Inimigos

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Ocultei a pistola na lateral da cintura, deixando-o ser coberto pelo kefta azul que eu busquei em meu quarto horas antes. A primeira pessoa que encontrei após a saída de Nikolai foi Genya, e ela não pareceu feliz ao mudar a cor de meus cabelos para um ruivo como o dela: ou mesmo a alterar a cor de meus olhos para uma tonalidade mais suave. O recado era claro: aquele era um disfarce que eu não precisava, a não ser que eu estivesse fazendo algo que poderia ser contestado posteriormente. Mas minha amiga não verbalizou isso, ela apenas sussurrou para que eu tomasse cuidado e se juntou a mim e Tolya enquanto eu caminhava até as masmorras na qual meus soldados mantinham o Apparat preso. Me concentrei no sacerdote, certa pelo relato rápido de Tolya de que não haviam encontrado o monge que me entregou a orquídea negra.

"O que ele disse?" questionei, atravessando os corredores.

"Ele pareceu surpreso ao ser arrancado a força de seus aposentos" Genya respondeu por Tolya, me observando com o canto dos olhos.

"Ótimo, não quero que ele tenha muito tempo para preparar respostas" rebati, mantendo a postura confiante. Voltei minha atenção para o sangrador "Quantos e quais monges adentraram o palácio junto ao Apparat?"

"Dezesseis, apenas dez permaneceram aqui depois da cerimônia de casamento. Destes, só quatro correspondem às características descritas por Malyen sobre o homem que quer preso. Todos têm hálibis fortes."

"Eu quero vê-los" afirmei "Os outros..."

"Não tomaram conhecimento do porque os abordamos, fomos criteriosos ao deter os monges" assenti, grata pela competência de Tolya.

"Podemos perguntar porque..." A Safin começou, mas eu a interrompi de imediato. Eu poderia me sentir culpada mais tarde por não fazer da grisha minha maior confidente, naquele momento, precisava me concentrar em coordenar um interrogatório.

"Não. Ainda não, Genya... Eu peço que tenham paciência. Nikolai sabe dos meus motivos, não estou agindo precipitadamente" sibilei baixo, mantendo meu olhar preso à minha frente. "Quantos soldados temos lá embaixo?" perguntei para Tolya.

"Quatro."

"Dispense-os. Não quero testemunhas" engoli em seco e aguardei junto à Genya enquanto Tolya pedia que os guardas deixassem o posto. Ao ver os quatro homens deixarem as masmorras, a Safin mudou novamente a cor de meus cabelos e nós avançamos juntas.

Antes que eu pudesse atravessar a sala até as grades que mantinham o Apparat confinado, Maly se pôs a minha frente. Eu não esperava que o homem que amei estivesse lá, contudo, não era uma surpresa ver que meus amigos acreditavam que o Oretsev era a única pessoa para a qual eu daria ouvidos naquelas circunstâncias. Inspirei fundo e aguardei, mas Malyen não falou comigo, em vez disso, seus olhos se prenderam atrás de mim, onde meus acompanhantes estavam.

"Preciso de cinco minutos" ele disse para Genya e Tolya.

Eu tive vontade de socá-lo por passar por cima de mim como se minhas opiniões não valessem de nada.

Sufocando essa vontade, o segui por um corredor longo e estreito, até que tive a certeza de que mais ninguém poderia nos ouvir. Não adiei o confronto:

"Vai dizer algo?" indaguei, Maly suspirou com cansaço.

"Você está cometendo um erro com o Apparat" sorri de lado e evitei seu rosto, procurando por desenhos feitos pelo mofo nas paredes ao nosso redor.

"Vai mesmo defendê-lo?" debochei com meu coração pesado.

"Vou, até você me dar um motivo para considerá-lo um inimigo" rolei os olhos e cogitei simplesmente dar as costas para o Oretsev. Eu não precisava de sua aprovação, porém, o olhar de Maly sobre mim, me julgando como se eu não passasse de uma garota idiota e me acusando de cometer mais uma estupidez com aquelas ordens, fez meu sangue esquentar e eu tive que agir antes que eu pudesse tomar uma decisão mais prática.

Poder e Ambição - Nikolina • Malina • DarklinaOnde histórias criam vida. Descubra agora