27. É aqui que começa

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Eu estou apaixonada por você, Catra.

A frase me atinge como um tapa na cara. A raiva que sentia antes desaparece tão rápido quanto veio, e no lugar dela, a surpresa se instala.

Paro de tentar soltar meu braço do seu aperto e viro-me completamente em sua direção, travando nossos olhares.

Poderia ser a verdade o contrário de tudo aquilo que eu pensava? Que ao invés de Adora estar chorando por ter nojo de mim, ela estava chorando porque...

Meu coração bate tão forte que consigo ouvir ele ecoando nos meus ouvidos. Tento pensar em algo inteligente para responder. Tento apenas responder, mas minha mente parece estar flutuando para longe daqui como bolhas de sabão que se desmancham no ar.

Essa mulher. Essa mulher linda e gentil e engraçada e sexy. Essa mulher que consegue carregar meu coração na palma da mão. Como poderia ser real?

— Eu sei que posso ser demais às vezes... — Adora continua, a falha em sua voz um indicativo do esforço que ela parece estar fazendo para dizer essas palavras. — Mas eu não queria que você-

— Você não é — me apresso em dizer, e agora são seus olhos que estão arregalados em surpresa. — Você é incrível — sai antes que eu possa pensar. — Você é mais do que qualquer pessoa poderia sonhar. — E só para esclarecer, — Não estou com raiva.

Adora solta uma risadinha molhada.

— Mas?

— Não tem mas.

Catra... — Suas lágrimas voltam a escorrer.

Aproximo-me, segurando seu rosto em minhas mãos. Com os polegares, tento limpar suas lágrimas.

— Por favor, linda, pare de chorar. Me deixa triste.

Me desola. Não quero ser a causa de nenhuma de suas lágrimas, mesmo que não saiba muito bem como é que posso evitar isso.

— Não consigo. — Suas mãos repousam nos meus quadris.

— Não precisa ter medo — sussurro. E é verdade. — Estou aqui com você. Não vou embora.

Adora tenta desviar o olhar. Um alerta vermelho acende na minha cabeça.

— O que foi?

— Não é nada — ela sorri. Quase funciona. — Tô feliz por ainda estar aqui. — Quase.

Levanto seu queixo para que seus olhos encontrem os meus novamente.

— Me conta — peço.

— Não é nada, é idiota. Por que não vemos comer? — tenta desviar do assunto.

— Você não é idiota, Adora. Desculpa se a forma como eu digo isso faz você se sentir assim. Eu paro se-

— Não faz. — Ela leva a mão direita até a minha segurando o seu rosto e a cobre com a sua. Seu sorriso dessa vez parece genuíno. — Eu prometo.

— Então o que é? — Um segundo se passa sem resposta. — Me conta. Por favor.

— Não precisa responder se não quiser.

— Ok.

Adora respira fundo.

— Catra... Você também sente alguma coisa por mim?

Aquele pânico que eu estava sentindo se aproximar parece escolher esse momento para dar as caras.

— Eu...

— Tudo bem se você não sentir — a loira se apressa em dizer. — Eu não disse isso pra que você-

— Adora — chamo seu nome para arrancá-la de seus devaneios. — Eu não sou muito boa com as palavras, mas-

Você é tudo o que eu quero (Catradora +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora