Capítulo 10 - "Trem fantasma"

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28 de outubro

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28 de outubro. Madrugada.

"Querido fim do mundo,

acho que estamos a poucas horas do momento em que tudo isso se tornará poeira. História. Coisas estranhas aconteceram desde que subi no trem pela segunda vez. Coisas que não estavam nos meus planos, mas talvez estivessem nos de outra pessoa. Alguém que eu conheço muito bem. Também acho que, embora a imagem do abismo escuro que tem estado em meus pensamentos há quatro anos inteiros me cause muito medo, não consigo imaginar um destino em que eu não seja a pessoa mais feliz do mundo. Ao menos pelas próximas horas, antes da meia-noite. É que conheci alguém. O seu nome é Dominic Cooper, ele tem olhos castanhos, um sorriso bonito e muitos casacos. Também carrega um lenço branco consigo. E, apesar de eu saber que me arrependerei amargamente de encerrar esta história mais tarde, posso sentir que as coisas estão bem agora. Porque não me pareço mais com a criança assustada presa naquele buraco escuro. Acho que agora, daqui até a meia-noite, eu serei quem sempre quis ser. Essa é a última carta que escrevo a você, querido fim do mundo, eu prometo. Não sei por quanto tempo vai durar a sensação de liberdade, mas espero poder ter salvo Dominic antes que ela acabe. Tê-lo salvo de mim, porque não sei o que vou fazer quando aquele horário chegar. Tudo me diz que não tenho outra opção a não ser terminar o que comecei. E sinto muito. Sinto muito por tudo isso. Sinto muito, Dominic.

Com amor, Elliot."

O trem estava em silêncio. Permaneceu assim até perto das quatro da manhã, quando algumas luzes foram acesas e os seis passageiros restantes voltaram a abrir suas bocas — eles as mantiveram fechadas desde o trágico acidente lá em cima, horas atrás.

Às quatro e meia, Claire e Bethany visitaram a cabine dos meninos. Encontraram a carta escrita pelo Elliot e o violão de Nic, com o qual ele pretendia tocar a melodia que aprendeu mais cedo naquele dia. E, debaixo da madeira que revestia o quarto, também foi encontrada a máquina de escrever utilizada pelo rapaz esse tempo todo. Agora fazia sentido que alguém estivesse escrevendo aqueles bilhetes em tempo real.

Com isso, tornou-se correta a hipótese de que Elliot Montgomery não era o corpo encontrado debaixo do salão de jantar. O cadáver pertencia a Austin McCarty, o décimo quarto passageiro na viagem que ocorreu quatro anos atrás. Ele foi a primeira vítima feita naquela semana, cuja identidade foi roubada para que Elliot tivesse mais tempo dentro do trem sem atrair suspeita alguma.

Às cinco horas, Thomas Capucci foi até o quiosque para beber alguma coisa. Encontrou um pequeno cartão deixado por Claire, ao lado de uma garrafa grande de whisky. O mais forte que havia no quiosque. "Não desista. Sei que você fez um bom trabalho. — Claire, sua parceira de investigação". Foi naquele lugar que se sentaram no segundo dia de viagem, enquanto discutiam sobre o primeiro assassinato. Parece que o tempo passou rápido demais.

Trem para Barrymore [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora