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Draco encarava a Marca Negra recém tatuada em seu antebraço esquerdo. Ela ardia muito ainda, mas ele sabia que, sendo um Comensal da Morte, deveria se acostumar com a dor. Sentir dor. Os outros seguidores do Lorde das Trevas asseguraram que, após se juntar a eles, ele nunca mais sentiria aquilo, apenas a provocaria. Mas, mesmo assim, ele se sentia o mesmo de antes. Ainda sentia um pequeno aperto no coração quando via uma certa Sangue-Ruim chamada Hermione Granger. Sentia então, seu mundo desabar quando percebia que a garota não sentia absolutamente nada além de ódio por ele. Ele concordava que havia sido um idiota com ela durante aqueles seis anos, mas era tudo porque ele tinha um nome a zelar. Malfoy. Uma das poucas famílias de Sangue Puro existentes ainda. Uma das únicas que sobreviveria após o domínio completo do Lorde das Trevas. Mas, se ele tivesse que escolher entre uma vida sem Granger e uma morte dolorosa para tê-la apenas para si, ele com certeza escolheria morrer.
Ele se já tinha se revirado na cama várias vezes sem conseguir dormir, a agonia no antebraço era muito grande. Acabou por se levantar, colocar roupas comuns e sair para a Sala da Sonserina. A luz esverdeada proveniente do lago acima de sua cabeça dava uma leve sensação de frio ao lugar, mas isso não importava para o loiro. Ele tinha uma missão. Se falhasse, seus pais pagariam por isso, precisava conseguir. Ele precisava encontrar o armário sumidouro achar um jeito de conseguir que os outros Comensais passassem por ele. Matar Alvo Dumbledore. Exterminar os trouxas e os... Nascidos trouxas. Hermione era uma nascida trouxa, porém, talvez, apenas talvez, pudesse pedir ao Lorde para ter piedade dela, isso se conseguisse cumprir sua missão sem falhas. Mas, se matasse Dumbledore, talvez ela fosse odiá-lo mais ainda. Qual seria o sentido de salvar alguém que o odeia?
Mas você a ama. -- uma voz disse no fundo de sua mente.
Ele gostava da Granger desde o terceiro ano, depois daquele soco que ela o deu. Loucura, mas não mais do que um sangue puro como ele gostando de uma Sangue-Ruim como ela.
Draco olhou para as portas dos dormitórios, para garantir que ninguém estava vindo e então saiu para os corredores em direção à Sala Precisa. Iria começar sua missão.
Ele andou por muitos corredores e subiu tantas escadas que seus pés imploravam por descanso, mas ele não podia parar. Não quando o Lorde das Trevas o havia mandado fazer aquilo. Não quando a vida de seu pai estava em jogo. E foi então que ele a viu. O rosto cansado marcado pelas sombras causadas pela iluminação da varinha. Ela ainda não o tinha visto, mas seus passos deviam ter ecoado pelas paredes de pedra, pois ela apressou o passo sussurrando:
--- Nox!
--- Para uma monitora, até que você não está cumprindo as normas, não é, Granger? -- o garoto loiro sussurrou assim que chegou bem próximo dela, fazendo-a dar um pequeno salto assustada.
--- Malfoy! -- ofegou, logo recompondo a pose de sabe-tudo. -- A diferença é que eu estava na biblioteca. E você? Andando pelos corredores as três da manhã? Qual seria o motivo?
--- Não te interessa o que faço de madrugada. Mas acho que você bem que queria fazer parte dos meus programas noturnos, não? -- sorriu malicioso pegando a varinha. -- Lummus.
--- Eu jamais, repito, jamais iria querer algo com você, Malfoy.
--- Jamais é uma daquelas palavras muito pequenas, porém com um significado muito maior do que podemos imaginar. Está ciente disso, não é?
--- Se não estivesse, não teria dito. -- sorriu docemente daquele jeito que fazia Draco se sentir no céu. -- Agora, podemos simplesmente dedurar um ao outro para os professores, ou, podemos ficar de bico calado e voltarmos para nossas Casas.
--- Mas aí não haveria nenhuma emoção, Sangue-Ruim. -- riu esnobe.
--- Já que é assim...
Um estrondo se fez ouvido seguido dos gritos altos e esganiçados de Pirraça.
--- ALUNOS NO CORREDOR! ALUNOS BEM AQUI NO CORREDOR!
--- Droga! -- os dois bufaram e se poram a correr, cada um para um lado.
Hermione, após subir dois lances de escadas correndo em direção à torre da sua Casa, parou atrás de uma tapeçaria e se deixou escorregar pela parede, totalmente sem ar. Havia um arrepio insistente qu subia e descia por sua coluna e parava em um ponto exato do seu pescoço. Exatamente onde o sopro de uma voz fria e esnobe de um certo rapaz de cabelos loiros havia tocado pouco tempo atrás.

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