Last Love

05 - Tongue

No primeiro dia de Gizelly em Harvard eu aproveito para ir conhecer a Tongue, uma das tantas escolas de línguas que meu pai tem espalhadas pelo país. Mamãe nunca suportou o fato dele ter se dado bem nos negócios após o divórcio,

Ele claro, já havia deixado de sobreaviso minha ida. Conversei bastante com o coordenador, um homem simpático de seus quarenta e poucos anos que ja até tinha um cargo claramente criado para mim. Que basicamente uma faz tudo, do tipo pegar café para os professores, ajudar com alguma coisa na área administrativa. Ir de um lado para o outro o dia todo. Se duvidar até a faxineira corro risco de ter que dar uma mãozinha.

Definitivamente não quero depender de minha família, mas começar a fazer alguma coisa, mesmo sob influência de meu pai, não vai fazer mal algum quando não tenho experiência em nada. Melhor que ficar trancada sozinha num apartamento.

Por sorte todos os funcionários com quem interagi foram legais. Ellison, a recepcionista, é uma delas. Conheci alguns outros professores e não gostei apenas do de língua inglesa que é bem petulante e machista. Mas o que me surpreendeu foi encontrar Pablo, o filho do porteiro trabalhando na área de web marqueting. Ele me ensinou como usar o metrô, a forma mais rápida e fácil de chegar em casa.

No fim da primeira semana já estou completamente familiarizada com todos.

— Rafa, vem? — chama Pablo.

Havíamos combinado de ir tomar um suco no shopping que fica bem perto. Vamos nós e um casal de alunos com quem fiz amizade.

Aparentemente eles já tinham feito amizade com todos na escola. Brad e Taylor pretendem casar e passar a Lua de mel na Espanha, por isso querem saber ao menos o básico da língua.

Quando chegamos na praça de alimentação eles já estão e acenam para nós.

Eu peço apenas um suco de morango e tomo ouvindo os rapazes conversar sobre motos. Mas logo a conversa toma o rumo relacionamentos e o assunto casamento é o principal, obviamente.

— Dizem que somos jovens, mas acho que nós não temos todo o tempo do mundo, nunca se sabe o dia de amanhã então vamos fazer o hoje valer a pena — diz Stela me fazendo lembrar de um discurso que Gizelly fez certa vez. Uma onda de nostalgia me arrebata e suspiro profundamente. — Você já pensou sobre casamento Rafa? — pergunta de repente.

— Ela já é casada — diz Pablo me fazendo arregalar os olhos.

— Mentia, sério? — O casal me questiona. — Parece tão nova.

— Ah, não é bem um casamento, nós apenas moramos... — Penso sobre o assunto sexualidade entrar em questão e não me sinto preparada para isso. — Juntos a pouco tempo. Inclusive, tenho que ir fazer o jantar. — Levanto e pego a bolsa me despedindo de todos.

Saio o mais rápido possível dali, mas sou surpreendida por alguém que surge em minha frente com um sorriso brilhante.

— Rafa, quanto tempo! — diz Bianca vindo em minha direção.

— Sim é verdade. — Observo suas sacolas. — O ex novamente?

— Não, só estou bem entediada. — Sorri começando a caminhar devagar em direção às mesas e acompanho em seu ritmo. — E você, veio com a namorada?

— Não, vim com alguns colegas de trabalho.

— Por falar nisso, eu gostaria de me desculpar se minha reação foi meio incômoda da última vez. Sua namorada assim como você é linda, eu fiquei um pouco impactada — tagarela enquanto senta em uma cadeira e automaticamente faço o mesmo. —  Vocês formam um belo casal.