Anastásia Steele
Estou sentada na cama, tentando não roer as unhas de nervoso vendo Christian com o celular no ouvindo andando de um lado para o outro.
"Tudo bem. Eu te espero." Diz Christian encerrando a chamada.
"E aí?"
"Ele está vindo pra cá. Quer me mostrar pessoalmente." Diz sentando ao meu lado.
Pego sua mão e aperto. Transmitindo toda minha confiança pra ele.
"Estamos nessa juntos. Fica calmo."
"Estou nervoso." Diz olhando para nossas mãos.
"Eu sei. Vem, vou fazer um chá pra gente." Digo puxando-o pela mão.
Descemos as escadas. A maioria das luzes estão apagadas. Perdi a noção do tempo. Acendo a da cozinha e coloco a água pra ferver. Me inclino sob o balcão e pego Christian me observando.
"O que foi ?" Pergunto baixo.
"Estava sentindo falta disso."
"Falta de que ?"
"Dessa suavidade entre nós." Diz pegando minha mão.
"As coisas irão melhorar." Prometo.
Termino nosso chá e sentamos na sala. Ligo a TV num canal aleatório e me aconchego com Christian no sofá. Ele joga um cobertor sobre nossas pernas e esperamos.
Devo ter cochilado pois, acordo com Christian sussurrando:
"Baby, acorda."
"Eu dormi muito ?" Pergunto coçando os olhos.
"Um pouco. Recebi uma mensagem de Luke. Estão chegando."
Aceno com a cabeça e levanto. A companhia toca e Christian levanta. Vamos juntos até a porta e abro.
"Sr Grey. Srta Steele. Desculpa o horário inoportuno mas, era urgente." Diz apertando nossas mãos.
"Sem problema. Entre." Diz Christian.
Ele nos acompanha até a sala e se senta.
"Vamos direto ao assunto. O ex-policial sob nossa custódia, Jake resolveu cooperar com nossas investigações. Ficou sabendo sobre a prisão do sr Grey e nos deu algo em troca de imunidade."
"O vídeo." Diz Christian.
"Sim. Naquela noite, as câmeras de uma mercearia gravaram o exato momento em que tudo aconteceu. O sr Grey pagou para que apagasse todas as provas. Mas, parece que Jake quis manter uma delas em troca de mais dinheiro."
"Meu Deus." Suspiro.
"Assim que tivemos acesso ao conteúdo nossos homens analisaram as imagens em busca de alguma fraude. Não encontramos."
"Eu quero ver." Afirma Christian.
"Imaginei que diria isso." Diz Flyn se encaminhando para a TV.
Alguns minutos depois, Flyn volta para perto de nós. Com um aceno de Christian, ele dá play.
A gravação está em branco e preto. Há uma estrada e um posto de gasolina não muito distante. Um casal aparece correndo seguidos por um carro preto que os para. Um homem desse do carro apontando uma arma pra eles. Parecem discutir. A mulher demonstra estar implorando. Vejo com horror o homem atirar nela. A mãe de Christian. Não! O homem que imagino ser o seu pai, leva uma coronhada na cabeça e cai ao lado dela. Eles são arrastados até carro e o vídeo acaba.
O silêncio perturbador é doloroso. Ele atirou nela. Atirou na mãe de Christian. Meu Christian. Ah não.
Aperto a mão de Christian e o abraço. Ele não tira os olhos da tê-la. Aliso seu rosto e ele pisca como se estivesse saído de um transe. Olha pra mim e seu aperto é quase doloroso. Não reclamo.
"Minha mãe..." Sussurra.
"Shhh, amor. Eu tô aqui." Puxo-o para meus braços.
"Minha mãe... Ana.."
"Eu tô aqui. Eu tô aqui."
"Não foi assalto." Diz ainda em choque.
"Vamos resolver isso, amor."
"Mas, isso não é tudo Sr Grey." Diz Flyn.
"O que quer dizer ?" Pergunto e Christian o olha.
"Durante o funeral, cuidaram para que ambos os caixões ficassem fechados. Jack garantiu que levou ambos com vida para Carrick. Tivemos que abrir o caixão dos dois."
"Vocês o que?!" Pergunta Christian se levantando.
"Sr Grey, foi necessário." Diz Flyn se levantando também.
"E agora ?" Pergunto buscando respostas.
Flyn suspira fundo e olha pra nós.
"Estavam vazios."
"O que ?" Perguntamos ao mesmo tempo.
"Não podemos afirmar nada. Mas, existe a possibilidade de seus pais terem sobrevivido." Solta a bomba.
"Está dizendo que eles podem estar vivos? Isso é impossível." Diz Christian rindo nervoso.
Vou até ele e o abraço.
"O que está nos dizendo detetive ?" Pergunto chocada.
"Estou dizendo que existe a possibilidade de que a senhorita não foi a única a ser mantida presa durante todo esse tempo." Esclarece.
"Aquele monstro os mantém presos?" Pergunta Christian.
"Existe a possibilidade, Sr Grey."
"Oh, querido." Sussurro beijando o peito de Christian.
"Nossos melhores homens estão investigando. Teremos nossas respostas."
"Conseguiram tirar algo dele ?" Pergunta Christian.
"Foi como falar com a parede. Como esperávamos, ele não vai abrir o bico." Diz Flyn.
"DESGRAÇADO." Grita Christian me assustando.
"Calmo, amor." Sussurro tentando acalmá-lo.
Mais tarde o detetive Flyn anuncia que vai embora. Christian insiste que ele passe a noite em um dos chalés mas, o homem se nega e diz que precisa voltar.
Deitamos na cama e Christian fica apoiado no meu peito. Hoje o dia foi muito forte pra ele. Seus pais podem estar vivos. Do que mais aquele monstro é capaz ? Faço cafuné em seu cabelo tentando consolar seu coração.
Ouço sua respiração tranquila e percebo que ele dormiu. Aconchego mais a coberta sobre nós e penso em como eu poderia ajudar. Durante anos ele esteve me procurando. Eu quero mostrar o que sou capaz de fazer por ele. O quanto eu o amo. E como me dói vê-lo sofrendo.
Talvez, eu saiba o que fazer. Mas a que preço?
Olho novamente para Christian. Antes de dormir, tenho a certeza que ele vale muito a pena. Não importa quanto eu tenha que pagar mais tarde, eu o farei.
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Esconderijo (Em Andamento)
Hayran KurguAté quando ficarei aqui ? Até quando suportarei seu toque ? Quando tempo levará pra alguém notar que eu sumi ? Será que estão me procurando ?