VENCEDOR DO GRANDE PRÊMIO - WATTYS 2023 🎖
"Não pode ser coincidência que nossos destinos tenham se cruzado justamente agora. Esta é a viagem de nossas vidas, se não for aquela que culminará em nossas mortes."
Na intenção de escapar de conflitos gen...
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DIA 481.
Pouco mais de uma semana se passou desde que os dois irmãos resolveram descer até o abismo. Elliot foi quem precisou de mais tempo para se acostumar com a umidade e a escuridão do lugar, mas Angelina logo encontrou um jeito de usar o fogo como iluminação lá embaixo.
Alguns objetos e velharias que faziam parte da carcaça do trem começaram a aparecer nas rochas depois da primeira noite. A irmã mais velha coletou tudo o que, por parecer utilizável, talvez pudesse ajudá-los a sobreviver. Isso incluía alguns tecidos velhos e poucas latas de comida que haviam resistido à queda.
Eles nunca encontraram o corpo de Maximus Montgomery.
No dia quatrocentos e oitenta e um, a Montgomery mais velha se deu conta de que a corda que deixaram amarrada aos trilhos — o único recurso que tinham para subir e descer — havia se deteriorado o suficiente para que não pudesse mais ser usada. Angel sentiu os fios soltando-se em suas mãos quando tentou segurá-la.
Nessa hora, ela passou a estar ciente de que não tinham mais como voltar ao topo. Ela e o irmão estavam definitivamente presos naquele lugar. No entanto, não contou a Elliot sobre isso. Sabia que ele enlouqueceria — mais rápido. E o desejo de manter aquele garoto a salvo da loucura era o que a mantinha viva.
Ao anoitecer, os dois irmãos encontraram-se ao redor de uma pequena fogueira improvisada. Puseram suas mãos trêmulas em cima do fogo e esperaram até que aquele pequeno pedaço de iluminação, a única fonte num mar de escuridão, os salvasse.
— A comida está acabando. — comentou Elliot, observando as poucas latas que restavam.
— Não está. Ainda não encontramos todas as coisas que estavam no trem quando ele caiu. — respondeu Angelina, sem tirar os olhos da fogueira. — Além disso, eu ouvi algumas gaivotas voando perto dos rochedos mais profundos. Podemos pegá-las.
— Sabe que não são gaivotas. Elas não voam a essa altitude. São corvos, Angel. — disparou o menino, sentindo-se enojado.
Os dois ficaram em silêncio. Angelina soltou um suspiro descontente e escorou a cabeça na parede atrás deles, repleta de musgo e umidade. De repente, Elliot pôs um sorriso no rosto e voltou a parecer entusiasmado com uma notícia nova.
— Eu encontrei alguma coisa hoje de manhã. — disse ele.
— Bem, eu também encontrei uma coisa. Mas você pode contar primeiro. — a menina forçou um sorriso.
— Certo. — ele cruzou as pernas e a encarou. — Há um buraco em uma das paredes lá dentro. Quando me esgueirei por ele, achei uma enorme passagem que levava até outro espaço gigantesco!
— Gigantesco? — perguntou.
— Sim. Quase se parece com um enorme salão para apresentações, como os que existiam na capital. Lembra-se disso, Angel? — seus olhos brilhavam. — Aposto que seria divertido contar a minha história num enorme palco, com uma enorme multidão me observando, em assentos macios e...