Capitulo 8 - A Morte ronda Wessex

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Naquela manhã não houve uma pessoa sequer que soubesse da tentativa do assassinado da princesa Emma, a cidade comentava sobre um assassino de aluguel e alguns até ouviam seus gritos vindo do calabouço, onde era constantemente torturado com baldes de água fria pelos guardas a mando do Rei Alfred, que andava de cima a baixo do castelo mais irritado do que estava com toda a situação.
Até mesmo Bjorn Ironside, de seu acampamento na beirada da floresta com o Rio Tâmisa, já sabia da história por seus informantes dentro do castelo.

- Então Alfred teme que a princesa esteja em perigo dentro do próprio castelo?- perguntou Ivar.

- Não confia nem nos seus próprios homens. E acho que teme a garota ser morta antes de chegar o prazo final.- disse Bjorn, coçando a barba sentado em seus trono feito de ferro de espadas, pedaços de carvalho e peles.

- Isso me cheira a conspiração.- disse Floki, coçando a barba comprida com o machado. - Alguém não quer a garota viva e que essa aliança seja feita.

- Eu concordo, Floki.- disse Bjorn.- Mas não serei misericordioso se ela morrer, pelo contrário, então teremos motivos de sobra para tomar Wessex.

Enquanto isso, ao cair da noite, estavam Alfred na cabeceira tentando engolir um ensopado de carne e legumes antes do prato principal, ao lado estava Aethelred e do outro lado, Emma, que estava a frente de Judith, que comia animada a sopa.

- Ele já falou algo?- disse Aethelred para Alfred. E o rei apenas negou com a cabeça, em silêncio.

- Já são quase 5 dias que estamos o torturando da maneira que Judith disse, mas acho que vou ter que ir mais fundo no interrogatório.- disse Alfred.

- Porque torturar o homem? Já não é óbvio que tudo isso foi obra dos pagãos? Bjorn deve ter planejado isso.- protestou Judith, olhando para os filhos, sem olhar para Emma.

A garota observava minuciosamente as falas de Judith, que desde o dia em que prenderam o tal assassino, andava inquieta e perguntando sempre sobre o tal homem.

- Isso não é coisa de viking. Eles não pagam alguém, ele vão e matam... são animais- disse Alfred.

- Sim e o tal assassino parece mais um mercenário. Sir George diz que ele tem uma marca no pulso, bem similar a que fazem com os expulsos da Espanha.- disse Aethelred.

- Bobagem, George deve estar enganado, eu tenho certeza que foi Bjorn para tentar capturá-la.- disse Judith.

- Parece ter muita certeza, senhora Judith, quase que absoluta certeza. Aliás, tem andado inquieta desde que ele fora pego.- disse Emma, mexendo a colher sobre a sopa e olhando para Judith.

À Rainha-mãe pareceu tremer o olho esquerdo, paralisada, e percebendo o silêncio, voltou a sorrir e disse:

- Minha inquietação é inteiramente a favor de pegarmos quem está por trás de tudo isso, minha querida.- sorriu ela, que enquanto Alfred olhava para a mãe, podia se ver o sorriso. Ao desviar o olhar para o prato, Judith encarou a garota e a desejou estrangulará-la ali mesmo.


Naquela mesma noite, entre os serviçais, um dos copeiros desfaleceu ao carregar uma bandeja com os artefatos de banho do Rei, sendo socorrido pelos guardas, o levaram para sua casa e continuando a desfalecer, o médico foi chamado. O que foi visto pelo médico da cidade jamais foi esquecido, um início de uma doença que mais tarde chamariam de Peste Negra. Em Wessex, a doença adentrara no castelo por meio de mercadores e se alastrou tão rapidamente que não se puderam precaver e até mesmo entre o povo viking de Bjorn, as pessoas mostravam bulbos vermelhos (algo parecido com bolhas que nasciam de dentro da pele) que quando estourados, acometiam a pele, deixando um rastro negro até que não se sobrasse vida naquele ser.

Aethelred foi o primeiro acometido, sendo isolado em seu quarto e com a saúde abalada, deixara seu cargo para William, o seu subcomandante. Em seguida, para a tristeza de Emma e a alegria de Judith, Alfred ficou enfermo, dando à rainha-mãe toda o poder em Wessex.

Não havia uma casa em que não se tinha um doente sobre a cama, isolado, esperando que a morte o buscasse. Aos poucos, com as mortes aumentando no Reino e sobre a Inglaterra como um todo, a falsa notícia que o povo viking estava imune e que os assombraria dentro de três dias, ao findar o prazo dado por Bjorn, Judith começou a ouvir o povo pedir que a princesa fosse entregue e isso a alegrou ainda mais.

No penúltimo dia, sentada no trono com ares de egocêntrica e um sorriso satisfatório no rosto, ela estava esperando no salão principal. Estava cheio de nobres e algumas família de plebeus influentes, todos esperando o veredicto da rainha. Assim que as portas se abriram com os guardas de cada lado, viu-se Emma cabisbaixa e caminhava lentamente para o trono, e parou diante das escadarias que separavam o povo do trono da rainha, olhou para cima, de onde Judith sorria.

- Sabe porque está aqui, princesa Emma?- perguntou a rainha-mãe.

Emma derramou algumas lágrimas em silêncio, olhando para ela.

- Porque nestes últimos dias, eu ouvi o povo. Ouvi suas queixas, ouvi seu choro e diante da peste que nos assola, temos ainda um assunto pendente. O seu casamento com Bjorn Ironside.- disse Judith, em tom sarcástico. Ela olhou para Sir George, que do meio do povo andou cabisbaixo, sem olhar para a princesa, subiu nas escadarias e retirando um pergaminho do bolso, o leu ao lado do trono, onde Judith sorria discretamente para Emma.

- Diante da Peste Negra e das constantes mortes do nosso povo, o veredicto da Rainha com apoio dos nobres é, que a princesa Emma da Nortúmbria seja entregue a Bjorn Ironside como foi acordado pelo Rei Ecbert - com estas palavras parte do povo começou a protestar, dizendo que aquilo era injustiça. E tremendo um pouco, Sir George terminou:- Para que os vikings, que não foram afetados pela Praga, nos destruam ao findar do prazo estabelecido.

Contidos pelos guardas os nobres e os plebeus influentes que gritavam frases como: Onde está Rei Alfred? Injustiça com a Princesa! Impostora! Começaram a tumultuar a reunião e se levantando do trono, Judith gritou:

- Ordem!- disse ela com raiva.- Meu filho Alfred está acamado, impossibilitado de usar o trono, eu por ser a Rainha-mãe dou a palavra final. - ela se virou para Emma e disse:- A princesa será levada imediatamente para o ponto de encontro com os vikings, será entregue a Bjorn Ironside. Sem direito a levar nada daqui...- disse ela com tom ameaçador.

Sir George olhou assustado para Judith, assim como o povo começou a esbravejar contra e aos poucos mais guardas entravam no salão para conter a multidão de nobres e plebleus. Quando a garota sentiu dois guardas a pegarem por seus braços, ela olhou para Judith, e disse:

- Alfred acordará, Judith e quando isso acontecer, você não conseguirá o impedir.

E sendo levada para fora, em meio a multidão, ela ouviu Judith gritar:

- Mande lembranças minhas à Bjorn.


Princessa Emma: O amor entre príncipes e vikingsOnde histórias criam vida. Descubra agora