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Finais de semana costumam ser entediantes para mim. Servem como um descanso da sua rotina semanal (o que é bom) porém, quando não se tem nada para fazer neles, a não ser escutar os roncos de sua mãe dormindo depois de mais uma semana de trabalho, passam a ser entediantes.

Dois dias atrás, eu e Lucas tivemos uma certa conversa onde passamos o horário para almoço todinho antes das próximas aulas, trancados no clube de áudio visual. Confesso que foi estranho e ao mesmo tempo reconfortante. Estranho no sentido do qual meu namorado parece me conhecer melhor que eu própria. Reconfortante porque mesmo sem conseguir arrancar palavras claras de mim, ele não me pressionou e acreditou naquilo que disse, mesmo eu mentindo para ele.

Depois desse ocorrido, não o vi durante esse meio tempo. Não sei bem o que houve com ele, talvez eu só tenha chegado a um ponto onde nem consigo mais notar a presença de meu namorado. Costumo estar em uma bolha somente minha, somente eu e meus pensamentos. Que é bem provável não te-lo notado, por mais perto que ele estivesse.

Passavam-se das 6:20 PM e eu já estava de pijama. Uma camisola verde com meu cabelo preso no coque que normalmente acostumei a fazer. Mamãe já havia jantado e disse estar indo deitar pois finais de semana passam rápido e ela queria bastante tempo para descansar. Talvez se eu não estivesse tão entretida com um programa que reproduzia agora mesmo na TV, também iria para meu quarto mesmo sem sono.

Posso dizer que uns vinte minutos se passaram até eu escutar batidas na porta. Demorei para levantar, mas quem estava do lado de fora não desistiu tão fácil. Eu não estava esperando ninguém, creio que minha mãe também não, já que foi dormir. Caminhei em direção a porta imaginando que alguém havia se enganado, mas ao abrir, acabei encontrando quem eu menos imaginava.

— Lucas?

— Oi, posso entrar? - questionou. Notei que ele segurava uma sacola.

— Ah, pode - dei espaço para o mesmo passar, não iria negar isso a ele e também estava curiosa para saber o motivo de sua visita — o que veio fazer aqui? - perguntei logo após fechar a porta.

— Eu vim te ver. E também trouxe algo - respondeu tirando o casaco que usava, ficando apenas com uma camisa vermelha — aqui - pegou a sacola que carregava, revelando uma VHS de um filme que eu conhecia muito bem — seu favorito.

— Trouxe "Halloween" para assistirmos?! - peguei a fita de sua mão enquanto caminhávamos para a frente da TV.

— Também trouxe pipoca para fazer e mais algumas besteiras - mostrou ele retirando da sacola — passei na family video hoje e decidi alugar.

— Por que não avisou que viria? - observei aquele monte de besteiras jogadas no sofá.

— Eu não te vi durante esses dois dias, então... meio que não tinha como avisar.

— Era só ter ligado - pontuei.

— Tudo bem, eu queria fazer uma surpresa - disse ele se entregando. Terminei por sorrir.

Coloquei o filme perto da TV e observei Lucas sentar-se no sofá com uma expressão que o deixou confuso.

— Algo de errado? - perguntou ao notar minhas sobrancelhas arqueadas enquanto eu o observava.

— Você irá me ajudar a fazer a pipoca - agarrei sua mão tirando seu traseiro do sofá, pegamos o pacote de milho e seguimos para a cozinha.

— Max, eu não sei cozinhar - resmungou.

— Não é possível que você não saiba fazer umas pipoquinhas, Lucas - zombei dele porém, também não sou uma das melhores na cozinha.

— Acredite, da última vez que fiz para assistir com Érica, acabei queimando tudo - olhei para ele desacreditada — e essa nem é a pior parte, tive que comer as queimadas.