posso ir embora ?"

"Estava esperando você acordar. O médico já assinou sua alta."

"Eu tô bem ?" Pergunto rouca.

"Vai ficar. Eu garanto." Diz se aproximando para me abraçar.

"O que aconteceu?"

Christian suspira e se afasta para me olhar.

"Você teve um surto, amor. De acordo com o médico, isso era esperado depois do que você passou." Diz sério.

Tenho vagas lembranças do que aconteceu. Olho pra Christian:

"Tem mais, não é?!

"É melhor conversarmos quando você estiver bem."

"Christian, eu preciso saber."

Ele pega minhas mãos e fica olhando os machucados.

"Você desmaiou assim que saiu da penitenciária. Trouxemos você pra cá. Fizeram alguns exames mas, você estava bem. Imaginei que se sobrecarregou depois do que houve lá." Diz cerrando os dentes.

"Christian, me perdoa." É só o que posso dizer.

"Não tenho nada do que te perdoar. Você estava fazendo aquilo por mim. Eu que deveria pedir o seu perdão. "

Dou um selinho em seus lábios e aperto sua mão.

"E depois ?" Pergunto.

"Eu sai para atender a um telefona. Deixei você dormindo. Quando estava voltando ouvi seus gritos do corredor. Entrei correndo e me assustei quando não te encontrei e vi a bagunça que estava no quarto. Ana... quando eu a vi naquele banheiro toda machucada. Você sofrendo daquele jeito. Por um momento eu pensei que... se eu tivesse demorado mais um pouco..." Christian abaixa a cabeça e beija minhas mãos.

"Me perdoa, amor." Choro imaginando a dor dele.

Jamais pensei que machucaria Christian dessa fora.

"Eu não tenho que perdoá-la, Ana. Olha tudo o que você teve que passar. Não a culpo por nada. Eu poderia tê-la perdido mas, a culpa não seria sua. Ele é o culpado. Acabou, Ana. Você nunca mais terá que vê-lo de novo." Diz sério segurando meu rosto.

"Eu amo você." Sussurro em seus lábios.

"Você é tudo pra mim. Também amo você." E me beija.

"Obrigada por estar aqui."

"Eu sempre vou estar aqui."


Esconderijo (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora