Capítulo 4 "Dia Ruim"

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Ao entrar na aula de artes eu tive que fazer duas coisas, literalmente mexer com tintas, minha mãe é uma artista, ela pinta e já vendeu muitos quadros em exposições, eu devo ter pegado um pouco disso dela quando comecei a retratar a tigela de frutas que a professora pôs diante de nós.

— Sintam a arte, inspirem fundo e deixe fluir! -disse professora Charlotte.

— Sinto que vou morrer. -Diz Jamal.

— Pinte isso! Sinta e passe para a tela! -ela disse.

Ela deu a volta pela tigela.

— As frutas são um modelo para vocês nesta aula, passem seus sentimentos para a tela no ambiente e nas frutas, e vejamos o que conseguimos sentir ao olhar para seus quadros. -ela disse.

Já havia feito o esboço com o grafite, agora estava pintando e sombreando cada lugar.

— Sinto vida aqui! —a professora exclama atrás de mim me fazendo tomar um susto— belo traço, já fez alguma aula?

— Minha mãe é artista. -digo.

— Que magnífico! Preciso conhecê-la. —ela disse— está ficando muito bom, continue assim.

Ela saiu de perto de mim e foi até Jamal.

— É... Você retratou bem a morte. -ela disse.

Eu me inclino um pouco para o lado, vendo o quadro dele, muitos tons de preto e melancolia, as frutas aparentam algumas estarem saudáveis e outras podres, corroídas pelo negro.

Eu fechei os lábios em uma linha fina, minha mãe me ensinou a saber decifrar certos traços em quadros, e eu acabo sendo um pouco sensitiva demais com as coisas, ao olhar para a pintura de Jamal eu estremeci.

Voltei ao meu lugar, mas percebo que faltou o azul para os mirtilos.

Saio do banquinho e caminho até a mesa de materiais.

Eu observo as tintas com a mão no queixo.

— Pode me passar um pouco do amarelo?

Eu encaro Jamal atrás de mim, o mesmo sorriu.

— Claro. -pego o pequeno tubo de tinta, o entregando.

Quando ele o pega eu não o solto o fazendo me olhar.

— Olha... Se precisar conversar, pode conversar comigo, sei que eu cheguei agora e não deveria me meter nas coisas, mas, sou uma boa ouvinte nas horas vagas. -falo.

— O quadro deixou tão na cara assim? -ele sussurra.

— Não, é que como a minha mãe é pintora eu aprendi com ela a ler traços, e eu sou sensitiva em relação a pinturas, acabo sentindo mais do que vejo. -falo.

Ele assentiu.

— Bem, bonitão, já sabe, se precisar conversar é só falar comigo. -solto a tinta lhe dando um tapinha no ombro.

Ele sorriu de lado.

— Vou lembrar disso, foguinho. -ele disse.

Eu pisquei para ele lhe dando um leve empurrão de quadril e peguei a tinta azul.

Caminho com ele até os cavaletes e franzo o cenho ao ver Chloé se afastar de meu quadro, porém o príncipe continuava ali com um pincel em mãos nela.

— Não devia ter feito isso. -ele encara a loira.

Ela deu de ombros.

— O que está fazendo!? -arregalo os olhos, encarando a minha pintura que estava cheia de rabiscos pretos.

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