1. A espetacular Wildcat

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trilha sonora: high enough e dangerous woman

betado por: @SherryDash e Dorapuff

[...]

Olho para trás, onde a fila se estende as minhas costas, e por consequência acabo encarando Glimmer. Por trás de sua maquiagem pesada que evidencia certa experiência — muito parecida com a minha, por sinal — ela tem uma expressão que me diz que é tarde demais para que eu consiga me virar e sair correndo.

Olho de volta para frente e meus olhos passam brevemente pelas letras em neon que dizem "Crimson Waste Club". Tento recorrer a um último recurso ao encarar Bow, a alma mais bondosa que conheço, mas suas feições dizem que ele está tão encurralado quanto eu.

Respiro fundo e solto. Uma pressão familiar presente em meu estômago. 

Você consegue fazer isso, Adora. Nós já superamos tanta coisa. Um clube cheio de mulheres seminuas deveria estar te deixando animada.

A vez de Bow na fila chega. Ele mostra sua identidade, paga, faz algumas perguntas sobre a política de segurança do lugar que Glimmer provavelmente não conseguiu achar no site e passa.

Sinto a mão de Glimmer encostar no meio das minhas costas. O que provavelmente tem a intenção de ser um gesto de encorajamento, mais me parece uma tentativa de evitar minha fuga.

Ajusto meu blazer vermelho-sangue, que é conjunto da minha bermuda, e dou um passo corajosamente à frente.

[...]

A música dentro do clube é ensurdecedora. Eu diria que mal consigo ouvir meus pensamentos, mas estou muito deslumbrada com a decoração do ambiente para cogitar pensar.

O local é maior do que eu esperava, e por incrível que pareça, me passa uma sensação bastante aconchegante. Ele praticamente cintila pela quantidade de coisas que refletem e LEDs, que estão espalhadas em pontos estratégicos.

A paleta de cores varia entre diferentes tons de vermelho, rosa e preto, sendo o vermelho predominante nas paredes, cadeiras e sofás.

Os sofás de três lugares estão por toda parte, tão próximos uns dos outros que me lembram um labirinto. Eles ficam distantes do bar e perto do palco, mas não tão perto quanto as cadeiras de material acolchoado que o circundam.

O palco parece ser o centro de tudo. Ele fica a alguns centímetros do nível do chão e é decorado com espelhos e três barras de pole dance, onde um homem, uma mulher, e uma pessoa que não consigo identificar o gênero performam.

No teto, luzes coloridas que evidenciam que essa é uma noite para comunidade LGBTQIA+, dançam para lá e pra cá, refletindo em tudo e em todos.

Eu nunca estive em um lugar assim antes.

O clube está parcialmente cheio. Consigo encontrar facilmente vários grupos distintos de pessoas e isso me deixa um pouco mais calma. Me identifico com eles. São a minha gente.

Bow vai direto ao bar e eu e Glimmer o seguimos. Nos sentamos. Daqui é possível ver quase perfeitamente o palco, a música parece um pouquinho mais baixa, apesar de eu saber que não está, e garotas seminuas — e algumas, santo Deus, realmente nuas! — passeiam entre nós.

Evito torcer o nariz para isso e olhar diretamente. Afinal, esse é um clube de strippers e o trabalho delas. Nudez é normal e elas provavelmente ganham mais em um mês, do que eu ganho em um ano do meu salário de professora. Mas não consigo deixar de pensar em quantas dessas garotas estão fazendo isso porque suas situações as obrigam.

Você é tudo o que eu quero (Catradora +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora