E se? Capítulo 9

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Arthur

Chego na UTI e verifico o estado do Lucas, faço o teste do reflexo dos pés mas ele ainda não responde, fico preocupado. Peço a opinião de outro colega e ele concorda comigo que pode ser ainda pelo efeito da anestesia e que o melhor é esperar ele acordar. Faço um carinho nele e beijo sua testa, não estou conseguindo entender o que estou sentindo mas esse menino mexe demais comigo assim como a mãe dele. Vou para a minha sala deito na poltrona para relaxar um pouco, me permito chorar. Eu realmente não sei o que está acontecendo...me bateu um medo de repente. Acordo assustado e percebo que já se passaram mais de duas horas, vou ao banheiro, lavo o rosto e vou ao quarto ver Carla, ao chegar lá a vejo dormindo, fico admirando a sua beleza, ela está dormindo pesado devido ao calmante mas seu semblante é de dor, faço um carinho em seu rosto quando percebo que sua mãe nos observa.

- Desculpe D. Mara, não vi que a senhora estava aí...

- Fui tomar um café...a Carla me falou que vocês são visinhos...

- Sim, moramos de frente um para o outro...

- Que sorte ter um médico na hora do ocorrido...

- Então, eu tinha voltado de um plantão na noite anterior, e iria aproveitar a manhã para descansar quando ouvir os gritos da Naná...

- Que descanso que você teve hein...

- Eu descanso quando o universo me permite isso, quando qualquer pessoa precisa eu estou a disposição, foi isso que eu me propus a fazer quando me formei em medicina... é  minha missão sabe...

- Que bonito isso Dr. se todos fossem assim...

- Arthur, o Lucas acordou?

- Oi Carla, ainda não, mas deve acordar a qualquer momento...

- Eu dormi muito tempo?

- Dormiu umas 3 horas filha...

- Arthur, eu queria tanto ver o Lucas...

- Vamos fazer o seguinte, vou te levar lá mas você não vai poder entrar, há risco de infecção, tem muitas crianças lá... é uma UTI não pode mesmo entrar. Mas posso deixar você vê-lo através do vidro...

- Ai, por favor, eu quero muito ver o meu bebê...

Carla

Arthur me acompanha até a UTI, na ante sala, eu passo por uma espécie de descontaminação, e visto uma roupa especial, toca, luvas e proteção nos pés, Arthur também se veste. Estramos no corredor da UTI, lá é possível ver toda a sala, tem muitas crianças, aquilo mexeu demais comigo, saber que tem tantas crianças correndo risco de vida. Arthur me mostra onde Lucas está, como ele está do outro lado, não dá para ver muito. Ele então diz vai entrar e trazer a cama para perto, meu coração dispara. Arthur entra na UTI e trás a cama do Lucas para perto do vidro, vejo meu bebê com um tubo na boca e aquilo me assusta profundamente, não consigo segurar as lágrimas, Arthur faz sinal pra mim que está tudo bem, ele pede que eu olhe o monitor acoplado à cama do Lucas e faz sinal de positivo para mim, não sei interpretar o que estar no monitor mas a positividade do Arthur me acalmou. Coloco a mão no vidro e faço uma oração. Logo em seguida Arthur coloca a cama de volta à sua posição e sai.

- Vamos mocinha, você só entrou aqui porque está comigo... estou desobedecendo uma norma do hospital...

- Nem sei como te agradecer por isso Arthur... o que significa aquele monitor?

- O monitor está mostrando que tudo está normal, função cardíaca, respiratória, pressão arterial... tudo normal...

- Ai que alívio... e aquele tubo que ele está usando...

- É necessário, ele teve uma parada respiratória e passou por cirurgia na cabeça, então tivemos que entubá-lo... - vejo que ela fica assustada... eu esqueci de te dizer uma coisa que é muito boa por sinal, o Lucas em nenhum momento entrou em coma e nem precisamos coloca-lo em coma, devido a gravidade da situação isso é muito positivo...

Arthur

Abraço Carla pela cintura e a conduzo para fora da UTI, a chamo para irmos à minha sala, ela fica impressionada e diz que não sabia que existia consultório assim, explico que não é um consultório, que é um escritório dentro da ala neurocirúrgica, digo que sou chefe dessa área e por isso tenho essa sala. Ofereço um suco e um biscoito e ela rejeita, insisto ela diz que prefere uma café, a sirvo e ela toma o café com o biscoito. Ligo para minha secretária e peço que remaneje todos os meu horários do hospital universitário e que passarei o dia indisponível...

- Arthur, eu não quero atrapalhar o seu trabalho, sei que você deve ter muitos pacientes, se você precisar ir tudo bem...

- Você não atrapalha nada Carla, isso que eu fiz eu faço sempre que preciso, tenho colegas que sempre revezam comigo caso algum de nós tenha uma necessidade, eu não trabalho sozinho, tenho uma equipe, meus pacientes estarão bem assistidos por eles. Eu faço questão de esperar o Lucas acordar e eu mesmo fazer a avaliação dele - vejo que ela suspira e meu telefone toca...

- Pronto?

- Dr. Arthur, pediram para avisar que o menino Lucas acordou...

- Ok, obrigado... Carla, o Lucas acordou

- Ai meu Deus, vamos, eu quero ver o meu filho...

- Calma, não é assim, presta atenção... nós vamos retirar o tubo, esperar um tempinho para as primeiras reações dele, como abrir os olhos por exemplo... se ele estiver respondendo corretamente o liberaremos para o quarto, só quando ele estiver no quarto você poderá vê-lo certo?

O coração acelerou aqui viu.
40 comentários,  vamos ...

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