No dia seguinte desse mesmo domingo, Rose desmaiou e tiveram que levar ela as pressas para o hospital, logo que teve um pouco de estabilidade, se recusou em permanecer naquele local, por mais que isso fizesse seus dias se estenderem.
Nem Carol e muito menos Isaías apoiavam a ideia maluca da mulher, ainda sim eles entendiam o seu pedido.
Carol estava passando um período na casa de seus pais, justamente para auxiliar Isaías nos cuidados e principalmente ter mais tempo com sua mãe.
Por esse motivo presenciou todas as visitas que Dayane fizera a sua mãe, e gostou de perceber que a morena distraía a mais velha deixando-a de certa forma mais leve.
Era perceptível que a risada da Rose que deixava a casa harmoniosa, era a força dela que mantinha a "estabilidade" emocional da casa. Carol não saberia o que fazer quando não existisse mais a principal coluna da casa.
Talvez desabasse e ela não iria poder fazer nada.
Certa noite, Rose acordou enjoada e Isaías já se solicitou a socorrer. Carol tinha seu sono cada vez mais leve de acordo com que os dias se passavam, quando esse ocorrido aconteceu que ela também foi tentar ajudar, Rose expulsou-a do quarto. Disse que não gostaria que sua filha a visse naquele estado vulnerável, no ponto de vista de muitos, mas fraco no de Rose. Com obediência Carol assim fez, ficando sentava no pé de um dos degraus da escada. Lá ela pode escutar o choro de sua mãe e suas lamentações do quão cansada estava. Abraçada ao corrimão, Carol também se desabou em lágrimas.
Seus movimentos ficaram lentos a cada dia fazendo com que ela não tivesse forças nem para sair da cama, seu tão valioso jardim ficava cada vez mais abandonado deixando uma sombra se alastrar por toda beleza, algumas flores estavam morrendo e o sol já não nascia da mesma forma.
Em uma manhã de segunda, Rose usou todo o resto de suas forças para se levantar de sua cama sem nenhuma ajuda, o que acabou resultando em vários objetos do seu criado mudo caindo e teria sido a mais velha caso Carol não tivesse chegado a tempo.
Nessa manhã, ela explicou que gostaria de ver o por do sol como todas as outras manhãs de sua vida. Isaías havia saído pra comprar remédios e Rose não parecia com paciência o bastante para espera-lo.
"Quero usar seu batom vermelho". Foi o segundo pedido da mulher, o primeiro foi quase uma ordem, ela precisava ver o por do sol.
Na lentidão que Rose estava, claramente uma caminhada na praia faria Carol se atrasar, mais do que ela já estava. Carol não se importou muito e ligou para o serviço informando que iria faltar.
Carol nunca se esqueceria daquele momento. De ver sua mãe com um largo sorriso enquanto as ondas rasas cobriam seus pés e os primeiros raios solares do dia dizia bom dia beijando seu rosto e o tingindo com seu brilho. A pele queimava assim como os olhos da Carol que conseguiu com muito controle conter as lágrimas.
Dona Rose pareceu feliz, como se a água salgada tivesse curado por um milésimo de segundo sua doença
→→Três dias depois Rose deu seu último suspiro, com Isaías segurando sua mão esquerda e Carol a direita. Três dias que Carol faltara o trabalho pra ter cada segundo com sua mãe, foram os três dias mais evidentes do que estava por vir, e mesmo assim, o escudo que ela tentou criar pra que o impacto não fosse tão grande se quebrou como uma apunhalada bem no meio do seu peito abrindo um enorme e profundo buraco.
Dizem que existe algumas fases do luto, as primeiras com certeza foram as mais dolorosas.
O funeral foi apenas com os familiares, uma tensão obscura rondava cada um que conhecia a doçura de pessoa que era Rose.
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the hate of love
RomanceJá pensou em odiar alguém por amá-la? Já pensou em amar tanto uma pessoa ao ponto de ter que odia-la? Confuso né? mas é possível. Nem sempre dá certo, você sabe porque?...