the beach » lumax

losing your mind

Abri os olhos ainda atordoada pelo tapa que havia acertado meu rosto. Eu estava deitada no chão, provavelmente apaguei. Senti uma ardência incomodar minha bochecha, acabei ignorando no momento porque ao olhar para o lado, Mike permanecia desacordado. Fui engatinhando até ele, o chacoalhando para acordar.

— Mike? Mike, acorde. Está me ouvindo? Mike! - eu falava, esperando reações do garoto a minha frente, não demorou para ele abrir os olhos — ei, vamos - peguei seus braços o ajudando a levantar — está bem? - questionei enquanto Mike observava ao nosso redor.

— Cadê a El? - parei para observar junto a ele, Eleven havia sumido. Billy a levou.

Rapidamente seguimos pelos corredores que nos levaram aos fundos do Scoops Ahoy, Mike temia o pior e eu estava com medo do que encontraríamos mais a frente. Quando atravessamos aquela porta, me deparei com o caos, um pesadelo vivido. Aquela criatura iria atacar Eleven que estava vulnerável no chão. Billy se pôs a sua frente impedindo, segurando as garras daquele bicho. E eu? permaneci paralisada. Não sabia direito como reagir, somente fiquei lá parada vendo mais garras perfurarem o corpo de meu irmão, vendo ele gritar de dor.

Eu estava tão assustada, não conseguia mexer meus músculos, me sentia imóvel. A criatura o levantou no ar e como ato final, perfurou seu coração.

— Billy!

Gritei horrorizada observando o corpo de meu irmão ser solto e ele cair praticamente morto no chão. Caminhei até ele ainda sem reação, estava cheio de sangue, mal conseguia falar algo direito.

— Billy? Billy, levante-se, por favor - me ajoelhei ao seu lado, segurando seus ombros e suplicando para ele levantar, para ele ficar bem.

— Me desculpe.

Foi tudo que ele conseguiu dizer antes de sua respiração parar completamente.

— Billy... Billy, acorde, por favor - lágrimas salgadas tomavam conta de meu rosto agora, juntamente a uma sensação horrível — Billy, por favor - sentia como se tudo a minha volta estivesse entrando em colapso, vendo seu corpo sem vida a minha frente e não poder fazer nada — Billy!

Gritei seu nome diversas vezes com a voz embargada, chorar era tudo que eu fazia no momento. Senti braços puxando meu corpo para si, acariciando meus cabelos, era Eleven. A garota murmurava "sinto muito. Está tudo bem." E continuava repetindo que "está tudo bem." Só que pelo contrário, estava tudo muito longe de estar bem.

[...]

Acordei suada com um aperto no peito, uma sensação ruim. Sentei em posição de borboleta na cama, passei minhas mãos entre meus cabelos afastando-os do meu rosto. Tentei me acalmar, era apenas um sonho. Para ser mais exata, um pesadelo. Notei que Lucas dormia tranquilo, levantei da cama checando o horário em meu relógio de pulso amarelo, que estava em minha cômoda, passavam-se das 2:40 AM. Sai do cômodo para não acabar o acordando.

Caminhei até a cozinha para beber um copo de água, tentando me locomover sem esbarrar em nada, havia pouca luz e eu aparentava estar meio grogue. Procurei os potinhos que guardo remédios para me ajudar a dormir, não estavam onde eu havia deixado da última vez, droga. Vasculhei praticamente a cozinha e a sala inteira, deduzi que minha mãe provavelmente os pegou, devem estar em algum lugar no quarto. Deixei o copo vazio na pia e acabei indo até lá, tentando fazer o máximo de silêncio possível.

Adentrando o espaço, ela estava roncando, deitada de um jeito bem espaçoso na cama, dormia tranquilamente. Fui rápida, o objetivo era apenas achar meus remédios e conforme eu procurava com cautela, a teoria estava certa. Encontrei nos fundos de uma gaveta, onde haviam também outros que eu nem sabia existirem ali. Voltei para a cozinha após fechar a porta do quarto e deixá-la descansar. Abri um dos potinhos colocando dois comprimidos na mão, enchendo novamente o copo com água. Antes de colocá-los na boca, fui interrompida.