droga, menti. não há como resumir isso. não consigo deixar de lado os detalhes dessa garota.
ela é como um quadro vivo, fazendo-me acreditar que sou um pouco mais que esse vazio corroendo-me.
foi em uma sexta.
naquela tarde, o sol ardia em seu rosto, enquanto estava próxima ao lago.
em uma dança silenciosa, seus cachos, cor de fogo, deslizavam por suas bochechas.
lhe vi no exato momento que o astro em chamas refletiu em seus olhos castanhos escuros fazendo-os queimar…
até aquele momento, nunca havia entendido como algumas florestas, em tempos secos e quentes, incendiavam-se apenas com o superaquecimento de uma simples folha ou um pequeno pedaço de madeira, sem ao menos ter um contato físico de fato, tudo por causa de uma estrela à 150 milhões de quilômetros de distância.
até que… lhe vi.
meu peito queimou, ao perceber que seu sorriso era tudo que gostaria de ver nos últimos momentos de minha vida.
e se assim, ela se sucumbisse, ali, naquele instante... morreria como um anjo renegado que no seu último suspiro pôde avistar seu paraíso perdido.
ela era totalmente ao contrário de mim.
estava longe, não só fisicamente, mas nos mais diversos sentidos.
não resisti, e comecei a desenhá-la.
se as pessoas realmente fossem cores, ela seria um vermelho intenso.
por que vermelho?
não sei direito, talvez seja o jeito que ela sorria. o vermelho da boca. o seu vestido.
ou talvez, essa seja a cor que mais se aproximava de toda aquela intensidade.
parecia que estava realmente viva.
sim, eu sei, todas as pessoas ali, eram vivas.
mas ela dava um novo significado sobre isso de "viver". sorria, conversava, respirava, passava a mão tirando o cabelo de suas bochechas e olhava para o lago como se aquele fosse o último pôr do sol que estivesse vendo.
naquela tarde, apenas a desenhei, não havia levado lápis de cor ou tintas.
e agora finalmente eu estou pintando, mas não mais o desenho. isso seria pequeno demais para ela. estou fazendo um quadro.
o maior quadro que já pintei, tão grande quanto ela poderia ser.
comprei bastante tinta vermelha para fazê-la da mesma maneira que em minha memória, "um intenso corpo vivo avermelhado".
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um intenso corpo vivo avermelhado (conto).
Romantizm"[...]se as pessoas fossem cores, eu seria o cinza mais próximo do preto. cinza e opaco como um fantasma. por isso desenho e pinto bastante... a maior parte do meu dia é no meu quarto fazendo isto. é o meu jeito de fazer com que as coisas tenham alg...
