O n z e

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--- O que você vai dar de Natal ao Rony? -- Hermione perguntou a Harry enquanto ambos se dirigiam à sala de Poções.
--- Achei que não estivesse falando com ele. -- o garoto a encarou e ela deu de ombros.
--- Alguma hora eu teria que parar com essa infantilidade. Mas me diga, o que você vai dar?
--- Não sei ainda. Talvez um livro dos Chudley Canions.
--- É uma ideia boa, eu queria ter pensado nisso. -- frustrou-se a menina.
--- Você sempre tem as ideias excelentes, deixe que os outros também tenham algumas. -- Harry riu e passou o braço ao redor dos ombros da amiga, seguindo daquela maneira até a sala do professor Slughorn.
O curso de Poções havia se tornado mais difícil e a quantidade de alunos diminuiu drasticamente, pois, como se pôde perceber, alguns examinadores do Ministério haviam sido mais piedosos do que deveriam com os aprendizes durante os NOMs. Mesmo assim, como Rony, Draco continuava lá, sem seus típicos seguidores, Crabbe, Goyle e Parkinson, claro, já que todos tinham o intelecto de uma mosca.
Slughorn havia criado o "Clube do Slug", no qual apenas os alunos mais promissores estavam, e, obviamente, Hermione estava entre eles, mas Harry também estava, mesmo tendo jurado que havia devolvido o livro do Príncipe Mestiço, e aquilo não parecia correto na mente da garota, mas nem mesmo essa desconfiança a impedia de permitir Harry de abraçá-la da maneira como estava abraçando.
--- Potter e Granger! -- o professor encarou os jovens no segundo em que entraram na masmorra. -- Admito que vocês formam um belo casal, mas deixem o fim de semana para namorarem. Ou, quem sabe, reservem a festa de Natal do Clube do Slug para fazê-lo.
Todos os doze outros alunos da Grifinória e da Sonserina alteravam o olhar entre os alunos recém chegados e o professor. Imaginar Harry Potter e Hermione Granger namorando não era muito difícil, mas achar que eles realmente estavam juntos era chocante, porém, saber que os alunos pertencentes ao Clube estavam convidados para uma festa de Natal particular também era interessante para todos, tanto pela expectativa de convidar um par, quanto pela de ser convidado, no caso dos alunos não tão dotados. Mas haviam dois alunos que não se importaram com a notícia da festa. Draco e Rony encaravam com raiva o suposto casal, agora constrangido, que se sentava em uma das mesas duplas e separava seus materiais, ouvindo o que Horácio Slughorn dizia sobre a já mencionada festa.

--- Então quer dizer -- Draco sussurrou por trás de um livro antigo o qual ele estava lendo. -- que a senhorita Sabe-Tudo Granger está namorando o Cicatriz?
--- Não o chame assim! -- Hermione repreendeu dando um tapa leve no braço dele. -- E não, eu e Harry não estamos juntos. Ele é praticamente um irmão para mim.
Ela podia não saber, mas, no segundo que Draco ouviu aquelas palavras, uma onda de alívio o percorreu.
--- Eu quero ver você explicar isso ao Pobret... Weasley. -- o rapaz se corrigiu ao perceber o olhar assassino que a amiga o lançou. -- Ele parecia querer perfurar vocês dois durante a aula, mais ou menos como você estava fazendo agora.
A menina sorriu, voltando a ler logo após aquilo, sendo acompanhada pelo garoto ao seu lado.
A amizade dos dois era daquele jeito, conversas curtas, sorrisos, provocações e muito, muito silêncio, sendo esse silêncio aquilo que envolvia os segredos de ambos, respeitando uma linha que definia o limite de cada um, mas sendo também o mesmo silêncio que fazia com que eles se entendessem tão bem.
Esse mesmo silêncio perdurou por uma hora, cortado apenas por um ronco sonoro vindo da barriga de Draco.
--- Nossa! O que você tem aí? Um rabo-córneo? -- Hermione perguntou rindo alto.
--- SHHHHHHH! -- Madame Pince censurou.
--- Desculpe! -- a garota respondeu baixinho.
--- Estou faminto. Vamos jantar?
--- Você até parece o Rony com essa fome toda. -- a garota brincou, se levantando.
De um mimuto para o outro Draco mudou completamente de expressão, seu sorriso sumiu e um olhar ameaçador e frio o substituiu. Ele tampou a boca de Hermione e a encostou em uma prateleira de livros, falando baixo.
--- Nunca, repito, nunca me compare com o seu amiguinho. Entendeu? Eu não sou nem um pouco parecido com ele.
A garota assentiu assustada e ele a soltou. Por Merlin! Ele era mais forte do que parecia!
--- Você vem? -- ele perguntou, aparentemente mais calmo.
--- V-vou, claro. S-só vou pegar esse livro emprestado. Vá na frente. Até porque, não faria bem se alguém nos visse juntos, não é?
--- Ah... -- o loiro corou coçando a nuca ao lembrar que foi ele quem disse que seria melhor se eles andassem juntos apenas quando não houvesse ninguém por perto. -- Tudo bem, então. Bom jantar.
--- Para você também. -- ela respondeu e ele saiu.
Ainda aturdida pela reação do Malfoy àquela brincadeirinha, Hermione pegou o livro que estava lendo e falou com a bibliotecária para que pudesse levá-lo, se dirigindo diretamente para o Salão Principal ao acabar.
Como era esperado, o salão estava cheio. A menina olhou para a mesa da Grifinória em busca dos seus amigos,  já que estava diposta a voltar a falar com Rony, e, quando os encontrou, olhou para a mesa da Sonserina à procura de Draco. Era um costume deles que, em todas as refeições, antes de comerem, sorrissem um para o outro. Ela o encontrou, mas ele estava ocupado demais para vê-la, quem dirá sorrir, pois seus lábios estavam ocupados beijando Pansy Parkinson vorazmemte.
Uma onda de raiva invadiu a morena, ela já havia sentido aquilo antes, ainda sentia, sempre que via Rony beijar Lilá.
"Eu realmente estou sentindo ciúmes do Malfoy?" Se perguntou dirigindo-se frustrada à mesa de sua Casa, onde um garoto ruivo e uma garota loira também aproveitavam o momento para trocar carícias e beijos.
Dois casais, ciúme duplo. Definitivamente, Hermione havia deixado de ser um pinheiro e se transformado em uma plantinha frágil de sua própria metáfora sobre o inverno.

Deathly LoversOnde histórias criam vida. Descubra agora