Confissões ao amanhecer

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A noite foi ok. Depois de conversar com os meninos consegui dormir um pouco e acho que a própria ansiedade me fez acordar antes do despertador então logo que abro os olhos já vou terminando de arrumar minhas coisas e separar o necessário para nossa viagem hoje, não me importava quem iria no passageiro comigo mas confesso estar torcendo para ser Robin e assim acabar de vez com essa conversa constrangedora. Por a limpo nossa situação. Dirigir. Mais um show e assim seguir nosso rumo.

Parece simples. É simples. Não tanto quanto parece mas ok.

Quando menos espero sinto meu celular apitar e rapidamente a notificação se abre para revelar um e-mail direto da faculdade, sobre programas extra, alunos inteligentes, processo seletivo e todas coisas que eu deveria discutir só depois quando voltasse para casa, e nesse momento meu corpo volta a tencionar. Respiro fundo e bloqueio o telefone novamente quando percebo uma movimentação pelo quarto e escuto uma voz sonolenta para lá e para cá.

 Respiro fundo e bloqueio o telefone novamente quando percebo uma movimentação pelo quarto e escuto uma voz sonolenta para lá e para cá

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- Uaah! - Um bocejo ecoou pelo quarto e era quase um sonâmbulo de pé. - Meias... Calça... Camiseta... Mochila... Mochila...

E a loira parou e cochilou em pé. Ali mesmo.

- Ei, Robin. Acorda! - Chacoalho devagar e faço questão de ver que está bem acordada.

Não muda muita coisa mas acho que dá vitalidade suficiente para que ela levante e vá fazer duas coisas.

Van da banda, 6:00

Estávamos todos a postos em frente a van e com todas as malas e coisas arrumadas nós podemos finalmente partir e fazer o restante das coisas quando chegarmos na próxima cidade.

- Hoje eu que dirijo e a Robin vai comigo.

Mal da tempo dos meninos responderem e eles logo entram no veículo e se ajeitam pra dormir por mais alguns minutos ou horas, o que é bom, me dá tempo suficiente pra me acalmar.

- Nance, tenta não bater o carro e se for ouvir muda põe baixinho, eu ainda tô com sono. - E com a voz mais manhosa do mundo ela vai pedindo enquanto senta e bota o cinto de segurança.

- Ok.

Entro no carro e começo a dirigir saindo dali e checando meu gps para achar a estrada de novo e a rota. O percurso começa num silêncio confortável conforme o sol vai nascendo mas logo abro a boca e vou falando mesmo que talvez ninguém me escute.

- Então... Ontem você me beijou e eu não consegui pensar em outra coisa. Foi a primeira vez que beijei uma menina desde que me entendi como bissexual e no começo tive medo mas depois queria que você passasse mais tempo me abraçando e me prendendo na parede. Espero que tenha gostado tanto quanto eu mas acontece que o pessoal da faculdade me mandou email e vou precisar ir mais cedo, então... Não sei se volto a ver você... Mas queria que soubesse.

- Uhum.

Acho que nem acordada ela estava mas pelo menos eu disse tudo que tinha pra dizer. Depois eu podia falar de novo por mensagem quando estivesse em casa e com a vida ajustada novamente. Todos estavam embolados de forma torta mas cochilando ou de fato dormindo mesmo, era só eu e a estrada de pé.

Em um voto de silêncio o rádio permanece desligado mas minha voz balbucia baixinho uma música qualquer, mais precisamente Heaven knows i'm miserable now, e nesse ritmo vou dirigindo durante um longo percurso até eventualmente parar num posto de gasolina ou algo do tipo.

Parece até cômico pensar que logo após beijar uma menina a minha vida decide me puxar de volta para o teto dos meus pais e vida limitada. Acho que odeio minha vida. Acho que odeio tudo que não se pareça com uma noite de filmes com Steve e Eddie ou uma garrafa de cerveja depois de um show. Acho que já estou odiando a sensação de ver diversas pessoas e nenhuma ser esse grupo de doidos no mesmo carro que eu.

Moss • RonanceOnde histórias criam vida. Descubra agora