18. Gestos

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trilha sonora: ouvi muito simplesmente ela (que é a música que a Catra está ouvindo no carro) enquanto escrevia. eu não faço as regras. vou adicionar essa a playlist do youtube.

[...]

— Não acredito que você tá realmente me deixando tocar nele! — Adora guincha, animada, passando as mãos sobre o volante quase em reverência.

— Não sei porque você tá tão feliz, já te deixei tocar em coisa muito melhor — provoco.

A loira vira a cabeça devagar, me encarando. Lindos olhos azuis cristalinos me observando daquela maneira que faz algo dentro do meu peito ser puxado. Eu ainda quero beijá-la, porque ela é tão linda, mas ao invés disso, me endireito no banco do passageiro, tentando agir naturalmente.

— Você vai dirigir ou...?

Adora sorri de lado.

— Você ama fazer isso, não é? — ela arqueia uma sobrancelha.

Não preciso de contexto para saber ao que ela se refere e de repente meu sorriso está espelhando o seu. Reviro os olhos e olho para frente, contemplando a estrada.

Adora desiste de uma resposta e começa a ligar o carro.

[...]

Assim que o automóvel está na estrada, começo a mexer no som, colocando uma música animada, meus pés se movendo no ritmo da batida. Estamos em silêncio, contudo está longe de ser desconfortável, muito pelo contrário. É bom. Me faz sentir segura. Livre; sentada ao lado dessa bela garota que também parece sentir a mesma sensação que eu. E quando estou olhando para ela, nossos olhares se cruzam rapidamente e a mesma sorri para mim como se eu fosse a única pessoa do mundo que ela realmente desejasse estar perto agora, e meu peito incha tanto que eu penso que ele pode explodir enquanto sinto um sorriso ínfimo e incontrolável puxar meus lábios.

— Sabe — começo, tentando aliviar o turbilhão de emoções dentro de mim —, você parece bem confiante pra alguém que tá arriscando um único encontro.

O sorriso de Adora fica mais confiante.

— Isso é porque eu tenho certeza que você vai gostar — afirma, convencida.

Bufo, sentindo vontade de sorrir ainda mais. Nunca fui do tipo que sorri muito sem ser de forma sarcástica, mas parece que estou me tornando.

— Bom, pra sua sorte, não é como se eu tivesse tido ótimos encontros ao longo da vida.

Adora franze a testa, olhos na estrada.

— Sério? — ela parece genuinamente chocada. Me pergunto o porquê. Durante boa parte da minha vida as pessoas só me trataram como se eu fosse descartável.

Eu meio que esperava que Adora também fizesse isso.

— A primeira garota que eu considerei ter algo sério, no nosso primeiro encontro, me levou num show de uma banda que só ela gostava e no final ainda queria que fizéssemos sexo no banheiro público. — Forço uma risada para tentar parecer que é uma história da qual eu acho graça e não algo que me traumatizou para o resto da vida.

Não sei porquê decidi compartilhar isso com ela. Talvez eu só queira que Adora saiba desses fatos para avisá-la indiretamente o tipo de coisa que eu não tolero.

Ou... talvez eu só confie nela e acredite que ela nunca faria esse tipo de coisa comigo.

— Meu deus, Catra-

— Eu sei. — Faço um gesto com a mão que quer dizer que estou descartando o assunto. ­— E esse nem é o pior deles.

Pensar no dia em que Milo foi concebido ainda me causa calafrios.

Você é tudo o que eu quero (Catradora +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora