15. A festa do Renato

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A casa dos Correia estava naquele dia se preparando para o evento da noite: o doutor Vinicius, médico da cidade, e a família iam dar uma pequena festa para o filho que voltava a morar com os pais após passar uma temporada fora estudando medicina. O pequeno evento acabou tomando grandes proporções movimentando a pequena cidade de Monte Santo.

Gustavo fora chamado por seu Nono para que o ajudasse a terminar de se arrumar. Seu Nono parecia muito animado com o evento e acabou convidando Gustavo a ir à festa também. Gustavo ficou um tanto sem jeito com o convite, até porque não vinha dos donos da festa, mas acabou se convencendo a ir com as alegações que seu Nono fez, dentre as quais uma era a de vigiar Elisa.

Sua alegria era tanta que desceu as escadas correndo para se arrumar. A primeira coisa que fez no entanto foi contar a notícia a Elisa. Estava muito feliz com a ideia de não só poder ir a uma festa, mas de ir a essa festa com Elisa. Se aborreceu um pouco com Frosina contestando sua ida. Frosina tem sempre que jogar água fria nas ideias dele. Uma implicância! Utilizou dos mesmos argumentos que Nono lhe dera para justificar sua ida para protestar as falas de Frosina. Hoje essas suas provocações não iriam atrapalhar sua felicidade.

Na hora de partir não se ligou muito nos elogios que seu Nono fazia a sua pessoa. Tinha os olhos encantados voltados para Elisa.

Foram uns dos primeiros a chegar ao restaurante local onde seria a festa, mas logo encheu enquanto esperavam o convidado de honra. A maior parte do tempo, Gustavo passou conversando com Elisa e só um instante se distraiu dela, para logo ser lembrado por seu Nono de procurar se informar de onde ela estava e continuar vigiando Elisa. Gustavo não via problema em deixar Elisa sem vigilância, mas Nono temia que o pulador de muros se aproximasse. Essa história ainda rendia na mente de seu Nono e não havia jeito de faze-lo mudar de ideia. Gustavo foi prontamente em busca de Elisa. Não fazia mesmo questão de ficar longe dela. Depois de um tempo procurando, acabou por encontra-la na adega do restaurante. Sorriu satisfeito. Olhando em volta, certificou-se que estavam sozinhos e foi até ela...

Não deixou de brincar com a reclamação de seu Nono de que não a vigiava direito. E também pensou que podiam aproveitar que estavam todos distraídos no salão, inclusive seu Nono com o do colete cor de vinho, para ficarem juntos durante toda a festa, de modo que ficou muito feliz em atender a um pedido dela e tira-la para dançar. Dançar com ela foi sublime. Por ele, não a soltaria mais. E achou que era importante lembrar a ela o quão bom seria quando se casassem, para evitar que ela desistisse.

Durante a dança, por um instante até esqueceu-se de onde estava, até que infelizmente a tia Grace chegou aflita avisando que seu Nono procurava por Elisa. Gustavo nem lembrava que tinha ido procurar Elisa a pedido de seu Nono. Na pressa acabou voltando logo para o salão.

No decorrer da festa, voltou a passar o tempo com Elisa no salão. Felizmente dessa vez, d. Grace parecia disposta a consertar sua interrupção ao sugerir que os dois dançassem juntos. Perfeito: era uma boa desculpa para tirar Elisa para dançar no meio de todos sem levantar suspeitas. E mais uma vez estaria dançando com ela... Uma vez, no casamento da prima Rosemary, tinha sugerido como seria bom dançar com ela. Tinha falado àquilo apenas para tentar conquista-la. Agora, no entanto, era um sonho que se realizava. Mais uma vez não viu o tempo passar completamente envolvido na dança que por ele não precisava acabar nunca. Se sentia imensamente feliz por poder estar ali tão perto de Elisa. Mas a dança acabou por se encerrar com a troca da música.

Gustavo estava contente com esses eventos e considerou a festa melhor do que o esperado. Decidiu não convidar Elisa para outra dança para evitar novas desconfianças.

A festa tinha sido maravilhosa, mas o seu final aguardava um situação desagradável para Gustavo. Nono estava ansioso para partir e saiu à procura de Tomáz deixando Elisa e Gustavo esperando. Foi nessa hora que Anselmo apareceu para tirar Elisa para dançar. Gustavo engoliu a seco. Não gostou da ideia de ter que ver Elisa e seu Anselmo dançarem juntos. Durante a festa tinha sido inventada uma brincadeira onde tiveram que dançar com outros pares, e ele não viu muito problema nisso. Agora, no entanto, não conseguia deixar de ficar contrariado. Sempre que seu Anselmo se aproximava de Elisa sentia essa sensação de desagrado inexplicável. Procurou demonstrar indiferença, mas não via a hora dessa dança terminar. Parecia que não acabaria nunca, mas em um dado momento felizmente acabou. Seu Nono apareceu em pouco tempo depois avisando que Tomáz ficaria e eles finalmente puderam ir embora.

Em casa até queria ficar um tempo a mais conversando com Elisa, mas teve que ir ajudar seu Nono a ir dormir. Gustavo estranhou que seu Nono parecesse abalado com alguma coisa e até dispensou Gustavo bastante aborrecido. Gustavo ficou pensando o que teria havido para perturba-lo tanto. Na manhã seguinte Nono parecia animado outra vez quando Gustavo, mantendo seu plano, foi levar-lhe o café da manhã.

O lado de GustavoOnde histórias criam vida. Descubra agora