23. O acidente

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Àquele dia seu Nono receberia a visita de Mariana para noivar. Já no café da manhã a família comentava o evento enquanto observavam da ausência de seu Nono à mesa, já que agora decidiu só tomar o desjejum na cama, principalmente depois da vinda de Zezinho, o que era bom porque deixava o café da manhã menos tumultuado. Gustavo não gostou da decisão de Tomáz de aproveitar a vinda de Mariana para voltar cedo para casa e tentar conversar com ela. Conhecendo Nono como conhecia, achava que isso poderia resultar em mais outro problema. É claro que Tomáz não o ouviria, então procurou alertar Elisa para que falasse com Tomáz. Mas este parecia decidido.

Mariana veio de tarde. Gustavo preocupado com o que pudesse estar havendo, decidiu sonda-la sobre a razão de ter aceitado esse noivado com seu Nono; enquanto seu Nono atendia um telefonema inoportuno. Mariana parecia meio confusa sem saber muito o que dizer e Nono voltou logo para sala, assim, Gustavo não conseguiu decifrar a razão dessa situação inusitada.

O seu temor acabou tendo algum fundamento quando ao voltar para casa, Tomáz acabou atropelando Elisa. Já a trazia do hospital quando deu a notícia provocando o tumulto usual e a curiosidade dos presentes em casos assim. Apesar disso, seu Nono insistia que Gustavo chamasse o doutor Vinícius.

Dr. Vinicius veio. Se mostrando solícito com seu Nono, Gustavo decidiu voltar ao quarto de Elisa para atender mais uma necessidade. Nessa hora o doutor se preparava para sair e Gustavo bem pensou que podia ficar mais um tempo ali com Elisa, porém seu Nono o incumbiu de procurar Mariana que mais uma vez tinha desaparecido. Parece ser um hábito esse o dela de sumir sempre. Na sua busca, encontrou Frosina que acreditava que ela de fato enlouquecera e que portanto já tinha partido sem avisar. Gustavo não acreditava nisso. Desconfiava que Tomáz pudesse te-la abordado e saiu a sua procura até encontra-los no quintal. De fato viu que Tomáz parecia importuna-la e pensou também que seu Nono pudesse chegar a qualquer momento. Resolveu intervir para liberar Mariana desse aborrecimento. Tomáz era muito descontrolado e suas atitudes poderiam provocar complicações desnecessárias com seu Nono. Essa falta de jeito em lidar com Nono era o que lhe irritava em relação a Tomáz. Por que não conversar com a moça em outra hora?

Tomáz como sempre impaciente não gostou de ser interrompido e partiu para cima dele com socos e pontapés. Gustavo acabou entrando na briga que só findaria com a intervenção de Frosina, que acabou levando um soco de Tomáz acidentalmente.

Aturar Tomáz as vezes era sair do controle. Por que tinha que ser tão inconsequente? Não poderia usar a razão? Tudo partia para briga! E agora queria falar com Gustavo sobre o quê? Gustavo resolveu se dirigir ao quarto de Tomáz disposto a enfrenta-lo e sem temer qualquer conflito que pudesse surgir em relação a seu Nono. Sabia que seu Nono ficaria a seu lado, até porque ele nem poderia saber o motivo da briga. Não era ele, Gustavo, quem contaria. Não havia o que temer. Além do mais, pensava que Tomáz poderia quem sabe entender que Gustavo estava disposto a ajuda-lo. Seria isso possível?

Como o esperado, Tomáz exigia que Gustavo saísse do casarão. Não havia razão para isso. Não temia que Tomáz pudesse fazer alguma coisa para provocar tal saída. Não era interesse de nenhum dos dois. Gustavo não via problema em relação a Tomáz, embora sua impaciência pudesse atrapalhar de alguma forma seu plano.

Mais tarde durante o jantar daquele dia, seu Nono demonstrou desconfiar que tivesse havido uma briga entre eles, mas se mostrava com bom humor fazendo graça com a situação. Também estava muito feliz com a visita de Mariana, o que deixou Tomáz outra vez perturbado. Dessa vez, Gustavo não tirou a razão dele, sendo-lhe internamente solidário.

O dia seguinte aguardava mais um conflito. Dessa vez com Elisa. Mariana tornou a aparecer. Era dia do aniversário de Elisa. Devido ao acidente no dia anterior, a festa promovida por seu Anselmo ficou para o dia seguinte.

Gustavo trabalhava à tarde no escritório lembrando do ocorrido. Naquele dia ainda estava um tanto contrariado procurando focar no seu plano. Tendo oportunidade, não parou de dar razões a mais uma preocupação absurda do seu Nono e assim garantir que nenhum deslize seu pusesse tudo a perder. Pensou que deveria tomar mais cuidado e não se deixar levar pela estupidez de Tomáz. Tinha que se manter centrado, afinal tudo ia tão bem agora com seu Nono tão dependente dele e Elisa...

Foi nesse momento em que a porta do escritório abriu e uma Elisa ferida e mancando entrou. Não era para ela estar ali naquele estado, descendo as escadas. Tinha ocorrido mais um problema com seu Nono.

Gustavo pôs se de pé e foi ao seu encontro, enquanto ela lhe contava o ocorrido. Procurou acalma-la enquanto pensava num modo de se livrar dela. Estava muito ansioso com a perspectiva de seu Nono aparecer e ter que dar mais uma explicação. Não podia deixar o plano desandar agora que faltava tão pouco para conseguir o que queria. Se já não bastasse Tomáz, agora Elisa!

Como não conseguia se desvencilhar, acabou lhe fazendo companhia enquanto a orientava sobre os cuidados que deveria ter para com seu Nono. Agindo assim, se mostrava atencioso e evitava desconfiança; ao mesmo tempo a mantinha longe de si e segura em relação a seu Nono. Mantendo ela longe do seu Nono, evitava mais um conflito que pudesse pôr seu plano a perder.

Frosina apareceu avisando que Nono o procurava para levar Mariana até em casa. Hesitou em se despedir com um beijo na frente de Frosina, mas pensou que dessa vez não ia se afastar de Elisa assim tão depressa, pressionado pela provocação de Frosina.

O caminho até a casa de Mariana foi silencioso, mas ao chegarem Mariana pareceu disposta a conversar questionando-o sobre como lidava com seu Nono, pedindo que não deixasse que ele agredisse Elisa e perguntando quando ele ia assumir seu compromisso com esta e se gostava dela. Gustavo dava respostas curtas, evitando se comprometer. Por que Mariana inventou isso agora? Como insistisse na última pergunta, Gustavo, outra vez incomodado e sem saber por que não conseguia mentir tão simplesmente para Mariana desviou o assunto para a pessoa dela. Pareceu que isso surtiu algum efeito porque a fez sair do carro. No entanto ela parecia disposta a ouvir uma resposta bem clara à sua pergunta. Por que essa cisma do nada? O que Mariana queria? Se ele não gostasse por acaso iria dizer? E por que não podia dizer que gostava e pronto? Mariana não ia saber se mentia ou não. Por que não conseguia falar? Contrariado com esses últimos acontecimentos e com todo esse questionamento de Mariana, Gustavo, já sem muita paciência a ignorou, evitando dar uma resposta conclusiva e partiu. Não queria ficar pensando nessa questão da Mariana. Se gostava ou não da Elisa... Nada podia atrapalhar seu plano!

O lado de GustavoOnde histórias criam vida. Descubra agora