Capítulo 15 - O Plano

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      O céu cinzento e frio marcava aquele início de tarde, sob as planícies verdes que começavam a despertar pela primavera, as lágrimas de Judith, rainha-mãe de Wessex, caiam lentamente sobre a pele pálida e fria. O bispo dizia as últimas palavras do evangelho diante do caixão de madeira onde o príncipe Aesthelred descansava o sono eterno, vencido pela praga que havia levado muitos da Inglaterra, deixara a terra dos vivos na noite passada e abrira uma ferida enorme no coração da rainha. 

     Um silêncio se estalou quando o caixão começava a descer a cova por quatro soldados, e uma trombeta tocou, como um último tributo ao príncipe que deixava a vida no auge dos seus 24 anos. E diante do silêncio quase que eterno, cascos de um corcel apressado se aproximaram da cerimônia ao ar livre, adentrando o cemitério dos reis e chamou a atenção de Judith, que com os olhos marejados, olhou para trás e viu um dos guardas do castelo se aproximar de Sir George, um dos anciãos, e sussurrar algo que o incomodou de imediato. Ele olhou para o guarda e sussurrou outra frase que o fez imediatamente voltar para o cavalo e galopar apressadamente. Sir George caminhou até a rainha, que voltara a observar o túmulo a ser coberto pela terra negra, e disse:

      - Majestade, temos problemas... - disse ele com a voz trêmula.

      - Será que nem no enterro do meu filho eu posso ter paz? - retrucou ela.

      - Majestade, Harold, o rei viking da Noruega, está em nossos portões e pede que a senhora vá até ele.

      A palavra "viking" ecoava na mente da rainha e a fez lembrar de seu ódio por aquele povo e ainda mais profundo, de que Emma provavelmente estava viva entre eles. Ela apertou os lábios e sentindo a pálpebra esquerda tremer um pouco, ela respondeu:

     - Peça que me tragam a minha carruagem.

     Harald estava feliz, a rainha havia aceitado sua proposta de vê-lo, deixando seus exércitos à postos ao redor de Wessex, um sentimento de guerra iminente havia invadido a população e quando os portões foram abertos e o rei viking e mais quatro de seus melhores guerreiros entraram na cidade, foram recebidos com olhares amedrontados e cheios de ódio. Eles adentraram o castelo e foram guiados até o grande salão do trono, onde a rainha os esperava sentada em seu trono, ainda com vestes negras do funeral de seu filho, príncipe Aethelred.

     - Rei Harold da Noruega, Vossa Majestade. - anunciou Sir George, pouco temeroso.

     - Rainha Judith. - cumprimentou Harold, inclinando um pouco a cabeça, ele a olhou de cima a baixo, e franziu as sobrancelhas.

     - Está estranhando minhas vestes, Rei Harold? - disse ela com tom sarcástico. Harold permaneceu em silêncio. - Deve ser porque nem mesmo posso enterrar meu filho sem que vocês vikings perturbem minha paz.

     - Não sabíamos que a praga aqui foi tão agressiva, majestade, meus sentimentos. - disse ela, com tom apreensivo.

     - O que você quer? - disse Judith, impaciente.

    - Bem, tenho escutado histórias de que Bjorn fez um acordo com você. - disse Harold, chegando mais perto, porém foi impedido por alguns guardas.

    - Aquele viking veio reinvidicar algo que era dele, eu apenas me livrei de um peso...- dizendo isso, Harold franziu as sobrancelhas. - Ah, você não sabe...- disse sorrindo e o olhando com curiosidade. - Por acaso viu uma jovem de cabelos ruivos, Rei Harold? Ela deve ser uma das putas que ele usufrui...

   - A única que vi se chamava Tove, a qual é a atual rainha de Kattegat. O próprio Bjorn me proibiu de cogitar tocá-la. - disse Harold.

    Judith ficou espantada, arqueou as sobrancelhas e entreabriu os lábios, perdendo a fala.

Princessa Emma: O amor entre príncipes e vikingsOnde histórias criam vida. Descubra agora