CAPÍTULO DOIS| a mortal insolente

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"As vezes podemos escolher o caminho que seguimos

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"As vezes podemos escolher o caminho que seguimos. As vezes nossas escolhas são feitas por nós. E as vezes nos não temos escolha nenhuma." - Neil Gaiman.

Quando Violet abre os olhos novamente, desta vez não acorda na cama de colchão gasto de sempre

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Quando Violet abre os olhos novamente, desta vez não acorda na cama de colchão gasto de sempre. Não há paredes manchadas de infiltração, ou porta-retratos sem rosto perfilando o topo da prateleira. O céu acima de sua cabeça é vasto e está pontilhado por estrelas, e a brisa acaricia sua pele mais uma vez. Como no sonho anterior, ela sente tudo com mais clareza, como se cada pulsar de vida daquela terra falasse consigo, batendo no ritmo do seu coração descompassado.

De braços abertos, ela caminhou a esmo entre as minúsculas flores silvestres que pontilhavam a grama úmida, sentia a ponta macia dos juncos sob a palma das mãos. O lago a frente refletia o céu como um espelho perfeito, imóvel, e a refletiu também quando se aproximou e se inclinou sobre a margem.

Violet não se lembrava da última vez que vira o próprio rosto. Não lembrava da cor dos próprios olhos, ou do formato do queixo, e não sabia se gostava do que via, pois não conseguia lembrar se era parecida com sua mãe. Com o pai, talvez? O rosto de ambos não passava de um borrão, por mais que tentasse forçar sua memória.

- Ainda está aqui?

Em um pulo, Violet se pôs de pé e virou na direção daquela voz que já aprendia a reconhecer tão bem. A poucos metros do lago, Morpheus a observava, sua presença engolindo todo e qualquer resquício de luz natural.

- Se soubesse que vossa majestade estaria aqui, teria me certificado de vestir algo mais apropriado, ou pelo menos um pouco mais elegante - disse ela, contendo um sorriso, e o reverenciou de forma dramática.

Seu vestido era sempre aquele, leve e fresco, de algodão, com mangas bufantes como as de uma camponesa. Estava descalça e com os cabelos desgrenhados, mas isso não a incomodava.

Morpheus espremeu os olhos e inclinou a cabeça, respirou fundo antes de decidir se aproximar.

Cautelosamente, Violet se voltou para o lago e ignorou sua presença enlaçou os dedos nervoso atrás das costas e encarou o reflexo das estrelas. Perguntava-se o que levava o Senhor dos Sonhos a perambular pelo campo de madrugada, talvez ele não precisasse dormir como os mortais.

- Você invade meus jardins - o timbre ameaçador retorna e, por mais que seja suave, faz com que o corpo inteiro de Violet se arrepie -, e ainda assim tem a coragem de me desafiar?

A máscara de indiferença e é substituída por surpresa, dessa vez Violet não consegue esconder. O que agrada Morpheus profundamente, ele não gosta de não entender seus súditos, muito menos em seus domínios.

- Seus jardins?

- De quem mais seriam?

Pela primeira vez, ela se dá conta dos arredores. O jardim é adjacente a uma construção muito maior, cheia de torres, sulcos e estátuas enfeitando os vãos e arcos. Ela está no palácio, logo depois da ponte de pedra. A brisa muda, agora é um pouco mais quente e sufocante. Violet consegue sentir a presença dele a centímetros de suas costas, Morpheus lança sua sombra sobre ela e além na água.

Ela o encara por sobre o ombro.

- Devo pedir perdão... Milorde?

A palavra sai carregada de sarcasmo, Violet não é capaz de perceber o leve tremor nos ombros dele, a forma como tensionaram quando ela se virou e o encontrou muito mais perto do que imaginava. Se ficasse na ponta dos pés, seu nariz resvalaria contra o queixo dele. Podia sentir sua respiração quente. A forma como ele a olhava de cima quase parecia desdém, mas havia ainda uma nota de diversão nas pupilas dilatadas e na intensidade como ele observava cada traço de seu rosto delicado.

- Por que ainda está aqui? - ele tentou novamente. - Eu a mandei de volta para o mundo desperto.

Ela apenas encolheu os ombros e afundou os pés na água do lago, fazendo com que as ondas manchassem feito aquarela. Realmente não sabia, assim como não sabia porque seus dias sempre se repetiam, e assim como também não sabia o que tinha acontecido de diferente para que finalmente mudassem, embora tivesse uma hipótese.

- Estou aqui desde que me lembro. Não aqui, aqui no seu mundo. Todos os dias, sempre os mesmos desde que me lembro.

- A quanto tempo está dormindo?

Outro encolher de ombros e Morpheus agora está agachado ao lado dela na margem. Violet submerge até o nariz e o observa da água, a luz pálida da lua ondula no rosto dele, tão pálido quanto, mas são os olhos. É seu maldito olhar que a deixa hipnotizada, como se para ele, Violet fosse a criatura mais curiosa do mundo.

Embora fosse uma surpresa para ela, o silêncio entre eles não era desconfortável. É claro que, assim como todos os outros, gostaria de ouvir a voz do Senhor dos Sonhos para sempre, mas também não se importava em apenas observá-lo de volta e compartilhar do silêncio. Alguns minutos foram passando até que ele se sentou sobre a relva e tocou a água com a ponta dos dedos esguios. Abaixo dela, como os feixes de uma aurora boreal, as algas do fundo se iluminaram; rosas, roxos, azuis e verdes. Era como assistir uma pintura ganhar vida.

Morpheus, por um breve momento, se pegou pensando no quanto seu sorriso era bonito, quase inocente, como o de uma criança que vê fogos de artifício pela primeira vez. Outro suspiro inflou seu peito e ele chamou a atenção da garota com um pigarro breve.

- Pode ficar aqui, se assim desejar - disse ele -, pelo menos até que eu descubra o que traz aqui.

Violet nadou para perto da margem, o espreitando feito uma sereia travessa, e cruzou os antebraços sobre a margem, usando-os para descansar o queixo. O encarou por baixo dos cílios.

- Por que quer que eu fique depois de me expulsar com seus feitiços?

Morpheus não precisou pensar, sequer sentiu vontade de esconder seus pensamentos e emoções como fazia, apenas seguiu o conselho de sua fiel bibliotecária e fez o que podia para ser sincero.

- Por que você me intriga, Violet Finch, e eu quero entender você.

Eu fiquei extremamente b o i o l a vendo que mesmo sem pretensão essa fanfic teve um bom retorno

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Eu fiquei extremamente b o i o l a vendo que mesmo sem pretensão essa fanfic teve um bom retorno. Não li todos os comentários ainda, mas vou fazer logo que for me deitar, de antemão já agradeço por todos. Obrigado por lerem até aqui 🖤

𝐓𝐑𝐀𝐆𝐀-𝐌𝐄 𝐔𝐌 𝐒𝐎𝐍𝐇𝐎, The SandmanOnde histórias criam vida. Descubra agora