Capítulo 2

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--- POV Isaac ---

Ao entrarmos no refeitório, meus sentidos se aguçaram imediatamente, eu sabia que a pessoa que eu procurava estaria aqui, a presença dele era forte o suficiente pra senti-lo desde o momento que meus pais e eu entramos neste maldito lugar. Não demorei mais do que 10 segundos para que minha visão parasse em um certo garoto sentado sozinho em uma mesa que serviria para 10 pessoas.

Era óbvio que o estavam evitando, havia crianças que andavam de um lado para o outro com bandejas de comida nas mãos, procurando onde se sentar, mas nem mesmo uma delas olhava duas vezes para a mesa de Tom. Todos pareciam compartilhar da opinião da senhora Cole sobre aquele garoto ser uma "aberração".

Mas ela também não estava errada em dizer que o garoto parecia muito com minha mãe, Tom parecia uma versão mais jovem e máscula de Margareth, qualquer um que os visse lado a lado, não teria dúvidas em dizer que eram mãe e filho, mesmo que não tivessem nenhum laço sanguíneo. Com esses pensamentos, e muitos outros, em mente, andei em direção à mesa de Tom, esse que agora me observava atentamente como se estivesse tentando me entender.

Na metade do caminho, fui parado por um garoto grande e de aparência rude que colocou a mão em meu ombro, sem minha permissão, e me deu um sorriso falso como se estivesse tentando me cativar com um charme que não possuía. Ao me tocar, um explosão de memórias fluiu pela minha mente me deixando um pouco tonto, Billy Stubbs era o nome do garoto, eu vi ele observando Tom sibilando para uma cobra, Stubbs matando a cobra e a colocando na cama de Tom, Stubbs achando seu coelho morto pendurado e colocando a culpa em Tom.

Quando as memórias finalmente pararam, voltei a mim e percebi que Billy ainda estava com a mão em meu ombro. Eu então, não tão delicadamente, retirei sua mão de meu corpo e dei um passo para trás recriando o meu espaço pessoal que Billy havia invadido. Billy, percebendo meu recuo, franziu a testa levemente mas logo a expressão foi embora e ele passou a sorrir ainda mais forçadamente.

- Você é um novato? - Stubbs perguntou.

- Você quer saber se eu vou ficar morando aqui? Não mesmo. Minha mãe mataria meu pai se ele apenas imaginasse como seria me deixar em um lugar como esse. - a centelha de inveja que passou pelos olhos de Billy teria feito eu me arrepender de ter dito isso se fosse qualquer outra pessoa, mas ele não era alguém com quem eu estava disposto a sentir pena ou empatia, já que ele também não parecia sentir isso por seus companheiros do orfanato.

- Então o que você faz aqui?

- Meus pais vão comprar o orfanato - nessa hora eu pude ver o interesse de Billy subindo, ele com certeza quer me usar para aumentar seu rank no orfanato, pena que eu não gostei dele desde o começo.

- Ora, mas que interessante, por que não se senta comigo e meus amigos e nós podemos conversar mais sobre isso?

- Desculpa, eu já estava indo conversar com alguém antes de você atrapalhar meu caminho. - falei já impaciente.

- Não seja tão irritante pirralho, venha sentar-se conosco - Billy falou tentando pegar meu braço para me puxar, mas eu desviei antes que ele conseguisse. Uma visão de Billy tentando me pegar mais uma vez surgiu em minha mente, ele então foi com a mão direita em direção a meu ombro esquerdo, mas antes que pudesse me tocar, eu agarrei seu pulso, me virei e o joguei para frente. Billy cambaleou e acabou caindo de cara no mingau - ou o que quer que fosse essa gororoba que chamam de comida aqui - de uma garota que ia passando.

Antes que ele pudesse se levantar e raciocinar o que aconteceu, voltei a andar na direção de Tom que parecia se segurar para que sua máscara inexpressiva não se quebrasse em um ataque de risos. Ao chegar ao meu destino, Tom me olhou da cabeça aos pés como Cole havia feito, mas diferente dela, não havia o olhar repreensivo preconceituoso, apenas pura curiosidade infantil.

Tom Marvolo... Niwrad?Onde histórias criam vida. Descubra agora