Capítulo 12 - "Jantar dos esquecidos"

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29 de outubro

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29 de outubro. Noite.

Eu poderia somente dizer a você que aquele jantar transformou-se imediatamente em outro caso de assassinato terrível, grotesco, violento e repleto de absoluta insanidade. Ao invés disso, prefiro contar o que aconteceu logo depois que o corpo do Bourregard apareceu.

Ainda mais que isso, prefiro admitir que quem quer que tenha arquitetado o jantar sabia exatamente como aqueles passageiros reagiriam. E executou tudo com tanta excelência que o cadáver na mesa deixou de parecer assustador. Porque a reação daqueles quatro era ainda mais.

— Ah... ah... — Claire não conseguia falar. Uma quantidade considerável de sangue havia sido jogada contra o seu rosto quando o cadáver foi levantado.

A ruiva caiu da cadeira com as mãos atrás do corpo. Thomas foi o primeiro a tentar se livrar daquela imagem terrível, embora o cordão fosse realmente muito resistente. Lucy não moveu um músculo, como se suas mãos estivessem grudadas à mesa e todas as partes internas do seu corpo precisassem de um minuto ou mais para voltarem a funcionar. É isso que o choque faz com as pessoas. E parece ainda pior quando se trata do último sujeito que você foi capaz de amar nos trilhos de lugar nenhum.

A última moça presente, Bethany Hayes, foi a única a promover àquela mesa alguma sensação que fosse diferente da paralisia e do horror. Ela surpreendeu os outros três quando roubou do assento de Claire o revólver que foi deixado. Com os dedos segurando o gatilho, Bethany afastou-se ligeiramente da mesa enquanto revezava a mira entre cada um dos seus amigos.

— O que você acha que está fazendo? — Capucci a encarou com um olhar desestruturado, mas foi ameaçado pelo revólver no mesmo momento.

— Estou selando a porra do nosso destino! — Bethany apertou ainda mais o dedo contra o gatilho. — Um de vocês matou o Charles. Santo Deus! Um de vocês é o Anfitrião e vai tentar matar quem sobrou. Eu... eu não posso deixar. Não posso deixar que me matem porque tenho que sair viva deste lugar. Não ousem chegar perto de mim, porra!

Lucy ainda estava sentada à mesa. Os outros dois se afastaram de todo aquele sangue por um instante e começaram a caminhar na direção da Hayes, na intenção de cercá-la. Alguém precisava fazer alguma coisa.

— Pare de agir como uma completa louca, Bethany! Isso tudo já é loucura o suficiente. Nós não precisamos de mais alguém ameaçando acabar com as nossas vidas agora. — gritou Claire.

— Ora, ora. E de quem eu deveria ouvir esse conselho? Da garota que apontou a mesma arma para o meu rosto algumas horas atrás? — Bethany inclinou a cabeça e expôs um sorriso sarcástico.

Enquanto Claire ouvia calada aquelas palavras, Thomas Capucci tentou arrancar a arma das mãos de Bethany. Ela esquivou com rapidez e apontou o revólver para ele.

— Não se aproxime, Thomas. — pediu.

— Esta não é a hora, Beth. — insistiu ele.

— É claro que não é a hora. Nunca é a hora quando se trata de você! Thomas, você passou a viagem inteira repetindo isso. E veja o que aconteceu: nós quatro temos o sangue de outras onze pessoas em nossas mãos agora. Ainda acha que não é a hora para discutirmos o que está acontecendo? Abra os olhos: você não desvendou o mistério a tempo. Dominic está morto. Sophie e Charles também morreram! Precisa parar de tratar isso como um caso criminal para o qual você tem todas as respostas. — Bethany proclamou enquanto rodeava a mesa, na intenção de não deixá-lo alcançá-la. — Ouça, eu tentei ajudá-lo na outra madrugada, quando você estava perdido no fundo do seu próprio pesadelo e todos nós estávamos alucinando feito loucos. Se lembra disso, Thomas? Eu estava lá por você. E tudo... tudo o que eu desejava é que estivesse do meu lado agora.

Trem para Barrymore [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora