Capítulo 10 - Convivendo entre Vikings

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       Naquela noite e como todas as outras, Emma se recusou a dormir na mesma cama em que Bjorn dormia, a teimosia da garota e sua insegurança deixavam o Rei Viking irritado o bastante para também não ceder sua cama para a garota. Ela pegara parte das peles, cobria-se conforme deitara no chão, sobre o tapete de pele, enquanto Bjorn se segurava para não trazê-la a força para a cama. Não só era o drama entre os dois na hora de dormir, como também no desjejum, que Emma se recusava a sair do quarto, tendo que Bjorn pedir que lhe entregasse comida no quarto.

      - Até quando vai deixar que ela o trate assim ? - perguntou Ivar.

      - O que devo fazer, Ivar? Deixar a garota faminta e desfalecer no quarto? - disse Bjorn irritado, comendo um pedaço de pão com carne de javali. - Ela nem se quer dorme na mesma cama, fica no chão como uma criança birrenta.

      - Deveria tomar uma atitude... - disse Hvitserk.

      - Está insinuando que eu a forçe a comer conosco e depois a deitar-se comigo? - disse Bjorn, irritado.

      - Não, Bjorn está certo. A garota está assustada e virá conosco quando chegar a hora. Dê-lhe um tempo. - disse Floki.

     - Falando em Hela.- disse Ivar, olhando para Emma que havia acabado de chegar ao salão, parada, olhando os demais tomarem o desjejum.

     Emma era uma das poucas princesas que teve acesso ao panteão nórdico e conhecimento sobre a cultura e língua. Ela sabia que Hela era uma divindade poderosa mas má, deusa da morte, então procurou algo tão pior quanto Hela. Ela estreitou o olhar para Ivar e disse:

       - Se eu sou Hela, Ivar... com certeza você é Loki, o mentiroso.- disse Emma em língua nórdica, o que fez Floki e Hvitserk rirem baixo, enquanto Ivar a encarava boquiaberto.

       - Aonde você vai?- gritou Bjorn, se levantando da mesa quando viu a garota passar a mesa e ir direto pra porta.

    - Visitar Valhalla. - disse Emma em língua comum, dando as costas para Bjorn.

     O Rei se enfureceu e ameaçou ir atrás dela, mas foi impedido por Floki que o puxou e disse:

     - Deixe que a futura rainha conheça seu povo. - disse ele o acalmando. Bjorn negou com a cabeça e bebeu o hidromel furioso.- Tem que admitir, ela é inteligente.

    - Se for esperta não vai querer me ver irritado.- respondeu Bjorn.

     O acampamento era simples, haviam soldados e algumas escudeiras, as quais eram mulheres que se vestiam como soldados e lutavam como verdadeiras Valquírias, como a história dos deuses era citada. Alguns reconheciam a garota e faziam referência e outros a encaravam como estranha. Ela caminhou até ver uma tenda isolada, ela se inclinou e abriu a fenda, revelando cinco homens que desfaleciam no chão, com bulbos necrosados, mostrando que a peste havia chegado ali. Ela tampou o nariz com o cheiro podre e se segurou para não vomitar, felizmente sentiu algo a puxar para fora e viu uma mulher de cabelos loiros prateados gritar com ela em língua nórdica:
  
    - Está maluca? É proibido entrar aqui. Isso é a praga, ela se dissipa e mata a todos. Qual é o seu problema menina?- gesticou com os braços.

     - Desculpe eu não sabia.- disse Emma, vendo que a mulher ainda estava brava. E dando as costas a mulher saiu, irritada.- Ei! Ei!- disse Emma, e virando-se a mulher com uma cara de poucos amigos, continuou:- E quem cuida deles?

     - Não cuidamos, deixamos morrer.- deu de ombros a mulher.

     Emma se espantou, arqueado as sobrancelhas e entreabrindo a boca.

    - Eles devem ser cuidados, essa praga pode se curar... eu já vi.- disse Emma.

     À mulher a ignorou, agora desta vez, Emma segurou o braço dela e disse:
  
     - Por favor, deixe-me ajudar.- disse Emma com olhos piedosos.

Princessa Emma: O amor entre príncipes e vikingsOnde histórias criam vida. Descubra agora