Capítulo 11 - "Anjo das duas faces"

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29 de outubro

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29 de outubro. Manhã.

Era a primeira hora do dia depois de uma madrugada violenta. Céu azul-ciano. O ar estava frio e era capaz de cortar a sua pele. Levou seis horas até que os suspiros da vítima cessassem e cada músculo admitisse paralisia completa. Seus olhos tinham manchas esbranquiçadas, e até parecia que a menina estava olhando para o rosto de Lucille mesmo depois de morta.

Sophie Stewart foi a décima vítima da viagem.

Thomas e Claire encontraram as duas paralisadas nos trilhos perto das sete horas. Bethany e Charles chegaram um pouco depois. Todos eles haviam sentido o solavanco no início da madrugada, mas não souberam dizer se o trem estava realmente se movendo ou se aquilo fazia parte dos efeitos alucinógenos em suas cabeças.

E tudo está prestes a ficar ainda mais confuso. Acompanhe-me:

Assim que puseram os pés de volta em suas cabines, os cinco últimos hóspedes do trem para Barrymore encontraram um bilhete. Cada um deles foi escrito manualmente, diferente das letras datilografadas com as quais estavam acostumados.

O choque foi ainda maior do que quando se depararam com o corpo lilás da menina da gargantilha. E era pior porque, caso você nunca tenha passado por isso, estar sozinho nos trilhos de lugar nenhum deixa de ser apenas uma ironia do destino se existe alguém que sabe sobre os seus segredos.

E naquela hora, especialmente, cada passageiro sentiu como se alguém naquele lugar realmente soubesse quem eles eram. Aquilo não era mais um jogo de sorte ou azar em que se torce para não ter o seu nome citado no próximo capítulo. Aquilo era ainda mais pessoal.

Para Charles — "O Anfitrião deseja saber: por que o seu sangue continua apodrecendo?"

Para Thomas — "O Anfitrião deseja saber: conseguirá salvar a si mesmo, se não tiver salvo mais ninguém?"

Para Claire — "O Anfitrião deseja saber: qual é a sensação de ter assassinado algo que veio de dentro de você?"

Para Bethany — "O Anfitrião deseja saber: quando finalmente souberem quem é você, vai deixar de sentir como se tivesse a vida de outra pessoa?"

Para Lucille — "O Anfitrião deseja saber: se as marcas ainda lhe lembram do que aconteceu, por que você insiste em continuar viva?"

Nenhum deles deu muita atenção à palavra que antecedia todas aquelas frases — "Anfitrião". Estavam preocupados demais em esconder aqueles papéis e fingir que não os haviam recebido, na intenção de não parecerem mais suspeitos do que já eram.

Quisessem ou não, o assunto acabou vindo à tona quando Thomas Capucci resolveu expor a situação. E é nesse ponto que as perguntas começam. Especialmente, é nesse ponto que as perguntas direcionadas a Lucy Leweis começam, já que uma onda repentina de suspeitas caía sobre ela naquela manhã.

Trem para Barrymore [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora