Capítulo Vinte e Sete - Dia Seguinte

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Na manhã seguinte, para quem visse de fora nada parecia ter mudado. Hermione e Theo permaneciam sentados nos seus lugares habituais, longe de todos e ao mesmo tempo perto para ver e ouvir mais que o suficiente do que falavam. Todos continuavam com o ar de superioridade de costume e arrogante, sobre a dupla, como de todos os outros alunos das outras casas. Porém para quem foi uma cobra por toda sua vida, perceberia a mudança, como no caso de Severo Snape, que já estava desconfiado de que algo poderia ter acontecido desde a noite passada.

Primeiro havia recebido a notícia que os Malfoys convidaram a garota para jantar durante o final de semana e que tanto ela, quanto Draco não estariam no castelo. Snape após a breve conversa com Hermione, decidiu manter um leve olhar mais atento sobre a garota misteriosa, o que para sua frustração se mostrou sem qualquer resultado, além de parecer extremamente entediada com as aulas e estar a maior parte do tempo na companhia de uma de suas cobras e escrevendo em um caderno trouxa, rodeada de livros.

E segundo para completar sua noite "maravilhosa", recebeu um chamado de Poppy, a médica da escola, lhe pedindo que fosse até a ala hospitalar com urgência, alegando que três de suas cobras estavam na enfermaria. Severus nunca admitiria, mas quando viu quem eram os alunos, instantaneamente um boato que chegou aos seus ouvidos naquela tarde lhe veio à mente, que esses mesmo alunos discutindo com uma Grifinória e mais alguém. Conhecendo tais alunos, com toda certeza tentaram sair por cima contra alguém que subestimaram, porém bruxos como eles, que para a idade que tem, possuíam um conhecimento razoavelmente bom, ainda mais por causa de suas famílias, estivessem naquele estado.

Ao questionar o que poderia ter acontecido, a Poppy, tudo que recebeu foi mais perguntas.

"Em todos os meus anos trabalhando nessa escola, isso nunca aconteceu. - Respondeu a mulher cabisbaixa - Quem fez isso com os garotos, sabia exatamente o que estava fazendo, pois não deixou qualquer pista. E outra antes de chegarem aqui, alguém os tratou, o que sem dúvidas pode ter salvado suas vidas."

"Quem poderia fazer algo assim dentro do castelo?"

"Todas as pessoas que tem poder para tal, jamais machucariam crianças. Eu iria chamar o Diretor Dumbledore, mas preferi chamá-lo primeiro, afinal eles estão sob os seus cuidados. E sei que não falariam nada ao Diretor!"

"Poppy, por favor, não conte a ninguém, pelo menos por enquanto. - Pediu".

Não precisou de muito incentivo para Poppy ceder, pois por se importar muito com os alunos, reconheceu quando Severos lhe prometeu que descobriria o que aconteceu.

Assim que os meninos recuperaram suas consciências o suficiente para responderem algumas perguntas, Severus os questionou sobre o que teria acontecido, mas os garotos se recusaram a responder qualquer coisa. Frustrado, sabendo que nada poderia fazer para obter mais informações no momento. Sua suspeita inicial foi de que se algum Grifinório tivesse feito aquilo, não conseguiriam esconder por muito tempo, afinal sutileza não é o forte dos leões.

Na manhã seguinte, nada parecia ter mudado, mas para alguém que passou metade da vida a ter de estar sempre alerta e vigilante, foi fácil ver a tensão na mesa da sonserina e todos se esforçando para se comportar como de costume, exceto Hermione, que estava agindo normalmente. O que só fez com que Severo olhasse ainda mais atentamente do que o normal.

Suas cobras pareciam tensas, nervosas, até com medo e admiração, respeito, e uma, certa reverência ao olhar para a garota. Porém ainda pareciam divididos entre como olhavam para seu sobrinho e para Hermione, como se esperassem que a qualquer momento os dois começassem a duelar. Isso só poderia significar uma coisa. Hermione Black se apresentou perante os alunos da sonserina como um desafio, uma ameaça ao seu atual Rei.

Isso não poderia estar certo. Hermione é alguém que nunca recebeu treinamento mágico, ela não poderia, não teria capacidade de colocar ninguém na enfermaria, muito menos desafiar a atual hierarquia de sua casa. Mas uma voz em sua cabeça não parava de repetir, que aquilo lhe era familiar. A forma como seus alunos olhavam para Hermione era como os recrutas olhavam para seu Senhor, no começo, nervosos, com medo e admiração, respeito e reverência.

No decorrer da manhã ele continuou observando suas cobras e os olhares na direção de Hermione e Draco não pararam. No almoço, quando os garotos deixaram a enfermaria e se juntaram ao resto dos alunos, deixando-o boquiaberto quando ele viu que os alunos abriram espaço para eles sentarem, apenas quando receberam um pequeno aceno de Malfoy e Black.

Confirmando suas suspeitas, mas como isso aconteceu? Foi o pensamento que o perseguiu pelo resto do dia, até que ele teve aula com os sonserinos e assim como esperava Hermione entregou uma poção perfeita, aumentando ainda mais o desejo de Severo em confrontar a garota.

Ao final da aula ordenou que Nott, fosse, na frente que depois o alcançaria, enquanto guardou suas coisas calmamente sem pressa, e olhando de rabo de olho para o professor com expectativa que ele a questionasse.

Severos tinha certeza que só poderia ter sido a garota que atacou Montague e seu grupo, mas como não tinha nem uma prova não seria aconselhável colocá-la contra a parede, isso só a deixaria mais cuidadosa da próxima vez que fizesse algo.

Por uma fração de segundo quando seus olhares se encontraram, Severus poderia jurar ter visto um sorriso enfeitar os lábios da garota, mas em um piscar assim como veio o sorriso desapareceu.

Severus não pode deixar de pensar que a garota era como aquele velho ditado "lobo em pele de cordeiro".

Hermione BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora