Capítulo 3 - O Pergaminho

1.7K 176 5
                                    

" [...] Um tratado  de paz é um acordo entre duas partes hostis, geralmente ou governos, que terminam formalmente um . Não se deve confundir com Armistício , que é quando as partes em conflito decidem parar de lutar. "


Durante aquela noite, Alfred revirou por diversas vezes em sua cama, apesar de grande o suficiente e bastante confortável, ele não encontrava paz o suficiente para repousar seus olhos e descansar a mente. Ele se levantou na madrugada, calçou seus sapatos e vestindo seu roupão, pegou o candelabro que iluminava sua cabeceira e seguiu para o corredor. Vagando pelo castelo encontrou alguns guardas pouco adormecidos encostados nas paredes, prestes a cair, mas que ouvindo os passos de Alfred, despertaram rapidamente e faziam uma breve reverência. O jovem rei desceu as escadas à sala de documentos e acendendo os candelabros e velas sobre a mesa de madeira no centro, iluminou a sala para procurar algo que o ajudasse a iluminar sua mente  e encontrar a solução para os vikings.

      - Ecbert... você deve ter deixado algo escrito de como lidou tão bem com Ragnar. - disse ele para si mesmo, enquanto vasculhava nas estantes com pergaminhos e mais pergaminhos sobrepostos.

Por duas horas ele ficou lendo, cada assunto de reunião, decisão e guerra que foi travado com os Vikings, desde de Ecbert até o último dia de reinado de seu pai, Rei Aethelwulf. Quando a pilha de pergaminhos chegava ao fim, Alfred estava cansado demais para ler as letras cursivas que os escribas haviam escrito, ele notou que um pergaminho pequeno, mas enrolado em uma fita de cetim vermelha e intacto, estava perdido no fundo da estante.
Ele se levantou e alcançando o pergaminho o analisou, estava levemente empoeirado e notava-se que fora esquecido ali. Ele puxou a fita vermelha e abriu o pergaminho. E o que leu-se ali, lhe tirou a paz por toda a noite. 

Naquela manhã, Alfred ficou a noite inteira lendo e relendo o pergaminho, ele estava sentado no trono, as olheiras estavam profundas e as sobrancelhas arqueadas mostravam a perturbação em seu rosto. Diante dele estavam o conselho de anciãos, Judith e Aethelred, esperando Alfred falar o que porquê convocou a reunião do conselho tão cedo naquele dia.

      - Majestade. - disse o mais velho dos anciãos, que havia servido a seu pai e a seu avô, Rei Ecbert. - Por que nos chamou para essa reunião.

Alfred saiu de seus pensamentos e olhando para ele e em seguida, para todos do salão, suspirou e levantando do trono, entregou o pergaminho para o ancião que havia falado anteriormente.

      - Sir George, leia para nós. - disse Alfred, cruzando os braços e em pé diante do trono o observava. O nobre abriu o pergaminho, leu-o e olhando de volta para Alfred, viu que o jovem Rei concordou com a cabeça.

      - Vamos, prossiga.

      Então George começou a ler:


"  Wessex, 13 de Julho de 793

     Esse documento, como tratado de paz, entre o povo de Wessex-Nortúmbria e o povo viking sob submissão à Ragnar Lothbrok, como resultado de cessar-fogo e conflitos futuros entre os povos visando a paz e aliança entre reinos, Eu, Rei Ecbert de Wessex junto a Ragnar Lothbrok, assina-lo que, como moeda de troca, entregarei a princesa Emma da Nortúmbria com a idade de 16 anos ao filho mais velho e vivo de Ragnar lothbrok, com intuito de unir os reinos no sagrado matrimônio ,afim de que, se construa uma futura Inglaterra livre e unida.  "


Não houve um ruído se quer no salão, os nobres anciãos pegavam no pergaminho enquanto Alfred andava de um lado para o outro, mordendo os lábios como forma de estar apreensivo, Judith secretamente sorria e Aethelred franzia a testa, não acreditando no que ouvira.

      - Ecbert assinou um casamento arranjado para Emma?- disse Aethelred, para si mesmo.

      - Ao que parece, meu irmão, Ecbert resolveu sozinho acabar com a vida de Emma para ter paz com esses bárbaros. Sir George, por favor, me diz se isso pode ser desfeito... - disse Alfred andando até o nobre.

       - Bem isso pode ser esquecido, mas tratados como esse são escritos com cópias, autenticadas, para as duas partes, meu Rei. - disse George tremendo a voz.

      - Mas desde de quando Vikings sabem ler ou escrever?! - riu Aethelred.

      - Não se engane, meu filho, Ragnar era tão inteligente quanto Ecbert. - disse Judith.

      - Em que lado, está minha mãe? - disse Alfred, franzindo o cenho para Judith, que deu de ombros.

      - Só digo a verdade que vi, eles não eram vikings ignorantes, se Ragnar assinou isto, certamente deve ter confiado a cópia a seus homens. - disse Judith.

      - Está assinado?? - indagou Aethelred, e vendo que os nobres afirmara, elevou as mãos a cabeça e andou pelo são, olhando para as janelas. - Impossível.

      - Eu pressuponho que os vikings não estejam aqui por guerra, mas para receber o que lhe foi prometido. - disse George.

       - Eles acham que receberão Emma de bom grado, mas quem reina aqui não é mais meu avô. Não darei Emma para que seja usada como um cadela para aqueles pagãos, não mesmo. - disse Alfred, tomando o pergaminho e saindo da sala.


No sul de Sussex, no acampamento de Bjorn, o filho mais velho de Ragnar estava debruçado com as mãos apoiadas na mesa e analisando o mapa de Wessex. Seus irmãos mais novos estavam reunidos ao redor, junto a Floki, que observava tudo de canto, em silêncio. 

     - Wessex é uma fortaleza, temos que ter uma boa estratégia se queremos invadi-la. - disse Bjorn coçando a barba.

     - Sem Ecbert no trono e Aethelwulf morto, Alfred será fácil, fácil de empalar. - brincou Hvitserk, provocando risos nos irmãos.

     - Lembro-me de Ragnar nos ensinar de que não devemos subestimar os ingleses, da última vez que fizemos isso, tivemos muitos dos nossos mortos. - disse Bjorn, bebendo um gole de hidromel.

     - Quantos homens eles devem ter? - disse Ivar.

      - Ao que nos contaram, em Wessex, pelo menos mil homens. - disse Ubbe. - O dobro de nós.

      - Mas e se guardássemos a batalha para depois. Conquistamos o reino sem derramamento de sangue, ainda... - disse Floki com ênfase, sorrindo.

      - Sabe de algo que não sabemos, Floki? - disse Hvitserk, curioso.

       - Há um documento, assinado como tratado de paz, entre seu pai e o Rei Ecbert. - disse Floki, retirando de dentro das calças o pergaminho amassado e velho. 

      Bjorn pegou o papel, olhando para Floki e em seguida, leu. De todos os filhos, apenas Bjorn e Ivar sabiam ler e escrever na língua comum inglesa. O mais velho filho sorriu e olhando para Floki, lhe entregou de volta o pergaminho.

      - Está brincando, não é? 

      - Foi uma estratégia de Ragnar, ele conheceu a garota e traçou esse plano a vocês. - disse Floki, dando o pergaminho para Ivar, que lendo, riu.

      - Casamento? Esse era o plano de nosso pai? Casando Bjorn com essa tal de... princesa Emma da Nortúmbria.

      - Não foi o reino tomado pelo Rei Harold? - disse Ubbe. - Pensei que estivessem extintos a família de Aelle.

      - Os serviçais escaparam com a princesa, que foi adotada por Ecbert, mas Ragnar pensou inteligentemente. - disse Floki. - Pois casando com a princesa, Bjorn tem aliança perpétua com o Reino da Nortúmbria como seu e isso facilita a nossa entrada à Wessex e a retomada da Inglaterra como nossa. - disse ele, fazendo os garotos sorrirem.

      - Eu apoio isso, apenas para me divertir com a princesa e depois, derramar todo e qualquer sangue inglês que eu quiser. - disse Bjron sorrindo, sentando-se na cadeira. - Pelos velhos tempos.


Princessa Emma: O amor entre príncipes e vikingsOnde histórias criam vida. Descubra agora