Capítulo 1 - "Do outro lado, o que há?" • Parte 1

2.4K 97 414
                                    

ATUALMENTE

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

ATUALMENTE

Bem-vindo a bordo. Espero que encontre uma cabine confortável — com um colega de quarto engraçado, talvez — ou que passe o restante de suas horas encarando a parede. Talvez seja isso que você mereça. O que eu posso dizer? Bem, de qualquer forma, não há nada de tão interessante a se fazer em uma viagem de dois dias e meio. Exceto, é claro, se você não souber para onde está indo.

É isso que aconteceu com aqueles treze passageiros. Eu suponho que você não seja um deles. E espero que suponha o mesmo sobre mim, porque não pretendo dizer a verdade até o final deste relato. Vamos manter a formalidade aqui, certo? A partir de agora você me conhece como Passageiro Número Um e eu o conheço como Passageiro Número Dois. Encare isto como a primeira peça para o seu enorme quebra-cabeça.

De uma forma ou de outra, deve ser verdade que todos nós precisamos de um recomeço às vezes. Ou de um ponto final. Para aquelas treze pessoas, entretanto, não era importante que soubessem como começar, muito menos onde encontrariam o seu "ponto final". Tudo o que importava era a viagem. O caminho, a subtração entre o destino e a partida. Isso era tudo que tinham.

Esse caminho é onde se encontram, se perdem, lutam, morrem e vivem. Tudo sempre foi sobre a viagem — e eu gostaria que você começasse a pensar dessa maneira a partir de agora também.

Mais uma vez, eu insisto que se acomode em sua cabine, viajante. Ou simplesmente deite sobre o chão áspero e gelado e encare as manchas de sangue no carpete. Você está perto de descobrir o que havia de tão interessante em uma viagem de trem ao pequeno condado de Barrymore.

Além disso, o porquê de nunca terem desembarcado em Barrymore.

23 de outubro. Manhã.

Clarice Brassard precisava escapar. Com suas sapatilhas surradas e uma bolsa de couro falso, comprada na loja de utensílios perto da pequena casa onde vivia, a garota de cabelos ruivos corria desesperadamente pelas ruas da enorme capital.

Mudou de direção quando avistou um pequeno beco que, embora sem saída, daria a ela a chance de pular por cima de uma enorme cerca e cortar boa parte do trajeto. Clarice jogou a bolsa para o outro lado e tirou o cabelo longo da frente de seus olhos. Depois, ignorando a dor dos cortes debaixo das solas dos pés, atirou-se sobre o concreto duro do outro lado da cerca.

Apanhou seus pertences e continuou correndo até que chegasse à colina — a parte mais alta da cidade. Assim que se juntou a outros civis que caminhavam na mesma direção que ela, Clarice foi perdida na multidão e se tornou só mais uma. Agora ninguém a encontraria.

A estação principal do condado de Morrowborn estava tomada por viajantes naquele horário. Mais de cinco locomotivas partiriam em direções diferentes, o que explicava a quantidade exagerada de pessoas circulando. Mas também havia um segundo motivo para tanto alarde àquela hora da manhã.

Trem para Barrymore [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora