Deathly Lovers

S e t e

Tendo terminado o serviço, os dois seguiram para o salão principal para jantarem, em um silêncio constrangedor. Aquele nó nos pensamentos de Hermione apenas ficou mais confuso e apertado, ela não conseguia entender Draco Malfoy. Ela, a melhor aluna em Estudo das Runas Antigas, uma das melhores em Poções, a garota que já sabia ler aos quatro anos de idade, não entendia Draco Malfoy. Isso pelo fato de que, durante toda a sua vida, ela o considerou um idiota completo, mas, agora, ele parecia... Diferente. Tratando-a melhor, mas ao mesmo tempo sendo... Draco Malfoy.
Ao chegarem no Salão, cada um deles foi para um extremo do lugar, para a mesa de sua própria Casa. Hermione se sentou entre Harry e Neville, mesmo que Rony tivesse ido para o lado para que ela se sentasse perto dele. Ela sabia que estava sendo muito infantil ao ignorar Rony, mas, às vezes, parecia que ele não a via como uma garota, com sentimentos, e que sentia ciúmes dele, mas sim, como mais um garoto que emprestava o dever de casa para que ele copiasse as respostas. Hermione sentiu um pequeno aperto no peito quando viu a expressão de tristeza que surgiu na face do ruivo, mas ignorou-o e começou a comer vorazmente, já que ela não comia nada desde o café da manhã.
--- Então, como foi o dia de vocês? -- ela perguntou.
--- Passamos o dia todo perto do lago. Foi chato estar lá sem você. -- Rony respondeu antes de Harry, que apenas olhou do amigo para Hermione, como se confirmasse o que Rony havia dito.
--- E você? Como foi ficar a tarde toda com um filho de Comensal? -- Neville perguntou para participar da conversa.
--- Ele não me incomodou muito. Foi até legal. -- Nesse momento, os três garotos e Gina, que estava com as amigas do quinto ano, a encararam, e a ruiva sussurrou um "mais tarde quero detalhes" que fez Hermione dar um sorrisinho. -- Ficamos na biblioteca catalogando livros. Harry, me mostre aquele livro de Poções que você pegou?
--- Ele não está comigo agora. Depois do jantar você vê. Por que você o quer?
--- É porque, enquanto trabalhava, eu encontrei alguns livros e tenho quase certeza de que o seu novo livro, que você vai devolver, -- ela deu ênfase no verbo para garantir que o amigo percebesse que não era seguro ficar com o livro usado. -- pertenceu a Amélia Prince, mesmo que ela seja uma sangue puro.
--- Acho que não. O Príncipe Mestiço com certeza era homem e um meio sangue. -- Rony entrou na conversa.
--- Por que não poderia ser uma mulher? Vocês são tão machistas!
--- Não é isso! -- o ruivo corrigiu. -- É só que, se fosse uma garota, seria Princesa Mestiça, e não Príncipe. Entende que há diferença?
--- De um jeito ou de outro, não é certo o que eu disse sobre Amélia, preciso pesquisar mais. Eu vou fescobrir o dono desse livro. E você, -- ela olhou feio para Harry. -- vai devolvê-lo para a sala do professor Slughorn assim que o seu novo chegar. Entendeu?
--- Mas eu estou ficando bom em Poções pela primeira vez na vida! -- Harry fechou a cara.
--- Não, você continua sendo você, só que agora, virou seguidor de um livrinho velho cheio de rabiscos.
--- Acho que você está com inveja por eu ter ganhado a Felix felicis e você não. Aprenda a perder. -- Harry disse sem paciência, mas percebeu o que disse e tentou corrigir, porém, tarde demais. -- Eu...
--- Não, Harry. Talvez você esteja certo e eu esteja com inveja. Mesmo assim, me desculpe por me preocupar com você ao ponto de passar a tarde na biblioteca procurando saber se você está seguro, se há magia das trevas nessa coisa, ao invés de ajudar o Malfoy a arrumar os livros... Eu prometo que não vou mais me preocupar com sua segurança.
Dito isso, ela se levantou e saiu do recinto pisando forte no chão. Inveja? Ela? E se estivesse mesmo, qual o problema? Em sua mente, tudo o que ela estava fazendo era proteger Harry. Ele não precisava ter sido tão rude com ela. Harry sabia dos sentimentos de Hermione por Rony, era um ótimo conselheiro, amigo e confidente, mas, depois do quarto ano, ele começou a ficar convencido.
Ela se sentou com as costas apoiadas em uma parede perto das escadas e bufou para não chorar. Ela era forte, não poderia chorar por uma discussão qualquer com Harry.
Passos ecoaram nas pedras do corredor e a garota se encolheu, não queria ser vista vulnerável e queria ficar sozinha. Falhou. Em menos de meio minuto, uma confusão de cabelos vermelhos e um suéter cor de tijolo sentaram-se ao seu lado, suspirando.
--- Harry pediu desculpas. -- Rony disse calmo. -- E eu também peço. Fui um tolo ao dizer que o Príncipe só poderia ser um homem. Céus, eu subestimei as mulheres, sendo que a pessoa mais legal e inteligente que eu conheço é uma garota.
Ela apenas ficou calada. Ele a achava legal?
--- Eu... Queria saber o motivo pelo qual você não fala comigo. Está me ignorando desde terça. -- ele continuou. -- Hermione, por favor...
A frase ficou no ar por um tempo, Hermione digeria cada letra mentalmente e, só quando se deu por satisfeita com as palavras do rapaz, foi que ela o olhou diretamente.
--- Está tudo bem. -- Foi tudo o que ela disse. Rony a olhou surpreso por ela, depois de quatro dias sem dirigí-lo o olhar, ter dito algo. -- Fui infantil. Você me perdoa?
--- Só se você me perdoar. -- ele sorriu brincalhão, mas, depois, o sorriso se foi, a piada se foi e só restou a seriedade.
Foi nesse jeito sério e atento, que seus rostos se aproximaram, seus olhares refletindo a alma um do outro, as mãos se uniram, o espaço diminuiu e o ar esquentou, e, por fim, seus lábios se juntaram calmamente.
Foi a realização de um sonho para Hermione. Ela o queria desde o segundo ano, e, agora, ela estava tendo a melhor experiência de sua vida. Ela tinha Rony colado a ela, e faria tudo para que aquilo durasse o máximo.

Após acabar de jantar em seu silêncio já comum, Draco deixou Pansy e os seus dois seguidores imbecis, Crabbe e Goyle, no salão, pois era sua chance de encontrar o maldito armário que poderia salvar seu pai da morte. Ele talvez tivesse conseguido encontrar o armário sumidouro naquela noite. Talvez tivesse conseguido ao menos chegar ao o terceiro andar. Talvez. Se não tivesse paralisado no segundo que ia virar no corredor para subir a escada ao ver a pior cena que poderia imaginar. Para ver o traidor de sangue Weasley beijando uma garota. Ele poderia ter dito alguma provocação e visto o semblante do rapaz ficar vermelho como seus cabelos, poderia ter rido, chamado seus colegas da Sonserina, se a garota que Weasley beijava não fosse... Hermione Granger.