Ser uma pessoa com dificuldade de expressar ou verbalizar meus sentimentos e emoções, me causa estresse e ansiedade. De fato, prefiro guardar esses sentimentos para mim e sofrer em silêncio do que compartilhá-los.
Nunca tive experiências ótimas com figuras masculinas em minha vida. Neil Hargrove, meu ex-padrasto, sempre foi um escroto. Agora que ele saiu de casa é até melhor, mas deixou minha mãe nesse estado de alcoolismo. Billy, meu meio-irmão, posso dizer ser difícil entender o que sinto a respeito dele, não tínhamos uma relação boa de irmãos e ele era um abusivo ao extremo quando se tratava de mim. Billy era como o inferno em forma de pessoa, se ele era tão escroto quanto o pai, por que me sinto tão culpada?
Enquanto à Sam Mayfield, meu verdadeiro pai, ele não é um escroto, mas não é uma figura paterna presente em minha vida. E se eu gostaria que fosse? não sei dizer.
Relações como essas resultaram em consequências psicológicas para mim. Sinto dificuldade em me relacionar com garotos, é automático o mecanismo de defesa caso eles queiram se aproximar. Mas um deles é diferente, Lucas entrou na minha vida de uma maneira sutil e é simplesmente bom tê-lo por perto. Ele não é nem um pouco parecido com essas características que listei, me trata bem e me faz sentir bem.
Depois de 4 de julho, com a morte de Billy, eu meio que entrei em um estado psicológico onde não consigo mais me sentir feliz. O sentimento de culpa é tão presente aqui, ando constantemente me culpando por tudo que aconteceu naquela noite, sinto esse sentimento me queimando. Estou doente psicologicamente e estou cansada também. Cansada de me sentir assim, me sentir responsável por sua morte. É como se eu estivesse em uma praia, o mar passa a ser todos esses sentimentos de culpa, ansiedade e luto. Eu continuo me afundando nesses sentimentos, por consequência posso acabar levando pessoas importantes a afundarem juntamente a mim. Consigo ver a praia, sei que está sobre a superfície. Mas o considerável questionamento: como chegar à superfície?
Não faço ideia de como sair desse mar aberto. Somente sei que preciso encontrar a bóia de resgate sozinha, preciso me encontrar novamente.
Pensamentos assim me fizeram afastar-me das pessoas mais importantes para mim. Lucas, tenta me ajudar, mas quando você não quer ser ajudada, acaba se tornando difícil, não é? como eu disse, não consigo expressar o que sinto, é mais fácil aguentar em silêncio. Pensei bastante no que foi dito quando ele dormiu aqui em casa, especificamente no "acaba me consumindo junto" e analisando a minha situação no momento, o melhor para nós dois é o fim dessa ilusão de que tudo vai ficar bem.
Porque eu sei que não vai.
Agora estou indo ao ginásio onde irá ocorrer mais um jogo dos Tigers. Somente quero ver Lucas, quero conversar. Eu estava no meio de diversos alunos entusiasmados e cheios de esperança para esse jogo, mesmo o time da casa perdendo demais ultimamente. As arquibancadas estavam começando a ficar cheias, porém, não vim assistir mais um fracasso do time de basquete de Hawkins. Procurava com meu olhar perdido um jogador em específico, como ainda não havia começado obviamente ele não estaria no ginásio no momento. Então segui para o vestiário torcendo para o encontrar lá.
Meus fones permaneciam ao redor de meu pescoço. Estava usando uma camisa branca e um casaco vermelho fechado quase que totalmente, junto a meu sapato também vermelho, segurava meu skate em uma das mãos. Por algum motivo, o clima estava frio. Uma sensação de nervosismo estranha tomava conta de mim. Eu já havia feito isso cinco vezes, porque me sinto desse jeito agora?
Aquele lugar encontrava-se com o time de basquete em uma pequena reunião, uns estavam sem camisa comemorando a vitória antes mesmo de ganharem. O vestiário masculino em uso não é um dos melhores lugares para se estar, a atenção de todos se puseram a mim, assim que entrei no espaço, mas eu queria a atenção de somente um jogador. E ele me encarou surpreso assim que me viu, deixando o resto do time continuar suas estratégias, vindo em direção a mim.
— Max! que surpresa te ver aqui - sim, de fato, não venho em nenhum dos jogos — veio finalmente dar uma chance aos tigers? - gostaria de estar ali por um motivo banal, mas esse não era o caso.
— Não, quero te pedir uma coisa, somente isso - fui clara, mas ainda aparentava nervosismo e Lucas percebeu.
— Está tudo bem? você parece agitada.
— Está sim - na verdade, não.
— Bem, e o que você quer pedir? - lembrou-me do porquê eu estava ali.
— Você poderia me encontrar naquele lugar hoje? depois de seu jogo? - ele sorriu, merda. Talvez ele tenha achado que o convidei para mais uma noite tranquila observando as estrelas, mas pelo contrário, aquela noite estava longe de ser tranquila.
— Tudo bem, eu te encontro lá - concordou sem questionar muito, somente: — mas posso receber um spoiler sobre o que esse encontro trata-se?
— Sem spoilers!
Ele sorriu. E mais pensamentos confusos rondavam minha mente naquele momento, questionando-me se era realmente certo o que eu faria assim que nos encontrarmos no lugar de sempre.
Jason apareceu ali no corredor, convencendo Lucas a voltar ao vestiário porque estariam na quadra em poucos minutos, ele acenou com a cabeça, sinalizando que já voltaria. Sua atenção novamente concentrou-se em mim, questionando:
— Tem certeza que não quer ficar para o jogo?
— Tenho, sim, você sabe que não sinto vontade de assistir a esses jogos escolares. Mas boa sorte, de qualquer forma - o desejei, mesmo que bem provável ele não sair do banco.
— Também posso ganhar um beijo de boa sorte? - confesso que sorri. Ele é tão bobo.
— Por que não?
O beijei. Ali mesmo, no corredor perto de seu vestiário, faltando pouquíssimos minutos para seu time entrar em quadra. Sentir seus lábios sobre os meus causam-me sensações indescritíveis, suas mãos em minha cintura deixam-me com aquele frio na barriga de quando você desce em uma montanha-russa. Me permitir desligar-me do mundo real apenas para sentir seus lábios sobre os meus mais uma vez, permitindo-me me sentir apaixonada, uma última vez.
Porque é assim que me sinto a respeito dele, me sinto apaixonada. E como eu gostaria de ter uma vida menos conturbada, passar tempos ansiando por seus lábios ou sinais de carinho. Mas isso são pensamentos e desejos impossíveis, talvez em outra vida, quem sabe.
O observei partir em meio aquele corredor. Estava parecendo animado igual aos outros a respeito de hoje, por mais que não saísse da reserva. Que para ser sincera, acho uma tremenda merda. Lucas tem um potencial 'pra caramba e chances de finalmente dar vitórias para esse time, sei o quanto ele espera paciente pelo dia que sairá do banco.
Ele sumiu de meu campo de vista, segui meu caminho de volta para o esperar onde havíamos combinado. Deslizei sobre meu skate, me sentindo leve. Dessa vez meus cabelos estavam soltos e consequentemente balançavam bastante por culpa da ventania, já mencionei que estava um clima frio.
Andando por aquelas ruas sem muita iluminação, mantendo meus pensamentos somente nele, em nós. Eu torcia para que o fim do jogo demorasse o máximo para acabar, me sinto tão nervosa dessa vez e ainda tento descobrir o porquê tanta inquietação. Talvez seja por causa dele, apenas ele consegue mexer desse jeito com meus sentimentos.
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the beach » lumax
Fanfic✦ !! essa pequena história foi postada há dois anos. meu estilo de escrita e meus pensamentos não são mais os mesmos. sejam gentis :) [...] Fallin' again, I need a pick-me-up I've been callin' you friend, I might need to give it up I'm sick and I'm...