Anjo Caído ( Nico Di Angelo)

Dois coelhos

Massageio minhas têmporas enquanto espero Cecil terminar a prova. Ter acabado antes do meu amigo não foi uma atitude muito esperta, só serviu para que eu estivesse agora do lado de fora da sala questionando todas as minhas respostas, e me perguntando se Valério é a encarnação do anticristo. Ele é o professor mais rígido e provavelmente sádico que já conheci, a porcentagem de alunos que não passam em sua matéria é impressionante, e infelizmente acredito estar prestar a entrar na estatística.
- Ei Will! Quer fazer parte do nosso suicídio em grupo? (Lou pergunta ao sair da sala acompanhada de Cecil)
- Foi tão ruim assim?
- Tenho certeza de que derreti meu cérebro ( ele responde desanimado)
- Pelo menos temos o dia livre agora. (Ela diz e sorri fraco) Aceita meu convite?
- Fico lisonjeado, mas tenho que viver para saber se essa sessão de tortura foi em vão.

Estou terminando um dos meus trabalhos quando Apolo bate na porta.
- Filho? Já estou indo, volto em duas semanas (ele diz da porta)
- Tá bom! (Digo enquanto me levanto e lhe dou um abraço de despedida) Se cuida, ok?
- Eu que deveria dizer isso (ele diz sem graça e me dá um tapinha no ombro ao sair)
Me jogo na cadeira da escrivaninha e suspiro jogando a cabeça para trás e encarando o teto.
Espero que meu pai não faça nada estúpido nessa viagem, estamos muito bem e não quero que ele regrida. Desde aquela noite em que conheci o Nico, quando fui procurar meu avô em sua festinha da vitória para ele pagar a dívida do meu pai e me ajudar a encontrar uma reabilitação discreta, se passou dois meses e meu pai parece estar bem, porém sempre fico ansioso quando não posso ficar de olho nele.
Pensando no Nico, eu não o vejo desde aquele dia no shopping, mantemos contato por mensagens e algumas ligações, conversar com ele sempre me relaxa, gostaria que a gente se visse outra vez.
Sou tirado de meu devaneio com o toque do celular, é uma mensagem de Cecil dizendo que vai passar aqui daqui a pouco para gente ir para festa do Castellan.

Estou assistindo Thalia dar um fora num Luke bêbado enquanto Lavínia dança em cima da mesa entre eles, enfim ao meu redor está um caos de música alta e gente bêbada. Lou se aproxima e me abraça pelos ombros.
- Adivinha quem está perguntando por você? (Ela diz sorridente enquanto escora seu peso em mim)
- Não bebi o suficiente para ficar com minha ex.
- E quem disse que é ela? ( Cecil diz se intrometendo)
- Quem é então?
- Sua ex (Lou diz e se senta ao lado de Cecil rindo) e a amiga dela.
- Cara, se for ficar com a Rebeca deixa que eu distraio a Anne.
- Homens não prestam mesmo (Lou diz negando com a cabeça rindo)
- Corrigindo, Cecil não presta! (Eu digo e me sento entre eles no sofá) Não vou mais ficar com a Anne, isso só confunde as coisas, a gente terminou de verdade, mas também não vou ficar com a amiga dela, isso iria a magoar.
- Mas eu posso né? (Meu amigo pergunta e Lou lhe dá um tapa na nuca)
- Seu talaricozinho (ela resmunga) mas sério Will, não precisa vir com desculpas, a gente sabe o motivo de você não querer ficar com ninguém.
- O traficante gato (Cecil cantarola)
- Nico é só um amigo...
- Um amigo que você quase transou na primeira vez que se viram, e que você não para de falar sobre.
- É, mas a gente não se viu mais (digo enrubescido)
- Sério? Vocês se falam quase todo dia ( Lou retruca)
- Ele é meio arisco, não sei...nunca dá para gente se ver.
- E se..( Cecil estala os dedos) você mandar uma mensagem, dizendo para ele trazer umas coisinhas para gente, e aproveitar para falar com ele?
- Isso é só uma desculpa para conseguir drogas ( ela acusa)
- Também (ele sorri sacana) mas não deixa de funcionar, mata dois coelhos com uma cajadada só.
- Quem usa um ditado tão velho?
Eles ficam discutindo coisas bobas como sempre, enquanto minha atenção já não está mais ali, estou pensando na proposta de Cecil. Talvez essa seja a única forma de o ver novamente. Não penso mais sobre isso, e resolvo mandar a mensagem.
Logo ele aparece com seu casaco de capuz em que parece tentar se esconder, e vem em minha direção assim que me vê.
Ele dá um grande sorriso ao me cumprimentar e retribuo entorpecido, só lembrando que meus amigos estão ao meu lado quando Lou praticamente me empurra para falar com ele.
- Então você que é o Nico? Entendi o porquê do Will não parar de falar de você ( lhe dou um cotovelada e nego isso)
Ele sorri sem graça enquanto é apresentado aos meus amigos, que só nos deixam em paz e param de fazer insinuações quando pegam as drogas e vão se divertir por aí.
Vejo que ele está prestes a se despedir, então rapidamente peço para ele ficar e lhe ofereço uma bebida. Ficamos conversando presos em uma bolha só nossa, quando uma voz feminina a estoura chamando por ele, olhamos na direção dela e vemos Thalia vindo alegre até nós, eles se abraçam e começam a conversar, então ele explica que ela é a irmã do Jason, e logo meus amigos voltam, e nos encontramos em uma roda rindo e fumando juntos. Luke fica bem surpreso quando Nico deixa escapar que Thalia namora a sua melhor amiga, e a garota parece brilhar ao falar sobre a namorada.
No final da festa, eu sou basicamente o único que está perto da sobriedade, tenho que convencer Lou e Cecil a pegarem um táxi ou dormirem no Castellan já que não estão em condições de dirigir, acordo Lavínia que dormia no sofá, e agora estou tentando convencer um garoto muito teimoso de que ele está muito bêbado pra andar de moto.
- Eu já dirigi depois de ter bebido mais, eu estou tranquilo para pilotar.
- E aonde isso é algo para se gabar? Você está bêbado e não vai dirigir!
- Tenho que ir para casa, amanhã tenho aula cedo e preciso medicar minha mãe amanhã cedo.
- Eu te levo e você pode ligar para ela ou pedir para alguém passar lá (rebato)
- Pelo amor de Deus, Will! São só algumas quadras.
- Você não consegue nem ficar de pé sozinho!
- Do que você está falando?
- Para de se apoiar em mim então.
Ele tira seus braços de meus ombros e fica parado na minha frente por alguns segundos.
- Viu? É claro que posso ficar em pé sozinho (ele diz e caminha cambaleando até a moto)
Vou até ele e o seguro quando estava prestes a se escorar em um poste.
- Você não vai ir embora assim (digo e olho no poço sem fundo que são seus olhos)
Ele me encara de volta, e a gravidade parece nos atrair para perto um do outro enquanto nossos olhares estão conectados, de repente seus lábios estão tão pertos e nossos halitos se mesclam, acabo com a pequena distância e tomo seus lábios nos meus, o beijo é quente e o encaixe é perfeito, mordisco seus lábios e não evito o sorriso bobo que se forma.
- Will...(ele diz suave ao se afastar) eu fico, mas esse é o único beijo que vamos dar hoje.
- Tudo bem (digo um pouco desapontado) Vamos entrar.