É pique, é pique É pique, é pique, é pique

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Fingindo ser a esposa, Gabriel Barbosa abriu a porta principal da casa e adentrou, analisando toda a decoração daquele ponto de vista para se certificar de que havia feito tudo certo. Abaixou a cabeça, analisando o chão coberto por pétalas de rosas brancas e vermelhas e fazendo uma careta ao imaginar que depois teria que limpar tudo, mas ignorando e seguindo com a observação, passando do chão para a mesa de centro arrumada com a melhor toalha de mesa que ele encontrou no armário da cozinha, onde o jantar especial estava devidamente posto, e depois olhando as almofadas posicionadas nas duas pontas da mesa, marcando os lugares que eles se sentariam.

Terminou de entrar em casa e fechou a porta atrás de si, mordendo o lábio e olhando para toda a sala de estar, se perguntando se aquela luz baixa era romântico o suficiente ou ele deveria acender algumas velas. Antes que chegasse a uma conclusão, escutou o barulho do carro de Ana Clara e arregalou seus olhos, correndo para perto da mesa e parando ali como uma estátua.

Ouviu atentamente todos os barulhos vindo do lado de fora da residência. A batida da porta do veículo, os passos com o salto que ele jogaria fora qualquer dia daqueles, porque só a machucava e ela insistia em usar, e, por último, o som da maçaneta da porta girando.

— Eu odeio esse sapato! — Foi a primeira coisa que Clara disse, retirando os saltos dos pés e jogando com raiva no chão, arregalando levemente os olhos em surpresa ao ver as pétalas. — Uau. — Falou pausadamente.

Gabriel colocou o melhor sorriso dele no rosto ao observar a expressão de surpresa no rosto dela e assistiu a esposa levantar a cabeça e olhar ao redor, até parar nele.

— Oi! — Falou animado.

— Oi. — Murmurou Ana Clara, perdida. — O que é tudo isso? — Perguntou, colocando a bolsa no chão e equilibrando o buquê e a caixa de bombons no outro braço, fechando a porta atrás dela e se aproximando do meio da sala de estar, onde o marido estava.

— Nosso jantar especial. — Respondeu.

A mulher levantou as sobrancelhas.

— Jantar especial? — Repetiu.

— Sim, porque hoje é um dia especial. — Falou e pegou cuidadosamente as coisas que ela segurava, indo deixar sobre um dos sofás. Ana sorriu. — Você quem disse. — Completou Gabi, fazendo o sorriso da mulher morrer no mesmo instante.

— Ah. — Sussurrou desanimada. — E você fez tudo isso porque eu disse que hoje era um dia especial?

Esperava que ele dissesse que se lembrou do seu aniversário. Que aquela era a sua surpresa. Que agora os dois iriam comemorar e o dia faria mais sentido... mas não foi o que aconteceu.

— E por que mais eu faria? — Retrucou Gabriel.

Ana piscou uma. Duas. Três vezes. E, na quarta, seus olhos já estavam marejados.

— Entendi. — Sussurrou triste. — Vou tomar um banho. — Completou quase chorando e virou as costas, caminhando no automático até o pé da escada.

Gabriel riu.

Seu coração não aguentaria nem por mais um minuto ver a carinha de desapontada da esposa, com os olhos cheios de lágrimas e a pontinha do nariz vermelha por segurar o choro. Ele se aproximou, passando os braços pela cintura dela e a abraçando por atrás.

Nesta data querida ━━ Gabriel Barbosa Onde histórias criam vida. Descubra agora