07. A perturbação

8 2 1
                                    

Quando a encontrou no dia seguinte, Elisa ainda não sabia de quem Nono desconfiava. Tinha pensado em aproveitar o descanso diurno de seu Nono para se encontrar com ela, igual já tinha pensado em fazer outra vez. A ideia era conquistar Elisa deixando-a cada vez mais apaixonada para que não desistisse de se casar com ele. Para isso acreditava que alguns encontros apaixonados seriam necessários para mantê-la em suas mãos impedindo o plano de falhar. Como Elisa era romântica acreditava que ela se deixaria envolver por esses, e como ele não era romântico nem imaginou que também ele poderia se deixar levar...

Nesse novo encontro Elisa parecia desvencilhar-se dele e novamente procurou agir com cautela para não afasta-la de vez. Procurava demonstrar interesse no que dizia, para que não desconfiasse de nada. Mas até que era bom conversar com ela, e a conversa acabou sendo bastante frutífera com ele confirmando que realmente Frosina não gostava dele. Achava pena porque gostaria de poder contar com sua ajuda inocente.

Naquela noite, Gustavo estava muito feliz cantarolando em casa, pensando que seu plano ia muito bem. Observava feliz a tio Romão e a Judite sobre a proximidade da mudança para casa de seu Nono e como isso ajudaria nos seus planos. Falava da credulidade de Elisa e de como era fácil engana-la por ser ela muito romântica, acreditando naquilo que Gustavo não achava possível existir: o amor. Ela acreditando nisso, para ele era ainda mais fácil conseguir iludi-la. Ele tinha ficado mesmo impressionado com essa ingenuidade e lhe era fascinante lidar com alguém como ela. Essa conversa provocou tamanha irritação em tio Romão que fez Gustavo querer se explicar com ele. O resultado foi que Gustavo ficou um tanto abalado quando tio Romão lhe recordou a razão de ter ido parar em Monte Santo: a busca por seu pai.

No dia seguinte chegou cedo para trabalhar disposto a mostrar serviço. Assim tão interessado, Nono simpatizaria mais com ele aumentando mais ainda o seu grau de confiança. Neste dia em específico teriam de visitar um inquilino e Nono estava preocupado em deixar Elisa sozinha com a perspectiva do pulador de muros aparecer. Gustavo não via problema, afinal o encontro de Elisa saía com seu Nono. Seu Nono no entanto não sabia o que fazer porque não queria deixar Elisa sozinha, mas não podia deixar de ir e nem deixar Gustavo vigiando. A chegada de Anselmo foi oportuna porque assim o deixaria vigiando Elisa. Gustavo não gostou da ideia. Pensou em dissuadir Nono disso, mas era impossível convencer Nono do contrário. As vezes ter Nono tão cismado não era conveniente. Não via porque Anselmo deveria ficar cuidando de Elisa, mas Nono estava resolvido e ficou satisfeito com a solução.

Gustavo teve um sobressalto quando Elisa apareceu. Ficou olhando para ela e por um instante esqueceu do que se resolvia na sala até Nono explicar a Elisa da sua vigilância. Gustavo um tanto contrafeito em deixar Elisa sozinha com seu Anselmo saiu com seu Nono. Não entendia o porquê de ficar contrariado com essa situação. Bom, fazer o que? Tinha que se voltar ao trabalho. Não podia deixar que esse incômodo atrapalhasse o desenrolar de seu plano.

O lado de GustavoOnde histórias criam vida. Descubra agora