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Separados pela falta de ar, Rony e Hermione se encararam com os olhos brilhando.
--- Meu Merlin! -- Rony exclamou ofegante. -- Esse foi o melhor beijo da minha vida!
--- Sempre o tom de surpresa... -- Hermione revirou os olhos sorrindo.
O garoto se levantou e pegou a mão dela para ajudá-la. Hermione não pôde deixar de lembrar de Draco no dia que ele a assustou no corredor.
"Não acredito que você acabou de beijar Ronald Arthur Weasley, o garoto que você é apaixonada desde o segundo ano, e está pensando no Malfoy!"
Uma vozinha no fundo da mente da garota repreendeu-a. Ela deu razão a essa voz e pegou a mão de Rony, sorrindo brevemente e os dois seguiram pelos corredores até entrarem na Sala Comunal da Grifinória.

Ele não acreditava no que tinha visto. Era algo que ele não poderia acreditar, mas aquilo realmente aconteceu.
Draco só saiu detrás da armadura onde foi seu esconderijo durante aquela cena que ele teve o azar de presenciar, quando garantiu que o casalzinho já havia ído embora dali. E pensar que, uma hora antes de ver aquele beijo, ele tinha achado que poderia ter uma chance com Hermione. Ele deveria saber que ela nunca iria preferir alguém que apenas a insultou durante seis anos a um pobretão que a dava carinho e atenção.
Ainda em choque, ele começou a subir as escadas. Não sabia para onde seus pés o estavam levando, apenas não conseguia controlar suas escolhas, aquilo parecia o efeito da maldição Imperius, mas quem poderia estar controlando-o? Foi então que ele parou. A Marca Negra ardia fracamente em seu antebraço e havia uma porta na sua frente. Ele virou de costas e lá estava a tapeçaria ridícula. Ele se encontrava em frente à Sala Precisa. O rapaz abriu a porta com calma e, pela primeira vez desde que virou um Comensal da Morte, entrou na Sala.
Era uma bagunça sem fim, o lugar era cheio de pó, aranhas e objetos abandonados ali por alunos. Draco caminhou entorpecido pelos montes de tralha até chegar na frente de um armário velho com uma estatueta que usava uma peruca horrível sobre ele. O loiro conhecia aquele armário, pois vira um igual na Borgin & Burkes. O Armário Sumidouro. Ele começou a trabalhar, com o que antes era tristeza se transformando em raiva. Raiva de Weasley, raiva de Hermione, mas, principalmente, raiva de si mesmo por ter sido tão tolo com a garota mais bela do universo.

--- E então, -- Harry perguntou a Rony no segundo que Hermione voltou para o Salão Principal para buscar um livro que ela esqueceu lá. -- falou com ela?
--- O que? -- Rony foi tirado dos seus devaneios. -- Ah... Eu falei, mas ela quer um pedido de desculpas vindo diretamente de você.
--- Eu me desculparia com ela se ela olhasse para mim. Ela nunca foi de se zangar por tão pouco... -- o moreno se sentou em uma cadeira próxima à lareira.
--- Mas você não deveria ter dito aquilo... EI! -- ele se interrompeu para acabar com a brincadeira de três primeiranistas que haviam conseguido uma fada mordente, a qual Rony prendeu em uma caixa antes de sentar-se novamente. -- Ela só está preocupada. Lembra de quando você ganhou a Firebolt do...
Rony parou de falar ao perceber que a expressão do amigo passou para triste pela perda do seu padrinho.
-- Desculpe. -- ele completou.
--- Tudo bem... -- os dois ficaram em silêncio por um tempo até que Harry voltou a falar, mudando bruscamente de assunto. -- Eu... Recebi uma mensagem de Dumbledore.
--- Sério? O que ele queria?
--- Depois que voltarmos de Hogsmeade, vou para a sala dele. Acho que ele quer falar comigo sobre Vold...
--- Você Sabe Quem. -- Rony completou para não ter que ouvir aquele nome.
--- Como queira. -- o moreno revirou os olhos.
--- Rony! -- uma voz aguda chamou fazendo Rony bufar e Harry segurar o riso.
--- Oi Lilá. O que quer? -- o ruivo perguntou quando ela chegou ao seu lado.
--- Eu queria saber se ainda vamos juntos à Hogsmeade.
--- Ah! -- Rony corou por ter esquecido que a garota o tinha convidado. -- É claro que sim! Não perderia por nada...
Ele parou de falar no segundo que viu um vulto de cabelos castanhos paralisado perto do buraco do retrato, segurando um livro de Runas Antigas.
Hermione segurava o choro. Ela não podia acreditar no que ouviu. Ele tinha acabado de beijá-la! Não bastava ter discutido com Harry? Teria que aguentar ter sido só mais uma também?
--- Mione! -- o ruivo disse se levantando de um salto. Ele iria falar com ela.
Talvez ele fosse dizer que não era o que ela estava pensando... Mas eles não tinham nenhum tipo de compromisso para ele dizer algo assim.
Seu olhar não desviava do dela e a única coisa que ele espelhava era... Pena. A única coisa que Hermione não suportava que sentissem por ela era pena. Foi nesse momento que sua armadura de autocontrole caiu. Ela olhou para o garoto em sua frente com raiva, com ódio, e então, arremessou seu livro com força, fazendo-o voar até a cabeça de Ronald Weasley. Depois disso, quando a interjeição de dor escapou dos lábios dele e se fez ouvida por todos os presentes, as lágrimas começaram a cair dos olhos de Hermione, cansadas de esperar. As pessoas começaram a rir. Ela não sabia se riam da expressão confusa e dolorida de Rony, ou de suas lágrimas que rolavam pelo rosto. Ela foi uma tola ao cair nos encantos de Weasley.
E ela se pôs a correr. Correu para longe de Harry, longe de Rony, longe da Grifinória.
Quando se viu totalmente sozinha, se deixou cair no chão, deitada. Seus soluços ecoavam pelas paredes de pedra e os pensamentos a xingavam internamente, mas ela não sabia o que mais poderia ter feito naquela hora, ficou totalmente fora de si.
--- Granger? -- uma voz fria e calma perguntou assustando a menina.
--- Malfoy!

Deathly LoversOnde histórias criam vida. Descubra agora