V I N T E

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LAVINIA NARRANDO

Hoje prometi pra mim que não iria beber tanto como da última vez, mas já beijei bastante na boca do Alex.

Estou ali dançando com a minha garrafinha de cerveja na mão, quando sinto alguém me abraçar por trás.

É o Alex, não me afasto e continuo dançando. A companhia de Alex é leve e eu amo estar com ele.

- Vou descansar um pouco. - Falo para ele e vou me sentar um pouco. Estava cansada de ficar em pé e dançando, então decido relaxar um pouco.

Alex continua pulando e dançando que nem um louco na pista de dança.

Fecho meus olhos e tento sentir a vibe da noite, a maresia sopra forte e eu amo esse cheiro.

Meu corpo se arrepia a cada vez que a maresia bate em meu corpo. A festa não é na praia, é na varanda perto da piscina, mas a casa é em frente a praia, então, sempre tem cheiro de maresia.

Vejo Ethan atrás de uma câmera mas ele não está filmando dessa vez, ele está apenas espectando e dando ordens.

Fico quieta na minha, não quero provocar ninguém, nem atiçar ninguém. Fico ali aproveitando a música e a cerveja.

A festa segue e quando olho pra pista de dança vejo exatamente essa cena: Martilis segurando o braço de Alex e Alex que já está bêbado e com o olhar perdido sem saber o que fazer, ele já tinha dado um fim com a máscara.

Ele puxa o braço, mas ela o agarra de novo.

"Não se meta, Lavinia. Não se meta, Lavinia. NÃO SE ME..."

- Qual é o problema, Alex?  - Me levanto da cadeira em que estava sentada, e ao ouvir minha voz Alex respira aliviado mas continua com o olhar perdido. Martilis continua segurando o braço de Alex e tenta falar, mas eu a interrompo. - Eu perguntei, qual é o problema Alex?

- Ela tentou me.. Tentou me beijar, eu não quero, eu não quis, a única pessoa que quero ficar até o final do programa é você.. Mas, ela não entende. Eu não consigo falar, ela sempre me interrompe. - Alex fala parecendo um menino indefeso.

- Solta ele, Martilis. - Falo firme olhando pra Martilis e puxo Alex, mas ela não solta.

- O que você vai fazer se eu não soltar? - Martilis fala me desafiando.

- Quer pagar pra ver? - Respondo na mesma altura. Ela me olha como se não esperasse aquilo e Alex me olha preocupado.

- Chega Martilis, me solta. - Alex puxa o braço da mão dela.

- Você me paga, Lavinia. Ninguém me diz não! NINGUÉM! - Ela grita e sai andando.

Porra de criança mimada.

Alex me olha querendo chorar e eu não consigo entender o que acontece com Alex.

- Vamos conversar, vem! - puxo Alex para um local reservado e Ethan acompanha tudo com o olhar.

Me sento em uma poltrona e Alex se senta em outra poltrona, já não é mais possível ouvir a música, então dá pra conversar tranquilamente.

- Fala. Desembucha. - Mando e Alex me olha confuso. - Nem adianta mentir ou esconder, eu quero saber toda a verdade agora Alex.

- Isso não é justo, se aproveitar de um bêbado. - ele fala como se fosse o óbvio, mas eu apenas o encaro seriamente e ele acaba desabafando. - Tá, tá bom! - Alex respira fundo antes de falar. - Eu sou filho único, meus pais eram casados até um tempo atrás, porém, quando eu era criança eles brigavam todos os dias. Todos os santos dias, Lavinia. Eles gritavam um com o outro. Eles tinham amantes na rua e não ligavam pra mim, até que eu precisei de uma babá, por que eles começaram a trabalhar a noite, já que não suportavam a presença um do outro. Como eles não tinham dinheiro, eles pediram para o meu tio ser meu babá. Eles pagariam a metade do que uma babá ganha e meu tio poderia morar lá. Bom, não é difícil imaginar o que acontecia. - Alex fala e respira fundo para continuar e não chorar. - Todos os dias, todos os santos dias, às 22hrs eu era você sabe o que, tudo embaixo de insultos. Ele dizia que precisava fazer isso para que eu me tornasse homem, pois eu era um bundao, eu era feio, nojento, falava que eu era o Patinho feio da família. Ele me xingava de todos os jeitos e todas as formas. - Alex falava, minha cachaça já tinha sumido e meus olhos ardiam enquanto eu segurava o choro. - Eu contei pros meus pais, eles não acreditaram, disseram que era coisa da minha cabeça e me bateram. Mas não foi uma surra qualquer, foi uma surra das que te deixa no chão por dias. E a única coisa que eles falavam era "Você tem que aprender a ser homem.", Sim Lavinia, eu tenho traumas. Eu sou cuidadoso demais, sou mole demais, sou sensível demais, sou precavido demais, não sei me defender e talvez até lento demais. Mas eu não suportaria causar nem 1% da dor que me causaram. - Ele fala e deixa uma lágrima cair. - Se eu sou professor de quinta série, foi com o meu esforço, foi com muita dificuldades. Se eu fico estranho as vezes, me desculpe. Se eu fico afastado, me desculpe. Mas, eu preciso me colocar no meu lugar e rever os meus passos, para saber que não magoei ninguém. Eu vivo pisando em ovos. E tá tudo bem. - Alex fala por fim e eu me controlo de todas as maneiras pra não chorar.

- Não, não está tudo bem. Alex, você precisa viver sem medo. Eu sinto muito pelo que aconteceu com você no passado e eu juro que se eu pudesse mudar a droga do passado eu mudaria, mas eu não posso. E você também não pode. Lembra o que a caixinha do inferno falou? Você não é o seu passado. - Falo e Alex chora. Me levanto e o abraço, ele encosta seu rosto na minha barriga e chora como criança. - Alex, você não é o seu passado. Você é um dos homens mais lindo, honesto, carinhoso e maravilhoso que já conheci. Repete comigo: Eu não sou o meu passado! - Falo e Alex tenta falar, mas não consegue parar de chorar. - Respira fundo, Alex. Inspira, expira. Inspira, expira. Isso. - Falo e o choro de Alex vai parando. - Repete: Eu não sou o meu passado.

- Eu não sou... Não sou o meu passado. - Alex fala choroso mas firme.

- Isso! - falo e enxugo as lágrimas dos olhos de Alex. Dou um selinho em Alex e o levanto. - Vamos? Temos uma festa para aproveitar.

NÃO ESTÁ REVISADO!

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