Capítulo 15 - "Não há nada do outro lado"

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30 de outubro

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30 de outubro. Tarde.

Escuridão e frio foram embora repentinamente. O salão de jantar voltou a ser iluminado pela claridade gritante do sol, e isso fez com que uma das vítimas pudesse enxergar o cenário ao seu redor. Eram duas pessoas, somente duas, que estavam presas naquele vagão. Com os braços amarrados aos assentos e uma venda cobrindo seus olhos. Não se lembravam de como chegaram ali.

— Thomas? — perguntou Claire, ao avistá-lo do outro lado do salão.

A cabeça da garota doía como se tivesse sido atacada brutalmente. Tinha um corte profundo em sua barriga, e agora aparentava estar se esforçando muito para continuar acordada. Dedos das mãos tremendo, sangue escorrendo em cima de seu vestido feito veneno. Ela queria muito que aquele pesadelo acabasse.

O outro passageiro só foi abrir os olhos quando a jovem chamou seu nome pela segunda vez.

Capucci sentiu que perdeu a sua memória por um tempo, mas em breve voltou a se lembrar do que havia acontecido: Lucille Leweys era a verdadeira Anfitriã. Estavam juntos no vagão de passageiros frontal quando o rapaz foi atacado sem ter a chance de se defender. Após isso, o que preenchia a sua mente era uma enorme lacuna. Não tinha certeza de como sobreviveu, e nem de como ele e Claire Brassard foram parar ali. Mas era um alívio que ela ainda estivesse viva.

Lucille. Onde é... que ela está? — Thomas tossiu.

— E como eu vou saber? — a ruiva o entregou um olhar desconfiado. — Acredito que ela esteja planejando um jeito de mudar a rota deste trem, ou de nos cortar ao meio quando não estivermos esperando. Ainda não acredito que você a seguiu até aquele vagão... e me deixou sozinha.

— Achei que eu estivesse fazendo a coisa certa. — respondeu. — Não importa. Precisamos descobrir como escapar destas amarras antes que seja tarde. — Thomas começou a esfregar o seu pulso contra as cordas que o prendiam.

— Não vai funcionar. Estou tentando há meia hora. — Claire arfou, um pouco ansiosa. — Eu fui até o vagão frontal quando ouvi você gritar, e aí... isso aconteceu. Ela... acertou o meu estômago com aquela lâmina. Não sei se consigo aguentar por muito tempo.

— Concentre-se em mim, Claire. Tudo o que precisa fazer é continuar acordada mais um pouco. Está bem? — de repente, o homem lembrou-se do ferimento em seu ombro, causado pelo mesmo machado que Lucille usou para acertar Claire. — Também fui atacado. Isso dói como se tivesse atravessado a minha pele...

— Ela era muito boa em manter o disfarce. Sempre foi. — Claire expulsou um riso descompassado. — Que desgraçada. Matar os dois pais adotivos e a única garota que quis se aproximar dela. — o seu ferimento voltou a doer, o que a obrigou a parar de sorrir. — Eu li o diário, Thomas. Estava com ele nas mãos antes de adentrarmos totalmente aquele túnel, e continuei tentando decifrá-lo quando estive perto das chamas. Enfim, eu acho que não estamos lidando apenas com uma assassina, mas... com uma pessoa completamente louca. Além disso, também descobri coisas terríveis sobre nós todos. Os passageiros. E acho que a Lucille não era a nossa única preocupação, no fim das contas...

Trem para Barrymore [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora